Pouca exportação para o maior comprador

 

Abitrigo exige explicação da Argentina sobre aumento de exportações de trigo para países fora do Mercosul

 

Da Redação

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) vai questionar representantes da cadeia produtiva da Argentina pelo fato de o país vizinho aumentar em 126% as exportações de trigo em grão para países da África, Ásia, Oriente Médio, América Central, entre outros, enquanto que os embarques para o Brasil, o principal comprador do trigo argentino, o aumento foi de apenas 7,3%, segundo informações da Secretaria de Agricultura, Ganaderia, Pesca y Alimentos da Argentina (SAGPyA).

“É, no mínimo, estranho isso acontecer. A Argentina, como membro do Mercosul, deveria privilegiar os embarques para o Brasil, mas não é isso que vem ocorrendo. Em março desse ano eles suspenderam os embarques de trigo para o mercado brasileiro alegando proteção do abastecimento interno. Mas não é isso que se vê no levantamento que realizamos com base em informações da própria Argentina.

Eles aumentaram em 126% as vendas de trigo para diversos países e para nós não ocorreu isso. A pergunta que fica no ar é se somos parceiros no Mercosul e temos necessidade do trigo da Argentina, por que exportar mais para países fora do Mercosul e deixar o Brasil sem trigo? Se não sobrou trigo para exportar ao Brasil, como se explica a exportação de farinha de trigo, que eles continuam fazendo?”, questiona Samuel Hosken, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo.

Histórico – Desde o início do ano, o Brasil vem sofrendo duros golpes da Argentina, colocando a indústria brasileira em uma situação crítica. Em janeiro, por exemplo, o governo argentino reduziu de 10% para 5% o imposto de exportação para pré-mistura de farinha de trigo, ferindo, inclusive regras de comércio do Mercosul. Em março, suspenderam a exportação de trigo e mantiveram os embarques de farinha, o que obriga o Brasil a comprar trigo em outros mercados e pagando Imposto de Importação de 10% (essa tarifa é isenta para compra do trigo in natura dos argentinos). Em julho, os consumidores já começaram a sentir no bolso os impactos dessa decisão, com aumentos significativos nos produtos derivados do trigo (pães, massas e biscoitos), por conta do aumento de embarques de países como Canadá e EUA.

Atualmente, segundo o presidente da Abitrigo, a importação de “outros” países, fora do Mercosul é crescente e generalizada por todas as regiões brasileiras. “É preciso uma decisão rápida do governo brasileiro, pois já estão chegando as importações de trigo dos Estados Unidos e Canadá, que custam mais caro e são agravados pelo Imposto de Importação de 10%”, conclui.

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