Ordem: É preciso “reter em Portugal” enfermeiros para evitar emigração

Da redação com Lusa

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros afirmou, nos Açores, que é preciso “reter em Portugal” os profissionais recém-licenciados, alertando que mais de mil enfermeiros emigraram em 2020, em plena pandemia de covid-19.

“Já estamos sobrecarregados há muito tempo desde que começou a pandemia e, por isso, é fundamental reter em Portugal aqueles que acabam agora os seus cursos. E foi esta a ideia que também transmiti ao presidente do Governo Regional”, disse Ana Rita Cavaco, em declarações à agência Lusa.

A bastonária, que reuniu na quinta-feira, no Faial, com o chefe do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, esteve hoje no Pico, onde visitou com o presidente da Ordem nos Açores, Pedro Soares, e com o secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, o centro de vacinação contra a covid-19 nas Lajes do Pico, no âmbito da “Operação Periferia”, que prevê a vacinação em massa das ilhas dos Açores sem hospital, e que arrancou hoje naquela ilha.

Ana Rita Cavaco lembrou que em 2020 registrou-se “uma emigração de cerca de 1.230 enfermeiros a nível nacional”.

“E, gostaríamos que este ano isto não acontecesse e que todos os enfermeiros recém-licenciados possam vir a ajudar todos os outros que já estão efetivamente desgastados pela questão da pandemia e agora pelo processo de vacinação”, sublinhou.

Na ilha do Pico, a bastonária realçou ainda “o grande envolvimento” nos Açores da Ordem no processo de vacinação contra a covid-19.

“Têm feito um excelente trabalho. Estão muito bem organizados, visitei o centro de vacinação no Pico. E estão bem organizados como em qualquer ponto do país que visitei”, vincou, dizendo que a expectativa é que se “atinja nos Açores rapidamente a imunidade de grupo” para que as pessoas possam ter “melhor qualidade de vida”.

De acordo com uma nota divulgada pelo Governo Regional, o presidente do Governo dos Açores deixou o “compromisso” de “dignificar” com “justiça” as carreiras dos enfermeiros no arquipélago, uma garantia que, para a bastonária da Ordem, irá permitir “corrigir irregularidades” e “injustiças” da progressão na carreira.

O chefe do executivo açoriano, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, deixou uma palavra de “compromisso”, constante inclusive do Programa de Governo, de “dignificar” com “justiça” as carreiras destes profissionais, “sempre com enquadramento nas disponibilidades financeiras” da Região.

Em declarações à agência Lusa, a bastonária explicou que o acordo terá de ser “fechado entre o Governo Regional dos Açores e os sindicatos” e que “terá de ser de uma forma faseada”.

A bastonária da Ordem, Ana Rita Cavaco esclareceu que permitirá “corrigir uma injustiça” tal como o Governo Regional da Madeira já fez, mas o Continente “ainda não”.

“Tivemos um vazio legal em termos de carreira desde 2009 até à publicação desta nova carreira em 2019, mas que, na verdade, nunca se iniciou por causa da questão dos pontos que não atribuiu descongelamento aos enfermeiros”, disse ainda a bastonária.

Segundo lembrou Ana Rita Cavaco, “os enfermeiros só podem progredir na sua carreira através da atribuição de pontos”, na sequência do “descongelamento das carreiras da função pública”.

Na prática, especificou, “um enfermeiro hoje com 20 anos de profissão ganha os mesmos 1.205 euros brutos que um enfermeiro que acabe agora o seu curso”.

Na audiência com a bastonária, o presidente do Governo Regional dos Açores demonstrou um “reconhecimento grato” pelo “empenho, dedicação, profissionalismo e competência” destes profissionais nos Açores, “em todas as áreas”, nomeadamente no atual processo de vacinação contra a covid-19, momento de “grande intensidade” laboral, segundo a nota do executivo açoriano.

Casos Covid

Em Portugal, morreram 17.061 pessoas dos 862.926 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Lisboa e Vale do Tejo pode ultrapassar 240 casos de infecção com o novo coronavírus por 100 mil habitantes em 15 dias e a variante Delta deve sobrepor-se nas próximas semanas, refere a análise de risco da pandemia.

“O Rt (índice de transmissibilidade do vírus) apresenta valores superiores a 1 ao nível nacional (1,14) e em todas as regiões de saúde, sugerindo uma tendência crescente. Esta tendência crescente é mais acentuada na região de Lisboa e Vale do Tejo, que apresenta um Rt de 1,20”, adianta o relatório das “linhas vermelhas” da pandemia de covid-19 hoje divulgado.

Já no Algarve, um terço dos casos de covid-19 são de estrangeiros, na sua maioria turistas, segundo a delegada de Saúde regional, pedindo que a fórmula de cálculo da taxa de incidência seja revista.

Desde 01 junho, houve um total de 456 casos positivos na região, dos quais 34% de pessoas de outras nacionalidades, com maior incidência nos britânicos (46%), franceses (10%) e brasileiros (9%), revelou Ana Cristina Guerreiro em conferência de imprensa.

Segundo a responsável, existem concelhos onde os casos entre os estrangeiros, quer residentes, quer turistas, representam mais de 50% do total, com Albufeira em primeiro lugar (65%), Aljezur (57%) e Tavira (54%).

O número de casos de covid-19 no Algarve triplicou na última semana, passando de uma média de 26 casos por dia, até ao início desta semana, para 84, nos últimos três dias, colocando a taxa de incidência da doença em 117 casos por 100 mil habitantes.

Para a delegada de Saúde regional, o cálculo do número de casos sobre a população residente “é um erro”, já que a população habitual “é muito mais pequena que a que temos neste momento ou vamos ter nos meses de julho e de agosto”.

A delegada de Saúde junta-se, assim, aos autarcas da região, que reivindicam uma alteração na fórmula de cálculo, nomeadamente os presidentes das câmaras de Loulé e Albufeira, que hoje pediram uma contabilização dos turistas para que o cálculo seja proporcional ao número real de pessoas que estão nos concelhos.

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