Produtor português quer incentivo para álcool de beterraba

 

Agencia Lusa

O presidente da entidade que reúne produtores de beterraba em Portugal disse na quarta-feira 05 de setembro, à Agência Lusa que a cultura deveria ter incentivos para a produção de biocombustível.

Tiago Petinga/Lusa

Um trabalhador num controle de qualidade num armazém de uma fábrica de beterraba na área de Coruche, 5 de Setembro de 2007.

Presidente da Associação Nacional de Produtores de Beterraba (Anprobe), Manuel Campilho afirma que, tendo em conta os custos de produção, em Portugal não é possível produzir açúcar ao preço que está sendo praticado nos mercados mundiais. Uma alternativa aos produtores seria a introdução de incentivos para aproveitamento da cultura para a produção de bioetanol.

Os produtores lusos de beterrabas foram afetados por medidas recentemente aprovadas por Bruxelas que prevêm redução na produção de açúcar na União Européia.

Inconformado por Portugal, que não é excedentário (produz apenas 20% do açúcar que consome), ter sido "tão penalizado como os que contribuem para o excedente", com uma redução percentual igual à dos grandes países produtores, o presidente da Anprobe adverte para a necessidade do aproveitamento desta cultura como biocombustível.

"É preciso um lobby português para se conseguir mais uma alternativa", disse, sublinhando que o recurso aos cereais para biocombustíveis está provocando um aumento do preço com implicações nos bens de consumo e conseqüentemente na inflação e taxas de juro.

No seu entender, o apoio à cultura de beterraba para produção de bioetanol, menos rentável mas com menos implicações na cadeia alimentar, deveria vir do imposto sobre os produtos petrolíferos e das penalizações aos que não cumprem o protocolo de Quioto.

"É preciso definir se os biocombustíveis são ou não estratégicos e é preciso conhecer qual a posição do ministro [português da Agricultura] sobre esta matéria", disse.

Recorde A produtividade da beterraba deve atingir este ano números recorde em Portugal, mas a redução da cota de produção de açúcar pode acabar com a cultura na próxima safra, advertiu o presidente da Anprobe.

Manuel Campilho disse à Agência Lusa que a safra deste ano, cuja colheita vai mais ou menos a meio (com 1.500 dos 2.500 hectares plantados já colhidos), está revelando valores recorde, da ordem das 90 mil toneladas por hectare, o dobro dos valores obtidos na primeira campanha, há uma década.

Sublinhando a importância estratégica desta cultura, que se apresenta como mais uma alternativa para os agricultores portugueses, o presidente da Anprobe acusou o governo luso de não ter sabido negociar a reforma para o setor, a qual, frisou, "foi feita de maneira que 2007/2008 será o último ano" desta cultura no país se nada for feito.

Para o presidente da Anprobe, o ministro luso da Agricultura, Jaime Silva, foi "mal informado e mal aconselhado", considerando-o responsável pela redução da cota de açúcar de beterraba das 70 mil toneladas para as 15 mil na safra de 2007/2008.

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