Língua Portuguesa é atrativo para Câmaras

Conselho das Câmaras sai do eixo Brasil-Portugal e promove negócios entre países lusófonos. Encontro empresarial acontece em Setembro de 2009.

Por Odair Sene Do Jornal Mundo Lusíada

Mundo Lusíada

>> Junto ao embaixador de Portugal, Francisco Seixas da Costa, os representantes das Câmaras presentes, homenageados e o cônsul de São Paulo, José Guilherme Queirós de Ataíde.

O embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Seixas da Costa, esteve presente no lançamento do V Encontro Empresarial de Negócios em Língua Portuguesa, que ocorrerá daqui um ano, em setembro de 2009, na capital cearense. O Consulado-Geral de Portugal em São Paulo abriu suas portas para receber, nesta terça-feira 16 de setembro, autoridades e executivos de empresas luso-brasileiras.

O evento foi promovido pelo Conselho das Câmaras Portuguesas no Brasil, presidido por Rômulo Alexandre Soares, anfitrião da noite. E teve intuito de divulgar o encontro empresarial que promove um estreitamento nas relações econômicas entre empresas dos oito países lusófonos. Além de São Paulo, outras apresentações do encontro deverão acontecer também no Rio de Janeiro, e nas capitais de Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique.

O embaixador Seixas da Costa foi um dos defensores de uma maior abertura das Câmaras Portuguesas. Em entrevista ao Mundo Lusíada, Seixas da Costa defendeu a facilidade de negócios em língua portuguesa, e o trabalho em conjunto das Câmaras e Embaixada. "No passado, antes da minha chegada em 2005, muito bom trabalho foi feito. Em particular, no lançamento da própria estrutura do Conselho das Câmaras, que conseguiu criar uma dinâmica e uma cultura própria de trabalho em conjunto por parte das várias câmaras, que se tinha habituado muito, até pela sua diversa dimensão, a operar isoladamente. E o Estado português, quer através da Embaixada quer através do ICEP, hoje AICEP, ajudou a federar o trabalho das câmaras e a criar esse paradigma comum que hoje se nota e que funciona de forma muito eficaz".

Toda esta dinâmica atual deve-se sobretudo à direção do Conselho das Câmaras, defende. "Deve-se muito ao papel do Dr. Antonio Carrelhas e a capacidade federadora dele acabou por ter na juventude, no entusiasmo do Rômulo Alexandre, uma nova cara, e uma nova cara corresponde também a um novo tempo. Por isso passamos dos congressos Brasil-Portugal para os Encontros Empresariais, numa dinâmica que procura sair do modelo formal, mais discursivo, para um modelo mais atrativo" diz, defendendo ainda o lançamento deste novo modelo a longo prazo, afinal, "nunca se fez um lançamento com tanta antecedência, com agregação do governo local e várias entidades", diz o Embaixador, referindo-se ao encontro que será promovido no próximo ano, em Fortaleza.

Poder da Língua Portuguesa Segundo Seixas da Costa, a língua portuguesa vem assumindo, nos últimos anos, um novo papel para o Brasil, apesar das pessoas não se darem conta disso. "O Brasil, durante muitos anos, não utilizou a língua portuguesa como fator de poder. No relacionamento entre países de expressão portuguesa, o Brasil é o maior país. Não é o país onde nasceu a língua mas onde ela mais progrediu sob o ponto de vista até da própria dinâmica demográfica" defende o diplomata.

Mas este é um assunto que tem muitos pontos de vista. "O Brasil é a chave do futuro da língua portuguesa, não canso de dizer isso, às vezes não sou bem compreendido em Portugal quando digo isto. Mas a questão é sobretudo nos mais de 180 milhões de brasileiros que está o futuro da língua portuguesa. Independente da colaboração que outros países possam dar e que é enriquecedora".

Aproveitando o lançamento do Encontro Empresarial de Negócios em Língua Portuguesa, Seixas da Costa reforçou o "poder" do idioma no espaço comum e que às vezes não é bem aproveitado. "Tendo em conta hoje, o que é a nova dinâmica em Angola, em paz numa eleição democrática importante, com papel cada vez mais decisivo a nível de suas próprias empresas, por exemplo, no mercado português e brasileiro; A estruturação que existe hoje em Moçambique e o interesse que existe para o mercado moçambicano; Aquilo que hoje une cada vez mais um país e que é modelo para a África que é Cabo Verde, o país mais próximo, entre o Ceará e a Europa. A todo sentido, procuramos explorar todas essas potencialidades e a língua portuguesa. E eu felicito muito o Conselho das Câmaras e a Câmara do Ceará pela oportunidade que agarraram e criaram um modelo novo para este nosso encontro".

Do Ceará ao RS O novo modelo de encontro empresarial lançado pelo Conselho das Câmaras é uma nova dinâmica que entusiasmou as Câmaras, órgãos que têm dimensões diferentes. "A de São Paulo tem muito mais sócios que a do Ceará, Rio Grande do Sul, ou Paraná. Mas é importante criarmos modelos que, ao mesmo tempo, criem nas pequenas câmaras o interesse de colaborar num projeto coletivo".

Defendendo o fortalecimento pelo conjunto, Seixas da Costa citou problemas que enfrentam as câmaras, como dificuldade em "arrancar". "Uma empresa só quer entrar para uma câmara desde que essa câmara lhe dê alguma vantagem" garante. De acordo com Seixas da Costa, o Conselho das Câmaras permite encontrar um mercado mais global e uma dimensão das atividades do associado muito maior do que oferece a câmara local. "E para que um empresário no Paraná, ou Ceará, sinta entusiasmado não apenas com aquilo que a própria câmara local lhe dá mas também com o que ele ganha ao fazer parte de um grande conjunto de câmaras em termos de contatos, conhecimento e dinâmica dos negócios".

"Eu assisti algumas reuniões do Conselho das Câmaras, sou um ‘intruso’ nessas reuniões mas sou simpaticamente convidado" disse citando ainda o papel de colaboradores da Embaixada de Portugal e da AICEP. Para o diplomata, que encerra sua gestão à frente da Embaixada lusa no Brasil no final deste ano, seus quatro anos no país foram "muito positivos" no âmbito dos congressos empresariais, eventos que discutiram, por sugestão dele próprio, temas ligados ao turismo e energia.

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