Com dois ouros, Portugal termina mundiais de canoagem no sétimo lugar

Fernando Pimenta celebra vitória. PAULO NOVAIS/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

No dia 26, Portugal concluiu os mundiais de canoagem no sétimo lugar do medalheiro, com os dois ouros de Fernando Pimenta em Montemor-o-Velho.

O triunfo inédito em K1 1000, no último sábado, e a revalidação do cetro em K1 5000, no domingo, valeram à seleção lusa ficar atrás somente de Alemanha, Hungria, Rússia, Bielorrússia, Canadá e Brasil, no melhor desempenho da sua história.

Pimenta garantiu o hino nacional por duas vezes no Centro de Alto Rendimento, contudo, outros atletas brilharam nos mundiais, destacando-se João Ribeiro, quarto em K1 500, distância não olímpica, apesar de pouco ter treinado a embarcação, por estar focado no K4 500.

Na equipe com Emanuel Silva, Messias Batista e David Varela, conseguiu um valioso apuramento para a final – a tripulação apenas se juntou este ano e só há pouco mais de um mês trabalha com Rui Fernandes -, onde conseguiu o nono na sua prova menos conseguida no evento.

Ainda assim, se fosse apuramento olímpico, que decorrerá nos mundiais de 2019 em Szeged, Hungria, o quarteto teria garantido uma vaga em Tóquio2020.

Teresa Portela e Joana Vasconcelos conseguiram inédita final mundial para o K2 500, na qual foram oitavas.

As pupilas de Hélio Lucas, que orienta Pimenta, estiveram depois muito mais discretas no K4 500, com Francisca Laia e Francisca Carvalho, ao falhar a meia-final, no resultado mais decepcionante da seleção.

Destaque ainda para Hélder Silva que se despede de provas internacionais como sexto melhor do mundo em C1 200, revelando a ambição de ter a oportunidade de treinar os seus colegas de seleção.

Das 70 seleções em competição com 1700 canoístas apenas 24 atingiram o pódio.

A Federação Internacional de Canoagem (ICF) e a Associação Europeia de Canoagem (ECA) colocaram os Mundiais realizados em Montemor-o-Velho ao nível do melhor que a modalidade já fez na sua história.

“Já tínhamos a experiência da boa organização da federação nos Mundiais sub-23 e júnior. Tínhamos a tranquilidade de sabermos que íamos organizar um bom evento. Fazemos um balanço muito positivo. Uma equipa profissional que proporcionou um campeonato de altíssimo nível”, elogiou Jose Perurena, presidente da ICF.

O dirigente afirmou que Montemor-o-Velho é “um diamante que se deve saber polir”, aconselhando a autarquia a potenciar a publicidade internacional que esta organização teve.

Sucesso do bicampeão

O bicampeão do mundo Fernando Pimenta assumiu que o que separa um atleta de eleição de todos os outros é o rigor com que encara as exigências da canoagem, a modalidade que acolheu.

“Um superatleta é igual a todos os outros, mas tem regras, disciplina e muito trabalho por trás”, disse, minutos depois de subir pela segunda vez ao mais alto lugar do pódio dos Mundiais de Montemor-o-Velho.

Depois de repetir o ouro em K1 5000, que se seguiu ao inédito título de sábado em K1 1000, Pimenta completou: “O desporto neste momento não tem segredos. Tem muito trabalho, sacrifico, abnegação e dar tudo por tudo. Temos também dias menos positivos, contudo temos de levantar cabeça e buscar energia nos momentos fantásticos como este. E trabalhar.”

Para conquistar a medalha de ouro, o canoísta de Ponte de Lima liderou a prova quase sempre e completou-a em 21.42,196 minutos, batendo o dinamarquês René Poulsen, por 1,527 segundos, enquanto o espanhol Javier Hernanz terminou em terceiro, a 4,369.

O tricampeão da Europa em K1 1000, e que já perdeu a conta às medalhas internacionais na sua carreira, deseja agora voltar ao pódio olímpico – foi prata em Londres2012 com Emanuel Silva em K2 1000 -, mas agora para o lugar mais alto.

“Fica a faltar o ouro olímpico, a cereja no topo bolo de qualquer atleta. Sei que é possível. Primeiro, o apuramento olímpico. Depois todo o trabalho direcionado para os Jogos”, assumiu.

Pimenta diz que “todas as medalhas são especiais”, até porque o “ajudam a evoluir e crescer como ser humano”. “O quinto lugar nos Jogos Olímpicos fez de mim um atleta ainda mais maduro, forte psicologicamente, e isso ajudou-me a conquistar estas medalhas de ouro, que também são do meu treinador e de todos os meus colegas da seleção”, vincou.

Pimenta garante que os dois títulos mundiais em 24 horas “ficam na história do desporto nacional e da canoagem mundial, pois poucos atletas o conseguiram fazer”.

“Durante a prova tentei deixar os principais adversários para trás, porém ninguém colaborava na frente. Nos metros finais reparei que mais nenhum adversário ia conseguir disputar o sprint. Sentia-me muito fresco. Foi o momento em que pensei que vou conseguir ganhar, com o treinador ao lado a gritar e a puxar por mim”, contou.

Pimenta admitiu que as bancadas repletas com milhares de adeptos a gritar pelo seu nome o fez ter vontade de “fazer sprints e arrancar”, mas sossegou, pois tinha a prova para gerir. “Estou extremamente feliz. Agora é celebrar”, concluiu.

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