Plano de ação conjunta aprofunda elo entre Brasil e China

Da Redação Com Agencia Lusa

Os presidentes do Brasil e da China anunciaram a criação de um Plano de Ação Conjunta para aprofundar a parceria estratégica bilateral, e reiteraram a intenção de reforçar o seu peso em instituições internacionais como o Banco Mundial.

No segundo dia da sua visita à China, o presidente Lula esteve reunido durante uma hora com o seu homólogo chinês, Hu Jintao, num encontro em que, segundo nota divulgada pelo ministério chinês das Relações Exteriores, "foi alcançado um consenso no aprofundamento da parceria estratégica bilateral e decidido iniciar a formulação de um Plano de Ação Conjunta".

Lula, citado pela agência oficial chinesa Xinhua, adiantou que o Plano estabelecerá os "alicerces de uma expansão da cooperação no período 2010-2014". Esta segunda visita à China no seu mandato, "vai melhorar ainda mais as relações bilaterais e fortalecer a cooperação financeira e comercial", disse o chefe de Estado brasileiro à imprensa.

China e Brasil "têm mais para celebrar" em 35 anos de relações bilaterais do que "países que têm relações há mais de 100 anos", adiantou o Lula, falando na simbólica praça Tianamen, centro da capital chinesa.

A China é já o maior parceiro comercial brasileiro, depois de ter ultrapassado os Estados Unidos. Os dois presidentes também apadrinharam a assinatura de 13 acordos de cooperação empresarial, científica, agrícola, bancária e petrolífera.

Qualificando o Brasil de "velho amigo", Hu Jintao afirmou esperar que a visita "eleve o desenvolvimento das relações a um novo patamar". Hu propôs, em particular, o aprofundamento da cooperação em áreas-chave como as de infra-estruturas, energia, minerais, indústria e agricultura.

Segundo Lula, Brasil e China "têm de estar plenamente conscientes da sua responsabilidade partilhada em ajudar a fazer vingar as reformas fundamentais na governação global de que o mundo tão urgentemente necessita".

O comunicado difundido após o encontro entre os presidentes frisa a necessidade de reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial que reforce a representação e voz de países em desenvolvimento, e lança um apelo para que as instituições internacionais aumentem a ajuda concedida, face ao atual cenário de crise global.

Os dois países terão na segunda metade de 2009 um segundo momento de "diálogo estratégico", adianta o documento.

Antes do encontro com Jintao, Lula encontrou-se com o primeiro-ministro Wen Jiabao e com o vice-presidente Xi Jinping.

Durante a manhã, inaugurou um centro de estudos brasileiros em Pequim e presidiu um fórum empresarial, durante o qual apelou ao investimento chinês no país. "O Brasil e a China não devem ter medo um do outro. Pelo contrário, podemos cimentar as trocas e o diálogo enquanto grandes países e fortes parceiros comerciais", afirmou.

Petrobras: US$ 10 bilhões da China A Petrobras também anunciou que vai receber um empréstimo de US$ 10 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China para financiamento próprio e compra de bens e serviços no país asiático.

Paralelamente, a empresa assinou um acordo com uma filial chinesa Sinopec, principal refinaria asiática, que prevê a entrega de petróleo bruto durante 10 anos.

Segundo um comunicado da Petrobras, "no quadro do contrato assinado com o Banco de Desenvolvimento da China, foi acordado um aumento das exportações atuais de petróleo bruto do Brasil para a China". "Os volumes de exportação serão de 150 mil barris por dia no primeiro ano e de 200 mil barris por dia durante os restantes nove anos", indicou.

O empréstimo foi concedido no âmbito da visita que o presidente Lula fez ao país, e anunciado após um encontro com o seu homólogo chinês, Hu Jintao.

Também foi anunciado, durante um seminário empresarial em Pequim, que a maior indústria automobilística chinesa, a Chery, vai instalar uma fábrica no Brasil para a produção de 150 mil veículos por ano.

Segundo o secretário-executivo do ministério brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Ivan Ramalho, citado pela Folha Online, a Chery está estudando locais para a instalação da fábrica nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará.

A decisão deverá ser anunciada em dois meses e a produção dos veículos, que inicialmente se limitará ao modelo A3, deverá começar em 2012.

Abertura O seminário empresarial em Pequim fez parte da agenda da visita de três dias de Lula, que tem como objetivo a ampliação das trocas comerciais entre os dois países e a captação de mais investimentos chineses para o Brasil.

Após o encontro entre os dois chefes de Estado, foram ainda alcançados progressos na abertura do mercado chinês à carne brasileira, com a assinatura de um acordo para a eliminação de barreiras à venda de carne de aves. Contudo, o impasse em relação ao comércio de bovinos e suínos foi mantido.

A venda de carne de aves brasileiras à China já é permitida, mas Brasília se queixa da demora na concessão de licenças de transação, por parte das autoridades chinesas, o que na prática impede o comércio destes produtos.

Em relação à carne bovina, o Brasil já exporta para a China pequenas quantidades, mas algumas barreiras sanitárias impostas por Pequim, devido às suspeitas de casos de febre aftosa em alguns estados brasileiros, não permitem o crescimento das exportações.

O grande objetivo do Brasil é conseguir a abertura do mercado chinês às exportações de carne de porco, já que este mercado absorve 40% da produção mundial do produto.

A China se tornou em abril o principal parceiro comercial do Brasil, superando os 80 anos de domínio dos Estados Unidos no posto, com as trocas atingindo US$ 3,2 bilhões.

Segundo dados do governo brasileiro, o volume de comércio bilateral entre o Brasil e a China, em 2008, cresceu 55,9% em relação ao ano anterior. As trocas comerciais se baseiam fundamentalmente na venda de soja, petróleo, ferro, pelo Brasil a China.

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