Segundo a Opep: Crise pode atrasar exploração petrolífera no Brasil

No Brasil, a crise pode atrapalhar os investimentos em novas bacias, por exemplo, em Santos. Já em Portugal, o governo aposta numa campanha agressiva na área do turismo, para chamar novos mercados.

Mundo Lusíada Com Lusa

A exploração de poços de petróleo em águas profundas na costa brasileira pode ser atrasada devido à dificuldade na obtenção de crédito para o financiamento dos projetos, segundo disse o presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O desenvolvimento dos poços de petróleo em offshore (no mar) no Brasil envolve investimentos de US$ 100 bilhões (R$ 236,4 bilhões), sendo necessário o financiamento de bancos estrangeiros, afirmou Chakib Khelil, em Viena.

Também o presidente-executivo da Petrobras, Sergio Gabrielli, afirmou que alguns dos projetos da empresa poderiam ser atrasados devido à crise de crédito a nível internacional. A Petrobras afirmou no ano passado que o campo de Tupi, no qual a Galp tem uma participação de 10%, poderá produzir 8 bilhões de barris de petróleo. Vários responsáveis da empresa têm afirmado que a exploração do petróleo nas zonas de pré-sal do Brasil, como é o caso do campo de Tupi, é viável com o barril do petróleo acima de US$ 35 o barril e que será muito atrativa com o barril nos US$ 90.

“Muitas empresas não vão conseguir financiamento para o desenvolvimento dos poços”, afirmou o presidente da Opep. O dirigente defendeu ainda que a queda do preço do petróleo pode afetar alguns projetos, uma vez que a exploração de petróleo nas areias betuminosas no Canadá necessita do barril de petróleo a US$ 90. A exploração em águas ultraprofundas só é viável com o petróleo a US$ 70 o barril, afirmou Chakib Khelil.

Os Estados Unidos anunciaram um corte na taxa básica de juros, que deverá ser repetida pelo Banco do Japão, Banco Central Europeu (BCE) e pelo Banco da Inglaterra. A ação tem objetivo de impulsionar as economias locais. As autoridades monetárias de diversos países estão fazendo cortes individuais de suas taxas básicas para tentar amenizar os efeitos da pior crise financeira dos últimos 80 anos.

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano, na sigla em inglês) deve cortar o juro para 1%, como prevêem analistas, decisão amplamente esperado pelos agentes do mercado. Na Europa, o principal índice acionário do continente, o FTSEurofirst 300, subia mais de 4%. Governos ao redor do mundo já se comprometeram em injetar nos mercados cerca de US$ 4 trilhões para tentar por fim à crise que nasceu de problemas no mercado imobiliário dos Estados Unidos.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter inalterada a taxa básica de juros, a Selic, que continuará em 13,75% ao ano. A decisão do Copom foi tomada por unanimidade e justificada com “o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, em ambiente de maior incerteza”.

Portugal: campanha agressiva no Turismo Diante da crise financeira, o Turismo de Portugal decidiu apostar numa grande campanha para promover o país. Segundo admitiu o secretário de Estado do Turismo, o setor em Portugal tem registrado “alguma quebra” com a crise internacional, mas sublinhou que o Governo está apostando numa campanha “tremendamente agressiva” para conquistar novos mercados.

Segundo Bernardo Trindade, a quebra registra-se sobretudo ao nível do Reino Unido, um dos principais mercados emissores de turistas para Portugal, não só fruto da "incerteza internacional", mas também do enfraquecimento da libra em relação ao euro. “Isto torna o nosso destino mais caro, em termos relativos, quando comparado com o Egito, a Turquia e as Caraíbas, por exemplo”, referiu.

Por isso, Bernardo Trindade defendeu que Portugal, não tendo dimensão para se afirmar como um destino massificado e de preços baixos, deve apostar na qualidade. “Temos de ser atuantes e pró-ativos e é o que estamos a fazer nos nossos principais mercados emissores, com campanhas tremendamente agressivas ao nível do Reino Unido e uma aproximação cada vez mais forte com Espanha, França e Alemanha”, referiu.

Disse ainda que a aposta passa igualmente por mercados emergentes como Rússia, Japão e China, com "elevado potencial e com uma capacidade de gastar por turista maior do que a dos nossos principais mercados emissores".

A última reunião extraordinária do Conselho de Ministros foi decidido ainda, além da nacionalização do Banco Português de Negócios, a injeção de cerca de 4 bilhões de euros no sistema bancário português "através de ações preferenciais" para reforçar a solidez das instituições financeiras. O governador do Banco de Portugal vai "exigir às instituições de crédito que atinjam um nível de solvabilidade correspondente a 8% dos fundos próprios de base das instituições".

Segundo declarou o ministro das Finanças, não existe instituição bancária no país "que tenha problemas ao ponto de se colocar em perigo" de falência. "O Estado não permitirá que nada coloque em causa as poupanças dos portugueses" disse, pedindo que os cidadãos ignorem os “rumores”.

Sobre a proposta de garantias de até 20 bilhões de euros, Teixeira dos Santos entende que a proposta é distinta da nacionalização, já que esta é "um ato de força, enquanto aqui (se trata de) um ato negociado".

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