Liga de clubes “surpreendida” com decisão das autoridades de saúde

Da Redação
Com Lusa

A diretora executiva da Liga de clubes afirmou no sábado que não entendeu as razões que impediram a realização do jogo entre Feirense e Chaves, da II Liga de futebol, lembrando que existe um protocolo para os casos de covid-19.

Em declarações à agência Lusa, Sónia Carneiro explicou que o protocolo existente atualmente é igual ao protocolo que no final da época passada permitiu realizar todos os jogos para finalizar a I Liga.

“Não conseguimos perceber o que aconteceu, pois este protocolo é igual ao que permitiu realizar todos os jogos na I Liga a época passada. A autoridade local de saúde teve um entendimento novo e surpreendente”, afirmou.

Na manhã de sexta-feira, o Desportivo de Chaves revelou que o meia Guzzo, o goleiro Samu e os treinadores adjuntos Pedro Machado e Tiago Castro testaram positivo à covid-19, embora estejam assintomáticos, e, à hora do pontapé de saída, agendado para as 20:00, chegou a informação de que o jogo não se deveria realizar.

Já com as duas equipes prontas para começar a partida, o árbitro João Gonçalves recebeu uma chamada telefônica e deslocou-se durante breves instantes ao túnel de acesso ao campo, tendo, 27 minutos depois da hora prevista para o início, apitado para que os jogadores recolhessem ao balneário.

Mais tarde, o jogo Académico de Viseu – Académica que estava agendado para a manhã de sábado foi suspenso, devido aos casos positivos de covid-19 nos viseenses.

A diretor executiva da Liga lembrou que tanto a orientação 036/2020 da Direção-Geral da Saúde, como o Plano de Retoma do Futebol Profissional, definem que “a identificação de um caso positivo não torna, por si só, obrigatório o isolamento coletivo, das equipes”.

“Os casos positivos são isolados e a atividade continua. A autoridade de saúde local entendeu que não havia jogo e remeteu todos [do Desportivo de Chaves] ao isolamento. Ficamos surpreendidos e na reunião de segunda-feira vamos procurar uma posição nacional de cumprimento do protocolo, de modo a evitar paragens nas competições”, explicou.

Sobre um alegado jantar do plantel do Desportivo de Chaves na segunda-feira, que pode ter estado na origem da decisão das autoridades de saúde, Sónia Carneiro explicou que apenas informaram verbalmente da situação.

“Por escrito informaram da decisão de não haver jogo e de colocar o plantel em isolamento. Abordaram a questão do jantar de forma verbal. Não sei que tipo de jantar foi para motivar a alteração do protocolo, mas os plantéis tomam muitas vezes o pequeno almoço juntos, viajam no autocarro e partilham balneário” salientou.

Sónia Carneiro frisou ainda que, na reunião de sábado com os clubes, uma das primeiras questões a ser abordada foi a necessidade de serem respeitadas as regras do código de conduta assinado.

A Liga de clubes defendeu que é “imperativo” manter a aplicação da orientação de que um caso positivo não torna, por si só, obrigatório o isolamento coletivo das equipas, referindo que a competição não pode parar.

A Liga convocou ainda os médicos de todas as sociedades desportivas que integram as competições profissionais para uma reunião de urgência, onde foram abordados os aspetos relacionados com as orientações definidas pela Direção-Geral da Saúde, bem como do Plano de Retoma Específico para o Futebol Profissional.

As conclusões do encontro vão ser apresentadas numa reunião entre a Liga e o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, agendada para a tarde de segunda-feira, onde será “reiterada a necessidade de implementação destas recomendações sob pena de serem colocadas em causa as competições profissionais futebol na época 2020-21”.

O plantel do Desportivo de Chaves está em confinamento enquanto é realizada uma avaliação de risco, após quatro casos positivos de covid-19, adiantou o delegado de saúde local.

O delegado de saúde da Unidade de Saúde Pública (USP) do Alto Tâmega e Barroso, Gustavo Martins-Coelho, explicou que desde sexta-feira a estrutura do emblema transmontano ficou em isolamento “até que seja concluída a avaliação de risco”.

“Depois de esta estar concluída, será determinado quantos elementos da estrutura terão de se manter em isolamento e quando serão realizados novos testes à covid-19”, sublinhou, sem antecipar uma data para essa decisão.

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