Líderes europeus querem FMI com US$ 500 bilhões para evitar crises

A crise econômica e financeira que atinge Portugal já encerrou mais de 600 bares e restaurantes nos últimos meses. A taxa de desemprego sobe em Portugal para 8,1% em janeiro.

Do Jornal Mundo Lusíada Com agências

Os líderes europeus do G20, países mais ricos do mundo e principais economias emergentes, apelaram para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) possa contar com US$ 500 bilhões para fazer face à novas crises que surjam na economia global.

"Decidimos que as instituições internacionais devem ter US$ 500 bilhões para permitir a elas não apenas enfrentar as crises, como também impedi-las", disse, citado pela agência France Presse, o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, questionado sobre a crise bancária na Europa Central e do Leste, onde várias moedas se desvalorizaram fortemente.

Na declaração final da reunião em Berlim com ministros e chefes de Estado de Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha e a República Tcheca, que se preparam para a cúpula do G20 programada para abril, os líderes europeus pediram a duplicação dos recursos do FMI "para permitir a ajuda a seus membros de maneira rápida e flexível quando passarem por dificuldades em seu balanço de pagamentos".

A reforma das instituições financeiras internacionais era um de cinco pontos presentes na agenda da reunião de Berlim. "No que diz respeito aos riscos financeiros globais, o FMI e o fórum de estabilidade financeira devem desenvolver e reforçar a sua cooperação de forma a construir mecanismos eficazes de alerta precoce", aponta um documento da responsabilidade do governo alemão, citado pela agencia Reuters.

A transparência e o aprofundamento da regulação são outras prioridades. "Todos os mercados financeiros, produtos e participantes – incluindo os ‘hedge funds’ e outro tipo de grupos de investidores que possam constituir um risco para o sistema – têm de estar apropriadamente regulados e supervisionados", afirmaram os líderes europeus.

Baixo índice de confiança Em fevereiro, o índice de confiança dos consumidores e dos empresários continuou a cair, tanto na zona euro como na União Européia (UE), batendo agora novos recordes e chegando ao pior desempenho da história, desde que o indicador do Sentimento Econômico (ISE) foi publicado pela primeira vez em 1985. Segundo informações da Comissão Européia, o ISE recuou 2,2 pontos na UE e 1,8 ponto na zona euro, para 61 e 65,4 pontos, respectivamente.

Já a taxa de desemprego subiu na zona do euro para 8,2% e em Portugal para 8,1% em janeiro, de acordo com os dados divulgados pela agência européia de estatísticas (Eurostat). Entre os 27 estados-membros, as taxas mais baixas de desemprego verificaram-se na Dinamarca (2,8%) e na Áustria (4%) e as mais elevadas na Espanha (14,8%) e Letônia (12,3%), países que foram também responsáveis pelas mais altas subidas na UE.

Comparando os valores de janeiro deste ano com o mesmo mês de 2008, Espanha passou de uma taxa de desemprego de 9% para 14% e Letônia subiu de 6,2% para 12,3%. A taxa de desemprego nos homens subiu para 7,9% entre janeiro de 2008 e janeiro deste ano na zona do euro. Entre as mulheres, por sua vez, a taxa subiu quatro décimos na Euroregião, para 7,5%. A taxa de desemprego nos jovens (abaixo dos 25 anos) foi de 16,9% na zona do euro, enquanto em janeiro de 2008 foi de 14,6%.

Em Portugal, a confiança voltou também a recuar em fevereiro, caindo para 61,2 pontos, contra 65,8 pontos, e diminuindo em todos os setores que integram o indicador: indústria, serviços, consumo, varejo e construção.

A taxa de desemprego em Portugal subiu de 7,9% em dezembro de 2008 para 8,1% em janeiro deste ano, contra os 7,7% verificados em janeiro do ano anterior, dados que colocam Portugal entre os 10 primeiros países da Europa com mais desempregados. O desemprego jovem no país agravou, comparativamente ao mês homólogo de 2008, de 15,9% para 17,7%. A crise econômica e financeira que atinge Portugal já levou ao encerramento de mais de 600 bares e restaurantes nos últimos dois meses, de acordo com reportagem publicada pelo jornal Correio da Manhã, de Lisboa. Os dados recolhidos pelo jornal junto de 25 associações comerciais de todo o país revelam que nos últimos dois meses, entre meados de Dezembro e de Fevereiro, fecharam as portas um total de 609 estabelecimentos, sendo 366 restaurantes e snack bares e 243 cafés, bares e pastelarias.

De acordo com o Correio da Manhã, a maioria dos encerramentos teve lugar no distrito de Lisboa (189), Porto (144) e Braga (52) e deixaram desempregados pelo menos 1800 trabalhadores.

Lucro de bancos portugueses cai 40% Queda também para os bancos lusos. Os cinco maiores bancos portugueses obtiveram lucros de 1,73 bilhões de euros em 2008, menos 40% do que no ano anterior, segundo cálculos feitos pela Agência Lusa. A maior queda do lucro foi do principal banco privado, o Millennium BCP, cujo resultado líquido caiu 64,3% para 201,2 milhões de euros, com 232,6 milhões de euros de perdas registradas no ano passado com a oferta de compra e depois o projeto de fusão com o BPI, ambos sem sucesso.

A única das cinco instituições que conseguiu um aumento do lucro foi o Santander Totta, que sem participações financeiras evitou o impacto negativo de desvalorizações que afetaram todos os concorrentes. Foi portanto o banco que teve maior lucro em Portugal, com 517,7 milhões de euros, um aumento de 1,5% em relação ao resultado de 2007.

A menor queda do resultado líquido foi do BES, que lucrou 402,3 milhões de euros, menos 33,7% que os 607 milhões de 2007, com reforço generalizado das provisões, sobretudo para crédito e títulos. Contudo, houve uma desvalorização de 180 milhões de euros nas participações que tem na Portugal Telecom, EDP e Bradesco.

O banco estatal CGD lucrou 459 milhões de euro, em queda de 46%, afetado principalmente pela desvalorização das participações financeiras na ZON Multimédia, de 262 milhões de euros, no BCP, de 220 milhões de euros, e imparidade (perdas potenciais) de outros títulos na área de seguros, no valor de 125 milhões de euros.

O BPI registrou uma descida de 57,7% do lucro, para 150,3 milhões de euros, sobretudo pelo impacto negativo, de 184,4 milhões de euros, da participação que tinha no capital do BCP.

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