Crise não afeta projeto da Embraer em Évora, diz prefeito

Da RedaçãoCom Lusa

O prefeito de Évora, José Ernesto Oliveira, garantiu ter a “confirmação” por parte da Embraer de que o projeto na cidade do centro de Portugal é “estratégico” e “está protegido” contra a crise econômica. A garantia foi transmitida, em 04 de fevereiro, pelo prefeito após a celebração da escritura de compra de um terreno à Fundação Eugénio de Almeida, próximo do aeródromo da cidade, onde serão construídas duas fábricas da empresa brasileira.

Apesar de manifestar “receios” quanto às conseqüências da crise, José Ernesto Oliveira afirmou que a atual conjuntura econômica “não deverá ser um obstáculo” à concretização do projeto da Embraer. “Tenho obviamente receios, mas também tenho a confirmação por parte dos responsáveis da Embraer, aliás do próprio presidente, que o projeto de Évora, porque vem dar resposta a encomendas que a empresa já tem, estará de certa forma protegido da crise”, declarou.

Citando responsáveis da empresa de aeronáutica brasileira, José Ernesto Oliveira assegurou que o projeto de Évora é assumido como “estratégico” para a empresa. “Há razões para termos esperança e para acreditarmos que é possível contrariar a crise, esse ambiente de desânimo e de interrogação, com a afirmação de uma certeza num projeto que traz esperança para a cidade de Évora e para o Alentejo”, salientou.

As fábricas da Embraer em Évora, uma de estruturas metálicas para a produção de aeronaves e outra para materiais compósitos, mais leves e mais resistentes, vão ocupar 30 hectares do futuro parque industrial aeronáutico da cidade. Os contratos de investimento com a Embraer, aprovados pelo governo português em setembro de 2008, estão avaliados em 170 milhões de euros e projetam a criação de 570 postos de trabalho.

“O alvo do comércio desta indústria processa-se à escala global e mundial e aqui já há compromissos assumidos pela Embraer com compradores que têm que ser respeitados pela empresa”, afirmou José Ernesto Oliveira, salientando que o grupo brasileiro “tem dado sinais da máxima urgência” em começar a produzir.

De acordo com o cronograma citado pelo autarca, a construção das fábricas da Embraer deverá arrancar na “Primavera/Verão” deste ano para que em 2010 possa começar a laborar. “Esperamos que em 2010 a laboração das fábricas já seja uma realidade”.

Quanto aos terrenos adquiridos pela prefeitura à Fundação Eugénio de Almeida para a criação do Parque de Indústria Aeronáutica, José Ernesto Oliveira disse que se trata de “um primeiro passo” para a concretização daquilo que é o projeto de instalação em Évora e dois “centros de excelência” para a fabricação de componentes para a industria aeronáutica.

A aquisição do terreno à Fundação Eugénio de Almeida, de 107 hectares, custa cerca de seis milhões de euros, que irão ser pagos em cinco anos. O terreno adquirido pela Prefeitura vai ainda, segundo o prefeito, possibilitar a instalação futura de outros investimentos ligados ao setor aeronáutico.

Demissões não afetam PortugalUm porta-voz da fabricante brasileira de aeronaves afirmou à Lusa que os trabalhadores da Indústria Aeronáutica de Portugal (OGMA) não serão afetados pelas demissões anunciadas pela Embraer. A demissão de 20% dos 21.362 funcionários da empresa, o que representa mais de 4.000 trabalhadores, será realizada apenas nas unidades onde a Embraer é detentora da totalidade do capital.

As demissões se concentram na "mão-de-obra operacional, administrativa e lideranças, incluindo a eliminação de um nível hierárquico da estrutura gerencial".

"A OGMA e a unidade na China [a parceria Harbin-Embraer] não estão incluídas porque a Embraer não detém 100% do capital", disse o representa oficial da empresa. A Embraer é, em parceria com a europeia EADS, o maior acionista da portuguesa OGMA, detendo em consórcio 65% do capital da empresa portuguesa. O Estado português detém os restantes 35% da OGMA, com a holding Empordef.

A crise econômica levou a Embraer a rever em baixa as estimativas para 2009, com a queda do faturamento, do número de entregas de aeronaves e dos investimentos. A empresa não revelou os planos futuros de investimento para Portugal, mas anunciou que em 2009 os investimentos vão diminuir de RS 450 milhões previstos para R$ 350 milhões. "Neste momento, ainda não está detalhado quais investimentos sofrerão cortes", ressaltou o porta-voz.

Num comunicado distribuído ao mercado, a empresa estima entregar 242 aeronaves este ano e obter receitas de R$ 5,5 bilhões. No final de 2008, antes do aprofundamento da crise que afetou "em particular o setor de transporte aéreo", a projeção era entregar 270 aeronaves. "Tornou-se inevitável efetivar uma revisão de sua base de custos e de seu efetivo de pessoal, adequando-os à nova realidade da demanda por aeronaves comerciais e executivas", diz o texto divulgado.

A Embraer justificou que depende "fundamentalmente do mercado externo e do desempenho da economia global – mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações".

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