Queiram ou não, Portugal está entre os 4 melhores do mundo

Por Emídio Tavares 

Embora aqueles que não acompanham o futebol no dia a dia (e usam mais da emoção do que da razão para analisar os fatos) teimem em não dar o devido crédito a Luis Felipe Scolari, ele foi sem dúvida alguma, fundamental para que Portugal chegasse as quartas de final da Copa do Mundo.

 João Abreu Miranda/Lusa

Com seu espírito agregador, falando a linguagem do boleiro, mas com mão firme quando necessário, o técnico brasileiro calou a boca de muitos membros da imprensa portuguesa, brasileira também e até de dirigentes lusos, não dando margem a ingerências no seu trabalho.

 

Apoiado incondicionalmente por Gilberto Madail (presidente da FPF), conseguiu agregar o grupo de 23 jogadores portugueses, onde todos se sentiam titulares, irmanados na conquista de vitórias.

 

E foi justamente com este espírito que a equipe entrou em campo neste sábado, e se superou mesmo com as ausências de Deco e Costinha, essenciais ao meio campo português.

 

O jogou começou comedido, sem predomínio de posse de bola para nenhuma das seleções. A Inglaterra foi a primeira equipe a tomar a iniciativa da pressão no ataque, mas rapidamente equilibrada pela seleção portuguesa, com as jogadas armadas por Luis Figo e Cristiano Ronaldo.

 

Com 30 minutos de jogo, a partida caiu um pouco de rendimento e as equipes passaram a se estudar mais, sem muita ousadia. Mesmo assim, ao final do primeiro tempo, o time de Scolari chutou mais vezes a gol do que os ingleses (4 chutes contra 2), tendo sofrido 12 faltas e feito apenas 3. Petit por Portugal e John Terry pelos ingleses, foram advertidos com o cartão amarelo.

 

Iniciada a segunda etapa, logo aos 7 minutos, Beckham sentiu contusão e sai chorando, para a entrada de  Lennon. Não bastasse esta perda, 10 minutos após, numa disputa de bola no meio de campo com Ricardo Carvalho, Rooney pisou intencionalmente no zagueiro luso, ao lado do árbitro o inglês, que incontinente o expulsou.

 

Imediatamente Felipão reforçou o ataque sacando Pauleta, colocando Simão, e fazendo com que Figo voltasse para sua posição original. Na Inglaterra, o sueco Sven-Goran Eriksson trocou Joe Cole pela “grandalhão” de 1.98m e 69kg, Crouch. Mesmo com a expulsão do inglês, Portugal não se prevalecia por ter um homem a mais em campo, o que motivou Felipão a trocar aos 29 minutos Tiago por Hugo Viana, tentando dar mais ofensividade ao seu selecionado.

 

A tentativa de Scolari surtiu efeito por alguns minutos, mas sem continuidade. A seis minutos do final, mais uma substituição em Portugal: saiu Figo, cansado, e entrou Helder Postiga.

 

Fim de jogo no tempo normal, onde houve ligeiro predomínio da posse de bola por parte dos portugueses, com Portugal chutando 20 vezes ao gol adversário, contra apenas 9 chutes ingleses, e sofrendo 21 faltas, contra 10 faltas feitas contra a Inglaterra.

 

Na prorrogação de 30 minutos tomaram ainda cartão amarelo Hargreaves, pelos ingleses; e Ricardo Carvalho por Portugal. Faltando um minuto para o termino do segundo tempo da prorrogação, Eriksson trocou Lennon por Carragher, que entrou claramente para a decisão por pênaltis.

 

Fim de jogo, a decisão foi para a cobrança alternada de penalidades e o primeiro a bater foi Simão Sabrosa por Portugal, que converteu batendo no canto baixo direito do goleiro inglês.

 

O primeiro pênalti batido pelos ingleses, por Lampard no canto esquerdo baixo de Ricardo, é defendido pelo goleiro luso. Na segunda cobrança da série, Hugo Viana chutou na trave direita de Robinson e Hargreaves empatou a série. Para desespero da banco português, Petit bateu para fora a terceira cobrança portuguesa, mas Ricardo compensou e defendeu novamente, agora chute desferido por Gerrard, também mais para o seu canto esquerdo.

 

Postiga converteu o penúltimo pênalti da série para Portugal, e Ricardo consagrou-se defendendo o terceiro pênalti no quarto da série, cobrado em seu canto direito baixo, por Carragher. No último pênalti da série, Cristiano Ronaldo bateu forte no ângulo esquerdo de Paul Robinson e encerrou a série, com a classificação histórica de Portugal para as quartas de final, calando a grande maioria de ingleses que superlotavam o estádio de Gelsenkirchen. Portugal 3 x 1 Inglaterra.

 

Novamente, quarenta anos após, Portugal esta entre as quatro melhores seleções do mundo, e novamente com um brasileiro no comando técnico.

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