Em Lisboa, Lula diz que FMI “nunca resolveu nenhum problema” e que comércio Brasil-Portugal pode aumentar

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (E) cumprimenta o ex-Primeiro-Ministro português José Sócrates, momentos antes de participar na conferência no âmbito do 25.º aniversário da presença da Portugal da Odebrecht em Portugal, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, 22 de outubro de 2013. JOÃO RELVAS/LUSA
O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (E) cumprimenta o ex-Primeiro-Ministro português José Sócrates, momentos antes de participar na conferência no âmbito do 25.º aniversário da presença da Portugal da Odebrecht em Portugal, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, 22 de outubro de 2013. JOÃO RELVAS/LUSA

O ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva, disse nesta terça-feira 22 de outubro, aos jornalistas em Lisboa que os empresários brasileiros podiam ter investido mais do que os chineses em Portugal e avisou que o FMI nunca é solução para as crises econômicas.

“Eu penso que o FMI nunca resolveu nenhum problema. Ou seja, muitas vezes o FMI empresta dinheiro a um país, que ao receber o dinheiro paga a dívida de outros bancos e o prejuízo fica com a parte pobre da população que trabalha. Sempre foi assim e sempre será assim”, disse Luiz Inácio Lula da Silva, antes do início de uma conferência promovida pelo grupo Odebrecht.

Ressalvando que tem sempre “muito cuidado” quando fala da “política de outros países”, porque já não é chefe de Estado, Lula da Silva, quando questionado pelos jornalistas sobre a crise econômica e financeira em Portugal, afirmou que o Brasil devia ter investido mais no país.

“Nós vimos Portugal privatizar algumas empresas importantes e os chineses compraram coisas que poderiam ter sido empresários brasileiros, em parceria com empresários portugueses. De qualquer forma, estas crises que acontecem são cíclicas e são sempre oportunidades para a gente fazer coisas diferentes do que a gente vinha fazendo”, sublinhou o ex-chefe de Estado do Brasil.

Balança insignificante
Lula da Silva acredita que os dois países podem fazer muito mais, criticou os dados “insignificantes” da balança comercial entre Portugal e o Brasil, recordou os investimentos portugueses na área do turismo, mas considera que as relações podem se intensificar.

“No futuro, Portugal e Brasil têm de fazer aquilo que não fizeram no passado. Ou seja, estreitar ainda mais as suas relações. Não basta sermos irmãos. Não basta sermos duas pátrias irmãs. É preciso que a gente transforme essa irmandade – Brasil e Portugal – na geração de riqueza, parceria entre empresários e construção de salários. Fazer com que o progresso seja a razão maior da nossa aliança. Há uma nova oportunidade”, afirmou Lula da Silva.

Para o ex-Presidente brasileiro, Portugal e Brasil têm um potencial que considera extraordinário para estabelecer trabalhos “em terceiros países”, sobretudo em África, referindo que o programa aprovado pela União Africana e que prevê investimentos para os próximos 40 anos nas áreas da reconstrução e edificação deve ser aproveitado.

“Portugal e Brasil poderiam trabalhar juntos na construção de projetos em África, nos países, sobretudo, de língua portuguesa. Poucos países têm a oportunidade e a chance de construir, fazer investimentos e fazer desenvolver África. Eu penso que é isso que tem de acontecer daqui para a frente e se não aconteceu até agora eu acho que nós não precisamos de ficar lamentando o que não aconteceu. É tentar fazer a partir de amanhã aquilo que não aconteceu hoje e ontem”, concluiu Lula da Silva.

A conferência promovida pela Odebrecht foi marcada no Palácio da Ajuda, em Lisboa, marcando presença, entre outros, o ministro da Economia, António Pires de Lima, Miguel Relvas, ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares do atual Governo, e o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates.

O grupo brasileiro de construção civil Odebrecht participa atualmente no projeto do aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor e esteve envolvido nas obras da ponte Vasco da Gama, Gare do Oriente, Metro de Lisboa e Barragem do Alqueva.

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