Os jogadores de futebol portugueses podem ser ameaçados pela crescente entrada de jogadores estrangeiros no país, na maioria brasileiros, que atualmente representam 53,7% da primeira divisão, segundo um dos autores do “Estudo demográfico dos futebolistas na Europa”. “Há o risco de ser abandonada a formação de jogadores portugueses e de vir a tornar-se numa liga suplementar para jogadores brasileiros”, disse à Agência Lusa Raffaele Poli.
Para ele, “Portugal continua a exportar muito bons jogadores para as cinco melhores ligas européias (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França), atualmente tem 34 e é o quinto país mais representado, atrás do Brasil (139), Argentina (95), França (85) e Holanda (36)”.
Segundo o docente da Universidade de Neuchâtel e Lausanne, na Suíça, “o mecanismo é que os jogadores portugueses mais talentosos vão para o exterior e são substituídos por jogadores brasileiros mais medíocres”. “Em Portugal, o recrutamento de jogadores no exterior está orientado para o Brasil (137 jogadores), empregando profissionais experientes e por relativamente pouco tempo”, explicou à Poli, que juntamente com Loïc Ravenel da Universidade de Franche-Comté (França), fundou o Observatório dos Jogadores Profissionais de Futebol (OJPF) e desenvolveu o estudo.
Estrangeiros A pesquisa, que integra dados referentes a outubro de 2008, abrange 11.015 jogadores, de 456 clubes, de 30 ligas européias. No caso português, dos 393 jogadores, 53,7% (211) são estrangeiros, sendo que a maioria é composta por brasileiros (137), seguidos pelos argentinos (15) e franceses (9).
O número de jogadores estrangeiros que atuam em Portugal “aumentou significativamente” entre 2003 e 2008, segundo a pesquisa, que coloca o Português na segunda posição do ranking dos campeonatos com maior porcentagem de estrangeiros, sendo apenas superado pelo Inglês, com 59,1%. No entanto, mais de metade dos jogadores que atuam na Inglaterra são internacionais (64,8%), enquanto em Portugal apenas cerca de um quinto (18,3%) já alinhou pelas respectivas seleções.
Clubes Na análise por clubes do Observatório dos Jogadores Profissionais de Futebol, os ingleses do Arsenal, com 91,7% dos jogadores estrangeiros, lideram a tabela.
Dentre os portugueses, está o Belenenses, na 11ª posição com (72%), Benfica, 12º (70,4%), Naval, 15º (69,6%), Sporting de Braga, 21º (66,7%), Porto, 26º (65,4%), Nacional, 31º (64%), e Vitória de Setúbal, 33º (63,6%). O Rio Ave é o clube da primeira divisão com menor porcentagem de estrangeiros: 29,2%.
Segundo o mesmo estudo, no sentido inverso, Portugal é o quinto país mais exportador de futebolistas, com 121 jogadores atuando em campeonatos europeus, apenas atrás de Brasil (551 jogadores), França (233), Argentina (222) e Sérvia (192). Também neste ponto Portugal registra um crescimento acentuado nos últimos cinco anos, aumentando em 88 o número de jogadores exportados, num ranking em que é apenas superado pelo Brasil, mais 231 imigrantes, e pela França, mais 97.
Uma forte contribuição nesse sentido resulta da imigração para a Romênia, onde Portugal é a nação mais representada, com 30 jogadores, um número que para Poli “é surpreendente e difícil de perceber”. Na Espanha, com 18 atletas, e na Bulgária, com 8, os jogadores portugueses constituem o terceiro contingente.
Além dos números de jogadores nacionais e estrangeiros por campeonato, o primeiro estudo demográfico do OJPF conclui ainda que os jogadores da divisão de elite do futebol luso apresentam a média de altura mais baixa da Europa (1,8 metros), e têm em média 26 anos, sendo a sétima classificada no ranking de idades.
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