Presidente do Icep critica protecionismo brasileiro

"O Brasil é uma economia intrinsecamente protecionista", afirmou o responsável pela promoção das exportações portuguesas, defendendo diversificação da pauta.

Lisboa- O presidente do Icep, João Marques da Cruz, afirmou que "era muito importante Portugal conseguir exportar novos bens para o Brasil", reduzindo o peso dos tradicionais, mas, por outro lado, criticou o protecionismo brasileiro: "a economia brasileira é muito fechada, mais fechada que a China, é uma economia intrinsecamente protecionista, a única vantagem é a comunicação", afirmou o responsável pelo instituto português de promoção das exportações.

Marques da Cruz falava num seminário sobre oportunidades de negócio na China para as empresas portuguesas, mas não deixou de referir as prioridades do comércio externo português, que incluem, além da China e do Brasil, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, os Estados Unidos da América (EUA), os países exportadores de petróleo, a Rússia e os novos países do último alargamento da União Européia (UE).

Para o presidente do Icep, Brasil e China apresentam hoje diferenças significativas em relação às vendas portuguesas. As assimetrias começam pelo valor exportado: são, segundo o Icep, cerca de 180 milhões de euros num ano para o Brasil e quase 450 milhões de euros para a China.

Mas as diferenças estão também na pauta de produtos vendidos. "Nós para a China exportamos bens não tradicionais (destaque para máquinas e material de construção) e para o Brasil exportamos produtos tradicionais. No Brasil, o azeite português é símbolo de qualidade, mas era muito importante conseguirmos exportar novos bens".

Para Marques da Cruz é no lado brasileiro que está boa parte dos problemas à fraca expedição de produtos portugueses para o Brasil. "Tem havido muitas dificuldades. O Brasil tem uma das maiores taxas aduaneiras do mundo e não a vai alterar com Portugal sem que antes haja um acordo do Mercosul com a UE", observa o presidente do Icep.

João Marques da Cruz considera a relação comercial de Portugal com o Brasil "má". Ano após ano o saldo comercial volta a ser favorável aos brasileiros. Mas essa não é uma especificidade da relação bilateral. O comércio internacional português é estruturalmente deficitário, quer por culpa do grande volume de importação de petróleo, quer pela deficiente capacidade exportadora portuguesa.

O Icep estima que dos 30 mil milhões de euros de exportações de bens portugueses 75% ficam na UE e os outros 25% vão para o resto do mundo. "A prazo deveríamos ter 50% na UE e 50% no resto do mundo", conclui o presidente do Icep. Portugal Digital – Miguel Prado, correspondente em Lisboa.

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