Índia e China são as prioridades para a nova AICEP

 

De Portugal Digital

Lisboa – A reestruturação das entidades do comércio exterior português e de captação de investimentos deram origem à Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), resultante da fusão do ICEP com a Agência Portuguesa para o Investimento (API). Um processo que ainda não está concluído e que deverá levar a alterações significativas na estratégia de promoção comercial e de investimento de Portugal.

Índia e China são as novas grandes apostas. No Brasil, São Paulo continuará a acolher a delegação da nova AICEP, de acordo com o jornal Diário Económico, de Lisboa.

A fusão do ICEP com a Agência Portuguesa para o Investimento (API) vai criar uma nova rede para promoção e atração de negócios no exterior, alterando os mercados prioritários para a política comercial portuguesa. Na base está um estudo encomendado pela Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) à consultora Toplever – a que o Diário Económico teve acesso –, onde se conclui que “a atual rede externa está classificada segundo critérios de natureza interna, não existindo uma correlação entre a dimensão do mercado e o tipo de delegação”.

Agora, e mesmo assumindo como critério principal os países para onde Portugal mais vende – 86% das exportações portuguesas estão concentradas em nove países – a nova rede vai ser reformulada para sustentar a presença das empresas nacionais em novos mercados.

Ao mesmo tempo, a necessidade de captação de investimentos estrangeiros é uma preocupação que passará a ser exigida aos delegados. O dimensionamento de cada ponto, seja centro de negócio, escritório ou representação terá em conta a atual situação de cada mercado, mas também o seu potencial.

Assim se explica a aposta em Madrid, Paris, Berlim, Londres, Milão, Estocolmo, Varsóvia, Nova Iorque, S. Paulo, Singapura, Xangai, Luanda e Rabat com ‘business unit’ das quais vão depender outros mercados onde a representação é menor.

“A idéia de estabelecer ‘business unit’ que coordenam outras unidades é interessante tendo em conta a necessidade de racionalização de meios”, defende Pedro Feytor Pinto, o delegado em Rabat. Um elogio secundado pelo delegado em Berlim, Harald Tauchamer, que garante que “a hierarquização faz todo o sentido”.

A definição da rede “é um processo dinâmico” assegura a nova direção da AICEP, que “terá em conta a evolução potencial de cada mercado e o respectivo desempenho da AICEP em cada ponto de rede”. Mas para já são apontados alguns defeitos a uma concepção por vezes alheada da realidade. Muitos dos delegados ouvidos pelo DE sublinham que as dependências escolhidas não são as mais acertadas, sendo o exemplo mais apontado o fato de o ‘business office’ de Nova Deli depender da ‘business unit’ de Londres, ou o ‘business office’ de Maputo depender da ‘business unit’ de Luanda, quando se trata de mercados totalmente distintos. Outros sublinham o erro que foi separar exportações e investimento, como aconteceu durante alguns anos quando os destinos da API e do ICEP estiveram separados.

Austrália, Chile, Eslováquia e Tunísia foram os quatro mercados onde o ICEP já estava presente, mas que agora estão em reavaliação. O mapa da nova rede, que já foi enviado para as várias delegações do ICEP no exterior, prevê ainda alterações no quadro de pessoal. A nova rede comercial portuguesa “A localização dos pontos de rede será determinada com base no potencial do mercado de exportações.” A dimensão das novas unidades, prossegue a AICEP, terá em conta a dimensão e o potencial de cada um dos mercados, dividindo-as em três categorias: ‘business units’, ‘business offices’ e ‘business points’. Os primeiros são os maiores e estarão localizados nos mercados de maior dimensão – que ultrapassem os 2,5 mil milhões de dólares em exportações. Já os últimos, podem até ser colados à atual rede de consulados, representando um ‘business point’ de contato no exterior, em mercados com potencial relevante, mas cujo intervalo de exportações potenciais se fique pelos 250 milhões de dólares.

A grande vantagem desta nova rede é a concentração a partir de mercados relevantes, com uma otimização de recursos, maior concentração de gestão, maior proximidade na articulação de ações locais, menor número de reportes à estrutura central e ainda uma maior facilidade na gestão de carreiras. Diplomacia econômica Diplomacia econômica tem sido a palavra de ordem para a necessidade de também as embaixadas se envolverem no esforço de promoção de Portugal no exterior. No entanto, no documento a que o Diário Económico teve acesso não há qualquer menção à forma como esta rede da AICEP se interliga com as embaixadas portuguesas. Desde o início do processo de fusão ICEP/API sempre foi reiterado o objetivo de co-localização, ou seja, colocar a delegação da AICEP nas embaixadas de Portugal, sempre que seja possível. Um processo que deveria estar concluído até 2010.

Na rede agora redefinida apenas é sugerido que os ‘business points’ (localizados nos mercados de menos dimensão, mas com potencial relevante) sejam localizados na rede consular. Uma idéia que suscitou algumas dúvidas de exeqüibilidade tendo em conta a recente reforma da rede consular. Pela nova natureza da AICEP também os organismos que envolvem os embaixadores (Alto Conselho de IDE e Fórum de Embaixadores) vão ter de ser revistos.

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