Portugal sai do resgate sem programa cautelar, anuncia Primeiro-Ministro

Mundo Lusíada
Com Lusa

PassosCoelho_PrimeiroMinistroPortugal vai sair do atual programa de resgate financeiro sem recorrer a qualquer programa cautelar, regressando autonomamente aos mercados, anunciou o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.

“Hoje, em Conselho de Ministros, o Governo decidiu que sairemos do programa de assistência sem recorrer a qualquer programa cautelar”, afirmou Pedro Passos Coelho, numa declaração ao país, feita dia 04 a partir da sua residência oficial, em São Bento, Lisboa, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

“Depois de uma profunda ponderação de todos os prós e contras, concluímos que esta é a escolha certa na altura certa. É a escolha que defende mais eficazmente os interesses de Portugal e dos portugueses e que melhor corresponde às suas justas expectativas”, acrescentou.

Pedro Passos Coelho discursou na presença de todos os ministros do executivo PSD/CDS-PP, com exceção da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, que se fez representar pelo secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque.

Pedro Passos Coelho considerou hoje que os portugueses podem estar “tranquilos” com a saída do atual resgate sem recurso a um programa cautelar, e afirmou ser “a decisão certa”.

Por outro lado, queixou-se da “falta de compromisso político” do PS nos últimos três anos, mas terminou a sua intervenção com uma mensagem de confiança no futuro. Passos Coelho assinalou que quando o atual programa de resgate a Portugal foi negociado, em 2011, o Governo do PS contou com o apoio do PSD e do CDS-PP, então na oposição.

“Infelizmente, quando foi preciso cumprir o programa, um apoio idêntico não existiu. A falta de compromisso político acentuou ainda mais as incertezas e as dificuldades, obrigando, por vezes, à alteração de medidas e das correspondentes expectativas das pessoas. Foi a determinação extraordinária dos portugueses – e, é justo dizê-lo, de muitos parceiros sociais – que nos permitiu superar todos os obstáculos”, considerou.

Ressalvando que há ainda “um longo caminho para percorrer”, Passos Coelho sustentou que Portugal recuperou confiança e credibilidade e tem uma “esperança no futuro” que há muito não conhecia.

O primeiro-ministro repetiu várias vezes que o país está “no caminho certo” e defendeu que “esta não é a hora para voltar atrás” e “deitar tudo a perder”.

No início da sua intervenção, afirmou que o Governo executou “um programa tão exigente e tão duro” para salvar “o projeto de uma democracia europeia, com um Estado social forte e uma economia social de mercado próspera” criado com o 25 de Abril. “Sei que o crescimento que regressou à economia no último ano ainda não se traduziu em melhorias no dia-a-dia de muita gente”, referiu.

“Sei que os portugueses querem ver concretizados esses resultados, com mais e melhores empregos, com a recuperação das pensões e salários que foram cortados, com o alívio dos impostos que foram aumentados, com mais oportunidades para os nossos jovens, com o regresso dos que emigraram involuntariamente. O nosso trabalho diário, e o nosso objetivo, é garantir que os resultados chegarão a todos tão rapidamente quanto possível”, completou.

No final do seu discurso, o primeiro-ministro falou em “começar a sarar as feridas que foram abertas nos momentos mais difíceis da emergência nacional”, e deixou promessas aos portugueses.

“É meu compromisso convosco que não voltaremos à política da estagnação e da irresponsabilidade que nos empurrou para o precipício. Que a recuperação do emprego e da economia estará no centro das prioridades do Governo. E que continuaremos a liderar um processo de mudança reformista para trazer a prosperidade, para corrigir as injustiças e as desigualdades e para democratizar a sociedade e a economia”, declarou.

Presidente lembra quem falou em segundo resgate

No dia 05, o Presidente português lembrou as afirmações de agentes políticos, comentadores e analistas de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate, questionando o que dirão agora que foi anunciada uma ‘saída limpa’.

“O que mais me vem à memória, no dia de hoje, são as afirmações peremptórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate. O que dizem agora?”, questiona o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, num ‘post’ publicado na sua página na rede social Facebook.

Cavaco Silva acrescenta que “é apenas isto” que responde a todos que pedem uma reação sua ao anúncio feito no domingo pelo primeiro-ministro e recomenda “a leitura integral – e não truncada – do prefácio” que escreveu em março para o Roteiros VIII, disponível no ‘site’ da Presidência da República.

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