Empresas portuguesas apostam em energia eólica no Brasil

A EDP Renováveis Brasil comprou à alemã InnoVent a empresa Elebrás, detentora de uma carteira de projetos totalizando 532 megawatts. O primeiro leilão de energia eólica do país será realizado em novembro.

Da RedaçãoCom Portugal Digital

A EDP Renováveis Brasil, controlada a 55% pela EDP Renováveis e a 45% pela EDP Energias do Brasil, anunciou a compra da Elebrás Projetos, empresa que "possui diversos projetos eólicos em localizações privilegiadas no estado do Rio Grande do Sul, totalizando 532 megawatts (MW)", segundo informou a EDP Energias do Brasil em comunicado.

Pela aquisição da empresa, que era totalmente controlada pela empresa alemã de desenvolvimento de projetos eólicos InnoVent, a EDP Renováveis Brasil pagou R$ 6,2 milhões, mas o valor será acrescido por taxas de sucesso que serão pagas se os projetos atingirem determinados estágios pré-estabelecidos.

"Adicionalmente, a EDPR Brasil assinou um acordo de serviço para contar com a experiência da InnoVent para o desenvolvimento dos referidos projetos eólicos. A conclusão da aquisição de 100% do capital social Elebrás está sujeita a autorizações administrativas e regulatórias", informou ainda o grupo de origem portuguesa.

O negócio agora anunciado permitirá à EDP Renováveis Brasil aumentar sua presença no mercado eólico brasileiro para uma carteira total de 832 MW em projetos eólicos. Da carteira de projetos comprada à Innovent 70 MW estão no Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, desenvolvido pelo Governo brasileiro e estabelecendo a contratação de 1.100 MW de energia eólica) e 462 MW em diferentes estágios de desenvolvimento. Atualmente a EDP Renováveis já tem 14 MW em operação no Brasil.

14 milhões de euros em energia eólicaAlém da EDP, o grupo português Martifer registrou no ano passado um investimento de 14 milhões de euros em parques eólicos no Brasil. O valor, que consta do relatório anual da empresa, é mesmo superior ao investimento feito pela Martifer em parques eólicos em Portugal, que foi de 12 milhões de euros.

A Martifer revela ainda que terminou o ano 2008 com 14 megawatts (MW) de capacidade instalada no Brasil para geração de energia a partir do vento. Mas os planos são ambiciosos, já que o grupo português diz ter mais 350 MW preparados para ir a leilão, o que elevará para 364 MW a capacidade total do seu projeto eólico no Brasil (onde a Martifer assume uma participação de 55%).

A energia eólica é uma aposta recente da Martifer, que pretende vir a ter capacidade de geração em Portugal (quase 500 MW, embora não sejam totalmente controlados pelo grupo), na Polônia (541 MW), na Romênia (618 MW), na Ucrânia (300 MW), nos Estados Unidos da América (816 MW), na Austrália (1.000 MW) e ainda em mercados como Alemanha e Bulgária.

Além dos 14 milhões de euros investidos em parques eólicos no Brasil (de um total de 140 milhões de euros que o grupo investiu na construção de activos de energia renovável no ano passado), a Martifer registrou no último exercício um investimento de sete milhões de euros em ativos financeiros no mercado brasileiro (de um total de 68,5 milhões de euros que incluiu ainda compras na EDP, em Portugal, na Austrália e na Europa Central).

No que se refere ao Brasil, a Martifer está interessada ainda em desenvolver a produção de biocombustíveis. O grupo luso finalizou o ano 2008 com 20,5 mil hectares de terrenos no Brasil, controlados pela sua subsidiária Prio, a qual contabilizava ainda 25,1 mil hectares na Romênia e 24,2 mil hectares em Moçambique. De todos estes terrenos, apenas 17,5 mil hectares já estão a ser explorados.

Leilão de energia eólica em novembroO primeiro leilão de energia eólica do país será realizado em novembro deste ano. De acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, apesar de a energia gerada pelos ventos ainda ser cara, o Brasil precisa dominar o conhecimento sobre sua geração. “E a melhor maneira de fazer isso é realizando alguns leilões, instalando alguns empreendimentos”, disse, ao participar de uma reunião da Comissão Especial de Fontes Renováveis de Energia da Câmara dos Deputados.

Segundo Tolmasquim, a EPE está criando mecanismos para reduzir o risco dos investidores, já que existem poucas medições de ventos no Brasil. O leilão deverá prever uma margem de 10% para mais ou para menos em relação à quantidade de energia oferecida pelo empreendedor, que terá quatro anos para tentar zerar esse desvio.

O leilão também vai exigir que todos os equipamentos adquiridos sejam novos, para evitar que os empreendedores utilizem sucata de outros países que estão substituindo os equipamentos por outros mais modernos. Para a venda da energia, o leilão vai permitir que o empreendedor escolha entre fazer a ligação com a rede de distribuição de energia ou com a rede transmissão arcando com os custos de construção da estrutura necessária. Haverá ainda a possibilidade de usar estações coletoras de energia, com o pagamento pelo uso ao longo dos anos.

Tolmasquim ressaltou que uma das principais vantagens desse tipo de geração energética é o baixo custo operacional. Além disso, em algumas regiões do país, a energia eólica pode complementar a hidráulica, já que as épocas em que são verificados os maiores ventos coincidem com os níveis baixos de reservatórios. As maiores desvantagens, segundo ele, são os altos custos de investimentos, o custo de transmissão e a incerteza da produção.

Para o presidente da EPE, a crise econômica mundial pode gerar boas oportunidades para o Brasil no setor elétrico, já que outros países estão com dificuldades em investir em novos equipamentos. Em relação aos investimentos, Tolmasquim considera que o setor está “blindado” contra a crise, pois a energia é contratada a longo prazo e o financiamento dos projetos é garantido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Estou mais ou menos tranqüilo com esse aspecto.”

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