Quinze produtores de vinho do Douro contestam barragem na Unesco

Da Reação
Com Lusa

Douro-Presidente-Grahams-alQuinze produtores de vinho do Douro subscreveram uma carta que foi enviada à UNESCO e na qual manifestam um “profundo desacordo” com a construção da Barragem de Foz Tua e exigem a sua “suspensão imediata”.

Em construção na foz do rio Tua, entre os concelhos de Alijó (Vila Real) e Carrazeda de Ansiães (Bragança), o empreendimento hidroelétrico tem sido contestado por ambientalistas, alguns produtores de vinho ou defensores do caminho-de-ferro, que consideram que não é compatível com a classificação do Alto Douro Vinhateiro (ADV) como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Na carta enviada à UNESCO, divulgada em comunicado, os produtores durienses afirmam que “não há uso que justifique esta construção que apenas vai aumentar os níveis de humidade e, por consequência, a ocorrência de doenças nas vinhas”.

Por outro lado, referem ainda que a “paisagem única do Douro é uma das principais ferramentas de divulgação da região e dos seus vinhos” e que “as barragens estão a transformar negativamente a paisagem da região”.

O documento foi subscrito pela Quinta dos Murças (propriedade do Esporão), Muxagat, Douro Boys (Quinta do Crasto, Quinta do Vallado, Niepoort, Vale Dona Maria, Quinta do Vale Meão), Ramos Pinto, Vinhos Conceito, Quinta do Pessegueiro, Tavadouro Vinhos, Sociedade Agrícola Vale do Tua, Quinta do Monte Xisto, Quinta do Noval Vinhos S.A. e Quinta da Romaneira.

Os viticultores revelam um “profundo desacordo com a construção da barragem” e exigem sua “suspensão imediata”. Trata-se da “15ª barragem hidroelétrica portuguesa construída na bacia hidrográfica do Douro” cuja utilidade os contestatários do empreendimento de Foz Tua põem em causa.

A iniciativa dos produtores durienses está incluída na campanha “Salvar o Tua, Proteger o Douro” lançada pela “Plataforma Salvar o Tua” e que visa sensibilizar a comunidade nacional e internacional para as consequências da construção da barragem hidroelétrica de Foz Tua.

Para além dos produtores de vinho, a campanha conta também com o apoio de outras figuras públicas, como o surfista McNamara que, publicamente, já manifestaram o seu desagrado face ao empreendimento hidroelétrico.

A barragem, concessionada à EDP, começou a ser construída há quase três anos, ficando a conclusão da obra adiada para setembro de 2016 por causa do abrandamento imposto pela UNESCO.

O Comitê do Patrimônio Mundial aprovou no ano passado uma deliberação que compatibiliza o Douro Patrimônio Mundial com a barragem, exigindo, no entanto, medidas de salvaguarda do bem classificado.

Na quarta-feira, em Vila Real, Elizabeth Silva, responsável pelo setor das Ciências na Comissão Nacional da UNESCO, afirmou que estão reunidas todas as condições para manter ADV inscrito como Patrimônio Mundial.

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