Fórum debate potencial econômico das comunidades portuguesas

Da Redação

Aconteceu no dia 22 o I Fórum dos Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e ao Investimento da Diáspora, no
Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, Portugal.

Entre os participantes, esteve a pesquisadora Denise Quintela, que identificou a importância da diáspora na divulgação das marcas-lugar em Portugal, tendo em conta a sua influência nos variados países onde os portugueses vivem.

A investigadora da Universidade Nova de Lisboa e do ISCTE falava sobre “A importância da diáspora na construção de marcas-lugar”, durante o I Fórum dos Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e ao Investimento da Diáspora.

As marcas-lugar (um lugar, com o seu conceito e características, como espaço, cultura local, arte, culinária) têm sido dinamizadas pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, indicou Denise Quintela, que vê na diáspora uma excelente forma de dinamização e internacionalização dos espaços e lugares, a par do investimento.

“As autarquias têm de ter um gabinete para a divulgação das marcas lugar, que não é um gabinete de comunicação – o qual é apenas uma das áreas envolvidas – e têm de interagir com a diáspora”, adiantou à agencia Lusa.

E prosseguiu: “A relação com a diáspora tem de ser constante, não é só para captar determinados investimentos. Captar, sim, mas depois prosseguir com essa relação”.

Trata-se, segundo a sua análise, de uma ação de “diplomacia pública” que pode ser feita em ligação estreita entre os municípios e a sua diáspora.

“Ao criarem conceitos de desenvolvimento, de negócio, de ciência, as marcas podem, em articulação com a diáspora, potenciar para atrair o investimento, o talento, os residentes, turismo, etc.”, prosseguiu.

Segundo Denise Quintela, a diáspora “é fundamental” na colaboração com as várias áreas de política pública, os setores empresarial e social. Todos podem beneficiar”.

“Portugal tem o eixo da estima ganho, mas tem de ganhar o eixo do respeito, porque é potenciador da captação de investimento”, defendeu.

Investimento Diáspora

O I Fórum dos Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e ao Investimento da Diáspora, destinado a municípios, comunidades intermunicipais, regiões autónomas, associações empresariais e de desenvolvimento, apresentou programas de apoio a emigrantes e/ou ao investimento da diáspora e a partilhar boas práticas municipais de valorização das comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.

Entre elas está a Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora, formalizada durante o fórum, arrancando com mais de 300 entidades. Uma rede que permitirá aos municípios “reforçar o envolvimento das comunidades portuguesas nas suas estratégias” para terem “mais pessoas, mais investimento, mais coesão e mais internacionalização”, afirmou Paulo Cafôfo.

“Considero que este Fórum surge como uma resposta ao desejado reforço de articulação entre o poder local, poder regional e as comunidades portuguesas, para potenciar o desenvolvimento do nosso país” declarou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Segundo Cafôfo, as comunidades portuguesas têm um potencial econômico a desenvolver, no investimento e na internacionalização da economia, mas também no combate ao despovoamento do território, “uma vez que o investimento é fator de atratividade populacional particularmente vantajoso nos territórios de baixa densidade ou do interior. A ideia é que os portugueses residentes no estrangeiro e lusodescendentes, um universo de cerca de cinco milhões de pessoas, possam dispor das condições necessárias para fazer investimentos no país, eventualmente nas suas terras de origem, permitindo desenvolver a economia local e, consequentemente, a economia nacional”.

Para o efeito, defendeu um trabalho em rede, serviços das diferentes áreas da governação, as entidades regionais, os municípios ou até associações empresariais e de desenvolvimento, em apoio ao investimento da diáspora em Portugal.

O encontro ainda mostrou mais a fundo a função dos cerca de 200 Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e ao Investimento na Diáspora, bem como os programas de apoio e exemplos de boas práticas, em prol do apoio e valorização das comunidades portuguesas e do desenvolvimento de Portugal.

Também no evento, Paulo Dinis, Diretor Executivo da Fundação AEP, apresentou o Portal de Negócios e a Diáspora Business Intelligence, aos representantes de municípios, comunidades intermunicipais, regiões autónomas e associações empresariais.

A Rede Global da Diáspora, projeto da Fundação AEP, está focada em criar um ambiente de negócios que incentive a aproximação dos empresários e investidores portugueses e a promover a concretização de parcerias e negócios.

Idanha

No distrito de Castelo Branco, Idanha foi o município escolhido para acolher o I Fórum, segundo o Secretário de Estado das Comunidades, “um bom exemplo de um município que, mesmo num contexto de interioridade, não se resigna e não desiste das pessoas nem do território”.

“Idanha encontrou caminhos de desenvolvimento ao pegar em projetos inovadores e diferenciadores que potenciam a identidade e a herança do território. É o caso do selo de Cidade Criativa da UNESCO na área da Música, da criação da Bio-Região, dos projetos na área da educação, da saúde e do ambiente para atrair mais pessoas e investimento”, disse Paulo Cafôfo.

Anfitrião, Armindo Jacinto, presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, apresentou ao país a estratégia de desenvolvimento do município. O autarca realçou que “os números oficiais revelam que Idanha tem hoje fluxos migratórios positivos – pois são mais os que entram do que os que saem do concelho –, está a captar investimento, a fixar população e a abrir escolas”.

“O resultado é que vamos receber um prêmio por sermos o município com menos de 10 mil habitantes que mais cresceu no país, em áreas como a captação de investimento, a atração de turistas e visitantes, e sobretudo, na qualidade de vida dos cidadãos”, adiantou Armindo Jacinto.

O encerramento dos trabalhos coube à Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira. A governante apresentou as medidas e ferramentas que estão disponíveis para famílias e empresas que pretendam residir ou investir em Portugal e, em particular, nas regiões do Interior.

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