Produtores de Ovos Moles de Aveiro querem apoio político para exportar para o Brasil

Da Redação
Com Lusa

Ovosmoles_AveiroOs produtores de Ovos-moles de Aveiro querem que o poder político se empenhe na remoção das barreiras à exportação do doce tradicional para o Brasil, que exporta carne fresca para Portugal, exigindo reciprocidade.

Segundo disse à Lusa José Francisco Silva, presidente da Associação dos Produtores de Ovos Moles de Aveiro, em causa está o impedimento das autoridades brasileiras à comercialização do doce no país, com a alegação de que utiliza “ovos da natureza” na sua confecção, apesar de estar garantida a segurança alimentar dentro do prazo.

“É preciso ultrapassar questões de política econômica bilateral, que cabem ao poder político. Porque é que recebemos carne fresca do Brasil e o Brasil não pode receber os nossos produtos de doçaria? Está em causa a reciprocidade entre países”, afirma José Francisco.

O dirigente associativo considera ser necessário “criar um diálogo” entre as instituições responsáveis pela segurança alimentar dos dois países, a Direção Geral de Veterinária de Portugal e a Anvisa brasileira.

A Apoma “disponibiliza-se a prestar toda a informação técnica” para que as duas entidades possam trabalhar em conjunto, no sentido de criar um canal que permita certificar o produto no país de destino.

Aquela associação participou recentemente na Fenadoce, um certame de doçaria que se realiza em Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, e realizou reuniões com as universidades Federal e Católica, bem como no CENAC, um instituto de ensino técnico profissional da área da gastronomia, onde foi apresentado um trabalho sobre o percurso para a Qualificação Europeia dos Ovos-moles de Aveiro.

Os Ovos-moles de Aveiro foram o primeiro produto da doçaria portuguesa certificado pela União Europeia com Indicação Geográfica Protegida e aguarda despacho favorável da Comissão Europeia ao caderno de especificações para poder ser ultracongelado.

Um estudo científico encomendado à Universidade de Aveiro pela APOMA revelou que a validade do doce conventual feito à base de gema de ovo, pode passar dos atuais 15 dias para quatro meses, sem perder as características, desde que ultracongelado a 40 graus negativos, o que aumenta as possibilidades de exportação.

As potencialidades do mercado brasileiro, em especial no Estado do Rio Grande do Sul, foram confirmadas pela delegação da associação de produtores que participou pela primeira vez na FENADOCE, em Pelotas.

“Foi grato constatar que existe uma grande afinidade gustativa relativamente a este doce e a aceitação desta iguaria é extraordinária. Apreciámos a forma calorosa como fomos recebidos pelas doceiras locais”, relata José Francisco Silva.

A razão é que, afinal, os ovos-moles, ainda que com diferenças técnicas em relação aos de Aveiro, são já utilizados como matéria-prima na confeção da doçaria de Pelotas, desde há 200 anos: “os docinhos de Pelotas eram utilizados nos sumptuosos lanches nos grandes palácios dos “tubarões” do Charque (técnica de secagem de carne bovina), onde imperava o bem receber das senhoras finas da época, e ao mesmo tempo servia para anular o sabor intenso e agressivo da carne bovina crua e salgada”.

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