Seixas da Costa: "Quero elevar a visibilidade das câmaras portuguesas de comércio"

» Como é que o senhor vê o papel das câmaras portuguesas no incremento dos negócios? As câmaras portuguesas têm feito um grande esforço no sentido de melhorar serviços aos seus associados. Hoje temos 10 câmaras portuguesas no Brasil e no futuro poderemos ter mais uma ou duas. Eu não sou um adepto da multiplicação das câmaras e sim da interligação delas no sentido de criar uma sinergia. E isto tem sido feito nos últimos anos e a Embaixada tem dado muito apoio ao chamado Conselho das Câmaras, que tem um site próprio e que organiza um grande congresso de dois em dois anos. O último foi em 2005 e vamos o próximo ter em dezembro deste ano. Estamos até pensando em trazer países euroamericanos para dar uma maior dimensão ao evento. A meu ver, as câmaras são um elemento essencial para o fornecimento de informação atualizada para as pequenas e médias empresas portuguesas que querem atuar no mercado brasileiro. É preciso alguém que decodifique as peculiaridades jurídicas brasileiras. As grandes empresas não têm esse problema porque normalmente estão assessoradas por uma equipe de advocacia. Eu quero, por isso, elevar a visibilidade das câmaras portuguesas de comércio, em Portugal, para que os empresários que venham possam ser estimulados, desde o princípio, a ligarem-se às câmaras de comércio. Também temos trabalhado bem com a Câmara de Indústria e Comércio Luso-brasileira em Lisboa, que faz um trabalho de aproximação entre empresas portuguesas no Brasil e empresas brasileiras em Portugal. Há um diálogo que está a funcionar bem. Já reuni com as 10 câmaras que existem no Brasil e procuro dinamizá-las o máximo possível. Estamos agora a querer criar uma nova Câmara aqui em Brasília que poderá cobrir o Centro-Oeste. 

» Muitos portugueses e seus descendentes têm reclamado do encerramento das atividades do Consulado de Portugal em Santos? Esta é uma situação irreversível? Eu só posso repetir o que já é público. A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas fez uma nova avaliação da rede de consulados no mundo e decidiu fechar alguns, em diversas partes. No Brasil, contrariamente a algumas expectativas, só foi encerrado o consulado de Santos. Alguns como os de Belém, Porto Alegre, Curitiba e Recife tornaram-se vice-consulados, com um modelo de gestão diferente e com uma dependência dos três grandes consulados gerais, em São Paulo, Rio e Salvador. Está em estudo um modelo de substituição do Consulado de Santos, modelo esse que poderá passar por uma criação de um pólo para que os portugueses não precisem se deslocar a São Paulo. Globalmente, esta reforma consular tem como filosofia evitar o recurso chamado de cultura de balcão, que as pessoas se desloquem aos sítios. Esse modelo foi feito com grande êxito pelo consulado geral de São Paulo. Hoje não há mais filas e grande parte dos atos consulares são feitos pelo correio ou via internet. Esse é o futuro. Criar alguns pequenos pólos que podem ficar ligados a associações portuguesas e que podem ajudar os cidadãos portugueses e brasileiros a preencher informaticamente os modelos, evitando a ida direta aos balcões. É um modelo que pode criar pequenas tensões até porque aponta para a mudança de cultura. Mas estamos aqui para tentar resolver e a Embaixada está disponível para recolher as queixas e reclamações e canalizar para Lisboa.

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