Portuguesa levanta dúvida sobre existência de arma no vestiário

Por outro lado o vice-presidente do STJD acata pedido da Procuradoria e interdita Estádio do Canindé.

Por Odair Sene Mundo Lusíada

José Cunha/Lusa

O estádio do Canindé está interditado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Na sexta-feira, 28 de agosto, o vice-presidente do STJD, Virgílio Val, acatou o pedido feito pela Procuradoria. Com a decisão, o jogo contra o Figueirense, no dia 1º de setembro, não poderia ser realizado no campo da Lusa.

Além da interdição, o clube terá de comparecer ao STJD, pois a Procuradoria vai formular denúncia. Segundo o procurador-geral, Paulo Schmitt, o clube responderá aos artigos 211 (deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária para assegurar plena garantia e segurança para sua realização), que prevê multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil e interdição do local, e 213 (deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto), cuja pena inclui multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil e perda de um a dez mandos de campo. O próprio presidente da agremiação, Manuel da Lupa, também corre risco de sofrer denúncia. As informações são da Justiça Desportiva.

O acontecido Na noite de terça feira, dia 25, após a derrota da Lusa para o Vila Nova em pleno Canindé (em partida válida pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro 2009), marcando a terceira derrota seguida da Portuguesa sob o comando de René Simões, dois conselheiros do clube, Antônio José Vaz Pinto (“Toninho da Divena”) e Vitor Manuel Macedo Diniz (“Vitinho”), acompanhados de dois homens que seriam seguranças, segundo se sabe, policiais trabalhando como seguranças, adentraram ao vestiário da Portuguesa e intimidaram comissão técnica e jogadores. O vice-presidente jurídico do clube, Giuseppe Fagotti, teria afirmado que os homens eram policiais militares da Rota e eram seguranças particulares do conselheiro Antônio José Vaz Pinto.

Na quarta-feira, 26, o clube emitiu um comunicado oficial através de sua assessoria de imprensa explicando os fatos. Conforme o documento, a Diretoria Executiva da Lusa garante que “em nenhum momento” o vestiário da equipe profissional foi invadido. Há a confirmação da entrada dos conselheiros ao vestiário, porém sem caracterização da referida “invasão”. Tal atitude foi considerada “inaceitável e totalmente reprovável” pela diretoria, que prometeu tomar todas as medidas administrativas cabíveis contra o conselheiro, relatando os fatos ocorridos ao Presidente do Conselho Deliberativo da instituição, que certamente tomará todas as medidas contra as atitudes relatadas, refere. A Lusa confirmou ainda, que abriria um Boletim de Ocorrência Policial de preservação de direitos.

Após esses acontecimentos, o treinador René Simões pediu demissão do cargo. Com René no comando, a Lusa disputou três partidas e perdeu as três. Outro membro da equipe que também anunciou a saída foi o meia Edno, tido como um dos principais alvos da torcida pela má campanha da equipe na Série B. O atleta estaria prestes a acertar com o Inter de Porto Alegre.

Edno disse à imprensa que “não tem mais clima” para jogar na Portuguesa. “Para mim não dá mais. Não estou abandonando o clube, mas não dá para trabalhar assim com esta pressão da torcida, sempre me xingando e ameaçando. Não tenho nem cabeça nem clima para ficar na Portuguesa”, disse o atacante.

Outros clubes como Corinthians, São Paulo e Palmeiras, demonstraram interesse em Edno, mas as negociações não avançaram devido à alta multa rescisória – R$ 38 milhões para clubes brasileiros e 40 milhões de euros para clubes de fora do país.

“Nunca vi isso acontecer em um clube. A torcida só xinga. Quando está ganhando é fácil, quando está perdendo é que eu quero ver apoiar. Aqui em São Paulo temos o exemplo da torcida do Corinthians. Mesmo com o time perdendo, ela incentiva. Isto é o torcedor. Isso é que é bonito de ver. Agora com este aí não tem condição. Para mim torcedor é aquele que o time perde ele está junto e o time ganha ele também está junto”, desabafou.

Manuel da Lupa: René exagerou ao relatar o caso Depois da confusão no vestiário da Portuguesa, o presidente Manuel da Lupa deu a versão do clube para o episódio. O dirigente admitiu que o conselheiro ofendeu jogadores, mas alega, no entanto, que o treinador exagerou ao relatar o caso.

“O René falou que tinha arma, mas isso ninguém confirma. A gente imagina que os dois seguranças do Toninho poderiam estar armados, pois temos a informação que eles são policiais militares. Mas ninguém ameaçou ninguém ou puxou arma, isso é folclore”, disse Manuel da Lupa, que prometeu punir Toninho, que era presença constante nos vestiários, segundo o próprio presidente.

“Aqui na Portuguesa, sempre foi normal o conselheiro entrar no vestiário, é só mostrar a carteirinha. O próprio Toninho já entrou várias vezes, sempre deu uma força e ninguém poderia imaginar que ele ia fazer o que fez, falar um bocado de coisa, ofender os jogadores, usar palavras de baixo calão. Ele não pisa mais aqui no futebol e ninguém mais vai ter acesso aos vestiários para evitar qualquer coisa parecida. A partir de agora, só vai entrar o pessoal do departamento de futebol”, garantiu Lupa.

Envolvidos serão intimados A Portuguesa registrou um boletim de ocorrência na 12ª DP, no Pari, com a sua versão sobre o episódio. Pelo documento, a Lusa não confirma a presença de armas na confusão, e apenas declara que existe essa suspeita porque os seguranças do conselheiro ‘Toninho da Divena’, seriam policiais militares.

Em entrevista ao SPTV (da Globo), o delegado Wilson Roberto Zampieri informou que atletas, dirigentes, seguranças da Portuguesa e o técnico René Simões serão intimados a prestar depoimento na delegacia para o caso ser esclarecido. Diferentemente do declarado pela Portuguesa, o técnico René Simões, que pediu demissão após o episódio (e já estaria acertado para trabalhar na Ponte preta), e o jogador Edno confirmam que havia arma no vestiário enquanto o conselheiro do clube cobrava os jogadores pela campanha ruim na Série B.

Vágner Benazzi está de volta e já estréia com vitória Depois de tantos transtornos na semana, ao menos alguma coisa respingou positivamente no tumultuado ambiente rubro verde. Com o pedido de demissão de René Simões, a Portuguesa tenta se reorganizar para seguir na disputa por uma das vagas na Série A 2010, e agindo muito rápido, a diretoria anunciou já no dia 26 que Vágner Benazzi está de volta ao clube.

“Estou chegando em uma situação parecida com a que encontrei aqui em 2007 e espero que possamos sair vitoriosos novamente. Assinei até o fim do Brasileiro e quero, mais uma vez, recolocar a Lusa na Série A”, disse o treinador que ajudou o time a subir naquela ocasião. Benazzi já comandou a Portuguesa em 111 jogos. O retrospecto é bom: são 51 vitórias, 33 empates e 27 derrotas.

O primeiro desafio de Benazzi na Série B foi contra o Fortaleza, na sexta-feira, dia 28. A equipe paulista derrotou o Fortaleza por 1×0, encerrou um jejum de seis jogos e voltou a sonhar com o G-4 da Série B, com 31 pontos, em sétimo. O gol da partida foi marcado por Anderson Pain.

Este jogo marcou também a última partida do atacante Edno, que deve trocar a Lusa pelo Inter, ou pode acertar com um time russo.

Deixe uma resposta