Brasil com novo campeão mundial de natação paralímpica em competição no Funchal

Da redação

O paulistano Samuel Oliveira, 16, conhecido como Samuka, é o mais novo brasileiro campeão mundial de natação paralímpica, que acontece na Ilha da Madeira. Na tarde desta segunda-feira, ele foi o melhor nos 50 m costas da classe S5, a mesma em que Daniel Dias reinou por 15 anos. O nadador ainda fez parte da equipe brasileira, ao lado de Lídia Cruz, Daniel Mendes e Joana Neves, que conquistou o primeiro lugar no pódio no revezamento 4×50 m livre 20 pontos no final do dia.

O Brasil conquistou seis medalhas no segundo dia de competição: duas de ouro, duas de prata e duas de bronze. Desta forma, o país alcançou a marca de 13 pódios no total (quatro ouros, seis pratas e três bronzes) e ocupa a quarta colocação na competição. A líder é a Itália, seguida dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

O Mundial de natação paralímpica na Ilha da Madeira se estenderá até o sábado, 18, com a participação de 600 atletas de 59 países. A delegação nacional se faz presente com 29 nadadores. Restam cinco dias de competição e o Brasil está a apenas cinco medalhas de superar a marca do último Mundial. Em Londres 2019, a delegação voltou para casa com 17 medalhas, sendo oito ouros, e na 11ª posição no geral.

O primeiro ouro desta segunda-feira, 12, em águas portuguesas veio com a mais nova promessa da natação paralímpica brasileira. O paulistano Samuel Oliveira, 16, é biamputado de braços, e compete na classe S5. No domingo, 12, primeiro dia de Mundial, já havia conquistado a prata nos 50m livre. Foi balizado para os 50m costas com o melhor tempo (35s72). Quando foi dada a largada, fez por merecer a raia quatro, tida como a mais rápida das piscinas. Completou a distância em 36s58, contra 37s82 do espanhol Antoni Ponce Bertran, medalhista de prata. O pódio foi completado pelo japonês Kaede Hinata, 37s98.

“Quando eu olhei no placar e não consegui enxergar no placar meu resultado, não sabia se tinha vencido. Mas quando eu soube, eu falei: ‘Meu Deus, chegou a hora’. Subi na raia, comecei a comemorar este momento e agora estamos aí com o ouro. Agradecer minha família, sem eles eu não sei o que seria”, disse Samuka, após a prova. “Em termos de tempo, o resultado não foi o que eu esperava. A expectativa era estar abaixo dos 35s, mas o que importa é o tempo que me deu esta medalha de ouro”, completou o atleta, que foi submetido a amputação dos dois braços, na altura do ombro, aos nove anos. Ele levou uma descarga elétrica de 13 mil volts após tentar tirar uma pipa do alto de uma árvore com um barra de ferro que encostou nos fios de alta tensão.

Esta é a primeira grande competição internacional do nadador, que é o mais jovem da Seleção. O primo de Samuka, Tiago Oliveira, estava com ele no momento do choque e também sofreu amputação dos dois membros superiores. Tiago também tornou-se nadador paralímpico e compõe a Seleção Brasileira na Ilha da Madeira. Nadou os 50 m costas nesta tarde e terminou em sexto lugar, com 41s96.

Samuka voltou ao pódio na última prova do dia, no revezamento 4×50 m livre misto 20 pontos (a soma da classificação dos integrantes do revezamento), e mais uma vez no lugar mais alto. A equipe brasileira, composta por ele, Joana Neves (S5), Daniel Mendes (S6) e Lídia Cruz (S4), completou a disputa em 2min20s40. O time mexicano ficou com a prata (2min32s74) e o italiano faturou o bronze (2min39s75).

Com os dois ouros desta segunda-feira, Samuka acumula três medalhas na classe S5 em Mundial, em três provas disputadas em dois dias de competição. Esta é a mesma classe em que reinou durante 15 anos o paulista Daniel Dias, 34, que se aposentou após os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Quando Daniel disputou sua primeira prova em Campeonato Mundial, em Durban, na África do Sul, em 2006, Samuka tinha apenas um ano de vida.

Samuka volta à piscina do Complexo de Funchal nesta terça-feira, às 5h30 (de Brasília), para nadar a eliminatória de uma de suas provas preferidas: 50 m borboleta. Outros 15 brasileiros entram na água amanhã.

Além da conquista individual de Samuel e do revezamento, a flâmula brasileira foi erguida outras quatro vezes nesta tarde, na Ilha da Madeira. Nos 100m costas da classe S14 (atletas com deficiência intelectual), Gabriel Bandeira nadou para 59s86 e ficou com a prata. Benjamin Hance, da Austrália, foi o campeão com 57s34, novo recorde do campeonato. Esta foi a segunda medalha de Gabriel na Madeira. No domingo, ele garantiu o ouro nos 200m livre.

Nos 100m livre (S4), Lídia Cruz e Patrícia Santos fizeram a primeira dobradinha brasileira em pódio lusitano. Lídia com a prata (1min26s21), seguida de Patrícia (1min31s27). Larissa Rodrigues também foi bronze nos 150 m medley da classe SM3 (3min56s62).

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