Português se torna um dos maiores empresários do Brasil com culinária árabe

Mundo Lusíada
Com Lusa

logo_Brasil-Portugal-bandeiraA culinária árabe ajudou um português a tornar-se um dos maiores empresários da restauração no Brasil, após a criação de um grupo que, atualmente, fatura 2 bilhões de reais (760 milhões de euros) anualmente, disse o seu presidente.

O grupo Alsaraiva, presidido pelo português Alberto Saraiva, nascido em Velosa, em Celorico da Beira, no distrito da Guarda, tem hoje 430 lojas no Brasil e 22 mil funcionários, destacando-se os restaurantes de comida árabe Habib´s.

“A cadeia Habib`s é a maior rede de restaurantes fast food de comida árabe do mundo”, enfatizou Alberto Saraiva.

“Nas nossas lojas, em 2012, passaram 220 milhões de clientes. O nosso produto principal são as esfihas (um petisco da culinária árabe) e nós vendemos 680 milhões de unidades”, declarou Saraiva.

Início na Padaria
Esta trajetória começou quando o pai de Alberto Saraiva partiu rumo ao Brasil em 1953 e, logo depois, com poucos meses de idade, o empresário e a mãe deixaram Portugal para se reunirem ao patriarca da família.

Os Saraiva foram morar no interior do Estado do Paraná – em Santo Antônio da Platina – e, aos 17 anos, o português rumou a São Paulo, onde foi morar com um tio e cumprir o sonho de tornar-se médico.

Os pais seguiram o filho e adquiriram uma padaria para o sustento da família, mas a tragédia abateu-se sobre os Saraiva, pois 19 dias após a aquisição do negócio, o patriarca morreu durante um assalto.

Alberto Saraiva teve de suspender a matrícula no primeiro ano de medicina na Faculdade Santa Casa e assumir o negócio da família.

“A minha vida comercial começou aí. Eu fiquei dois anos nesta padaria e foi lá que aprendi a maioria das coisas que eu sei na minha vida. As verdadeiras lições aparecem quando nós temos dificuldades e passamos por momentos em que temos de nos virar, desistir ou prosseguir com mais força”, declarou.

“Aprendi também a ser padeiro”, recordou, acrescentando que vendia o pão 30% mais barato em relação às outras panificadoras da região e, assim, conseguiu aumentar exponencialmente a sua clientela.

O empresário disse que surgiu, neste momento, a sua filosofia para os negócios, “associar qualidade a preços mesmo muito, muito acessíveis”.

Voltou à faculdade, tornou-se médico e, para sustentar a família neste período em que esteve a estudar, abriu vários negócios e vendeu para obter lucros.

Em 1988, abriu o primeiro restaurante Habib´s com 20 funcionários, no bairro da Lapa, em São Paulo, depois de aprender a confeccionar os vários pratos árabes com um dos seus funcionários.

Após abrir 18 lojas próprias, o empresário começou a implementar o franchising no seu negócio, o que possibilitou a expansão da rede de fast food de comida árabe por todo o Brasil.

“Hoje, 60% dos restaurantes são próprios e 40% são franchising. Nos locais mais distantes de São Paulo são, normalmente, os chamados `master franchising´”, indicou.

Os “master franchising”, explicou Saraiva, são uma espécie de representantes da marca que têm o direito de abrir os restaurantes/lojas na sua região e ainda realizar o franchising a terceiros.

“Uma loja fatura, em média, de 200 mil dólares (153,4 mil euros) a 250 mil dólares (191 mil euros) e dá um resultado de 15% a 20% de lucro por mês”, sublinhou.

Hoje, o grupo Alsaraiva já possui outras duas redes de restaurantes de fast food, uma de comida italiana, chamada Ragazzo, e outra de comida variada, chamada Box30.

Atualmente, as lojas Habib’s integrou ao cardápio petiscos portugueses, como o bolinho de bacalhau e o pastel de nata, que tomou gosto dos brasileiros.

O investimento para obter um franchising das marcas do grupo varia entre 300 mil reais (114 mil euros – Box30) a um milhão e meio de reais (570 mil euros – para as outras lojas).

O grupo de Alberto Saraiva possui também fábricas próprias de laticínios, panificação e sorvetes, além de um contact center, uma agência de viagens, uma agência de publicidade, um escritório de arquitetura, uma consultora de franquias e uma consultora imobiliária, que dão suporte ao grupo e também a outras empresas externas.

Exterior
De acordo com Alberto Saraiva, a sua prioridade é a expansão do grupo no Brasil, onde abrirá cerca de 50 lojas ainda este ano, “aproveitando a boa fase econômica do país”.

O empresário não descartou uma possível internacionalização do grupo, mas sublinhou que precisa de parceiros sólidos nos países estrangeiros para expandir o seu negócio, admitindo a existência de alguns contatos no exterior.

Portugal – com o qual o empresário mantém fortes relações familiares e de afeto – já apresentou interessados nos restaurantes, mas o negócio acabou por não se concretizar, o que não impede que aconteça uma expansão futuramente, revelou Alberto Saraiva.

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