Ex-jogador Arouca quer criar intercâmbio esportivo com Viseu, cidade irmã de Santos

José Augusto do Rosário, o jogador Arouca, Alberto de Pinho, com Joaquim Brites.

Ex-zagueiro reencontra o presidente Joaquim Brites que o lançou aos 14 anos, falou ao Mundo Lusíada sobre as diferenças no futebol da época com o que se vê hoje, e projeta futuro com crianças em Santos e em Viseu, cidades irmãs.

Por Odair Sene

O ex-zagueiro Humberto da Silva Frias, conhecido no mundo da bola apenas por Arouca, que foi lançado na Portuguesa Santista (com 14 anos) na gestão do então presidente Joaquim da Rocha Brites, e que jogou na Portuguesa de São Paulo, no Palmeiras (na época da Academia), onde foi campeão paulista em 1976, falou em entrevista ao Mundo Lusíada que planeja trabalhar com intercâmbio esportivo (clínica) entre Santos e a cidade de Viseu, declarada “Cidade Irmã” de Santos em solenidade realizada no último dia 18 de julho.
O zagueiro Arouca mora em Santos, onde é dono da Escola de Futebol “Pé na Bola”. Mas o que muitos não sabem, é que o gajo é nascido em Portugal, em 29 de março de 1952, natural de Cótimos, uma freguesia portuguesa do concelho de Trancoso, pertencente ao Distrito da Guarda.
Ainda muito criança, Humberto chegou ao Brasil com três anos de idade para morar em Santos, onde se criou, até que aos 14 anos foi recebido na Portuguesa Santista, pelo presidente Joaquim da Rocha Brites, que também estava neste evento, no mesmo dia e o reencontro foi surpresa aos dois.
Arouca atuou no Palmeiras até 1977, na famosa “Academia de Futebol” jogando com Leão, Leivinha, Ademir da Guia, e cia. Depois foi transferido para a Portuguesa de Desportos, no Canindé, onde jogou com Enéas, Tata, Wilsinho, e tantos outros. Já nos anos 80, antes de encerrar a carreira, o zagueiro defendeu o Comercial (MT) e a Ferroviária de Araraquara (SP).
O ex-zagueiro da Portuguesa esteve no último dia 22 de julho numa festa portuguesa do Centro Cultural Português de Santos, e falou com o Mundo Lusíada sobre sua trajetória e planejamentos de futuro.

Entrevista:
A relação do futebol profissional daquela para a época de hoje
>>“Em relação àquela época, em termos de futebol profissional, posso dizer que tinha mais glamour, o futebol era mais jogado, mais técnico, atualmente estou achando que é muita correria, muito impacto, naquela época era mais romântico, havia amor pela camisa, e hoje eu vejo muito jogador aí que beija a camisa, declara amor eterno e dali a pouco está em outro clube e também jura amor eterno e vai por aí, então virou muito comercio”, disse.

Depois da Briosa, o Palmeiras e a lembrança da “Academia”
>>“Tivemos lá uma equipe que jogou junto durante quatro anos, uma equipe que ganhou tudo quanto é título, bi-campeão brasileiro, campeão paulista. Essa foi a última academia: Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu, Ademir da Guia, Edu, Leivinha, César e Nei. Este time jogou por quatro anos junto e ganhou a maioria dos títulos. Isso que eu quis dizer, naquela época, o jogador ficava muito mais tempo no clube, tinha muito mais amor à camisa, hoje em dia você joga em um clube, e em dois ou três meses surge uma oportunidade, já vai embora, vai pra fora para ganhar mais dinheiro. E agora também com a lei do futebol, o jogador quer mesmo é ir pra fora”.

A situação atual da Portuguesa de Desportos, mas época oferecia mais, até Marinho Peres aconselhou
>>“Eu estava no Palmeiras numa situação privilegiada, até porque naquela época o treinador do Palmeiras queria me manter no clube, mas eu era garoto, não tinha empresário, nada disso, e tinha um lado financeiro também, posso até ter feito alguma bobagem, mas a Portuguesa me oferecia mais do que o Palmeiras, o contrato terminando, e como a Portuguesa tinha um elenco muito bom, Enéias, Alcino, Bolívar, jogadores de nome, e na época eu conversei com o Marinho Peres, que tinha jogado na Portuguesa e estava indo jogar no Palmeiras, e busquei informações com ele, e ele me aconselhou a ir sim, e como eu queria manter aquela qualidade, foi bom. E quem jogou lá claro que sente pelo clube estar na situação que está, era o quinto clube grande de São Paulo, hoje já não é mais, na época era: Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e depois a Portuguesa. Talvez hoje a Portuguesa sinta este reflexo da mudança que ouve no futebol, em termos de contrato de jogador, alguma coisa burocrática que mudou e atrapalhou essas questões administrativas, hoje o clube forma o jogador e ele sai vai embora, você investe nele e com 16 anos já tem que profissionalizar, é meio complicado”.
Tanto Arouca, quanto seu parceiro de zaga, João Carlos, foram sondados para uma possível convocação da Seleção Brasileira, que acabou não acontecendo, mas foi positivo para ambos.

Para o Zagueiro Arouca, marcar o Pelé era complicado?
>>“Eu marquei o Pelé, às vezes até brinco com as pessoas por causa disso, eu sempre respondi que era mais fácil marcar o Pelé, porque se ele te desse um chapéu, um drible, uma finta qualquer, era tudo normal, era o Pelé, o duro era você tomar um chapéu de um [menos qualificado], aí era complicado, com o Pelé não tinha muito problema”, falou ele bem humorado.

Projeto para o futuro envolve escola de futebol e intercâmbio com Portugal
>>Estive planejando algumas coisas após essa declaração que teve em Santos, lançada cidade irmã com Viseu, e eu estou pensando em montar um projeto para fazer clínicas de futebol levando pessoal daqui para Viseu e trazer de lá para Santos, já expliquei a idéia ao amigo José Augusto, que me incentivou a fazer, então vamos avançar com o projeto e vamos ver o que vai dar”, explicou.
Hoje com 66 anos, Humberto da Silva Frias, o zagueiro Arouca, ainda bate sua bola jogando pelo sexto ano, pelo Campeonato Paulista do Sessentão, onde já foi campeão algumas vezes. Lembrando que existem vários times de várzea em Santos e com várias opções de esporte e lazer.

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