Em Berlim, presidente Marcelo Rebelo quis sensibilizar Merkel para “injustiça” de sanções a Portugal

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Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português fez uma visita oficial de dois dias a Berlim, tendo como principal objetivo sensibilizar as autoridades alemãs para a “injustiça” que representaria a aplicação de sanções a Portugal devido ao déficit. O próprio chefe de Estado admitiu que “há um tema fundamental para tratar em Berlim e esse tema fundamental é o tema das sanções”.

O tema voltou à agenda europeia e nacional após o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, ter alegadamente manifestado a sua oposição ao adiamento de sanções a Espanha e Portugal decidido pela Comissão Europeia, durante uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), em Bruxelas.

“Eu penso que é uma injustiça estar a aplicar sanções a Portugal por causa do ano de 2015 e vou explicar isso. Há razões para isso, não é uma razão sentimental ou emotiva”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, que tinha previstos encontros com a chanceler Angela Merkel e ainda com o Presidente da República Federal, Joachim Gauck, e com o presidente do Bundestag (parlamento federal), Norbert Lammert.

Lá, o Presidente português explicou as diversas razões pelas quais considera inapropriada a aplicação de sanções, tendo em conta que, como o próprio sublinhou, a Alemanha “tem muita influência na altura devida”, e deve “jogar com toda essa influência para não aplicar sanções, nem a Portugal, nem a Espanha”.

As razões expostas, segundo ele, são Portugal ter feito “tudo o que devia ser feito”, as divergências serem de contabilização, nunca antes terem sido aplicadas sanções no quadro do pacto de Estabilidade e Crescimento, tal representar “um sinal de falta de compreensão e de solidariedade em relação aos sacrifícios do povo português”, e, por fim, não ser “um estímulo para 2016 e para o esforço que é preciso continuar a fazer no plano orçamental”.

Além do tema das sanções, Marcelo Rebelo de Sousa indicou que levou também uma segunda mensagem, a de que “o que tem a contar por parte do Presidente da República português é estabilidade política e governativa”, que já levou ao Parlamento Europeu, durante a sua visita a Estrasburgo, em abril.

O presidente da Alemanha não vai tomar partido mas afirmou todavia que “é com grande respeito que o povo alemão tem acompanhado os esforços feitos por Portugal para concluir o programa de ajustamento” e realçou que “convém ter em mente que os povos sofrem com o rumo da austeridade e é necessária muita coragem política também para implementar os programas”.

Sobre o encontro com Merkel, o Presidente revelou que “especificamente sobre Portugal houve uma compreensão e uma abertura [por parte de Merkel] em entender a situação portuguesa, em reconhecer o mérito dos portugueses num período difícil e, ao mesmo tempo, houve disponibilidade para reforçar as parcerias e a colaboração entre a Alemanha e Portugal” disse Marcelo que viu “sinais de compreensão e não de preocupação”.

A visita a Berlim contou ainda com uma recepção a representantes da comunidade portuguesa em Berlim, na residência do embaixador de Portugal na Alemanha.

Refugiados

Ainda, os Presidentes da Alemanha e de Portugal teceram hoje elogios mútuos ao trabalho de ambos os países na gestão da crise migratória, com Joachim Gauck a garantir que os alemães ficaram “profundamente impressionados” com os portugueses no acolhimento de refugiados. “Há uma cooperação estreita entre os dois países na gestão dos fluxos migratórios. Ficamos profundamente impressionados com a atitude portuguesa perante os refugiados. Portugal deu as boas vindas a muitos”, destacou Gauck, numa conferência de imprensa.

Já Marcelo Rebelo de Sousa disse que “Portugal elogia a Alemanha pela coragem com que soube enfrentar o problema dos refugiados”, pois “numa ocasião em que muitos adiaram, evitaram, omitiram, a Alemanha teve a coragem de enfrentar o problema sem hesitações”.

“E Portugal apoiou. Portugal é dos países europeus, comparando com a população, que mais refugiados recebeu e vai receber, tendo já elevado, por sua iniciativa própria, a quota de refugiados que está disponível” para acolher, “como forma de manifestar o apoio a uma iniciativa em boa hora tomada pela Alemanha”, enfatizou.

Portugal passou a ser o “segundo país” no acolhimento de refugiados atrás da França, segundo o Governo. “Neste momento, os cerca de 300 refugiados que já acolhemos estão distribuídos por 48 municípios”, salientou o ministro adjunto, Eduardo Cabrita, anunciou no parlamento, entre os que têm o maior número de acolhimentos, os casos de Lisboa e Guimarães.

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