Cresce imigrantes no mercado formal de trabalho brasileiro no segundo trimestre

Da Redação

A presença dos imigrantes no mercado formal de trabalho brasileiro aumentou no segundo trimestre deste ano. O saldo de vagas, que é a diferença entre as admissões e demissões, ficou em 2.406 nos meses de abril, maio e junho.

Foi menor do que no trimestre anterior, quando tinham sido abertos 3.452 postos para trabalhadores não brasileiros, mas ainda assim, positivo.

O dado está no relatório trimestral apresentado pelo Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) ao Conselho Nacional de Imigração (CNIg). O estudo usa dois bancos de dados para o cálculo: o da Carteira de Trabalho e Previdência Social e o do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para o coordenador de Estatísticas do Obmigra, Tadeu Oliveira, esse número só não é maior por causa da situação econômica brasileira.

O maior saldo de vagas ainda é dos haitianos. Nos últimos três meses, foram abertas 1.468 vagas para esses trabalhadores, o que corresponde a mais da metade do total de postos gerados para imigrantes no país. No primeiro trimestre do ano, o número tinha sido 2.417.

Em segundo lugar, estão os venezuelanos, com 802 novos postos. Mas, ao contrário do que aconteceu com os haitianos, que tiveram um crescimento menor do que no primeiro trimestre, para os trabalhadores da Venezuela, o número de vagas criadas quase dobrou – antes eles eram 432.

O coordenador-geral de Imigração (CGIg) do Ministério do Trabalho, Hugo Gallo, lembra que esses números são reflexo da atual realidade migratória no Brasil.

“Houve um momento em que o grande fluxo de entrada no país foi dos haitianos, logo após o terremoto que devastou o país. Agora, estamos vendo uma grande entrada dos venezuelanos. Isso promove reflexos no mercado de trabalho”, explica.

As demais nacionalidades têm presença muito pequena. O saldo ficou menor que 100 em todas elas. No caso dos argentinos, houve, inclusive, fechamento de postos. O resultado no trimestre foi de -93.

Estudo revela novo perfil de imigrantes no mercado brasileiro

Distribuição Regional

A região com maior número de vagas abertas a imigrantes no segundo trimestre deste ano é o Sul. Dos 2.406 novos postos formais, 1.170 surgiram nos três estados sulistas. Foram 584 no Paraná, 338 em Santa Catarina e 248 no Rio Grande do Sul.

Na região Sudeste, o saldo foi de 671, sendo a maior parte, 592, em São Paulo. No Norte houve um aumento em 437 vagas, quase todas em Roraima (282) e Amazonas (156). O centro-Oeste fechou o trimestre com 161 novos postos, e no Nordeste houve fechamento de 33 vagas.

No primeiro trimestre deste ano os resultados foram parecidos, com a diferença de que os saldos positivos foram menores, já que o número total de vagas abertas também foi menor. No Nordeste, onde ocorreu fechamento de postos no segundo trimestre, o saldo tinha ficado positivo em 46 vagas no período anterior.

Qualificação e Ocupação

Cerca de metade dos imigrantes contratados no Brasil possui ensino médio completo. Das vagas criadas no segundo trimestre deste ano, 1.259 foram destinadas a trabalhadores com esse nível de escolaridade. A relação é muito parecida com o trimestre anterior quando o saldo para esta faixa foi de 1.563.

Em segundo lugar no ranking de novas contratações estão os imigrantes que completaram o ensino fundamental (340), seguidos daqueles com ensino médio incompleto (268) e ensino fundamental incompleto (239).

Trabalhadores com ensino superior completo ocuparam 142 vagas novas no último trimestre e os que não chegaram a concluir a faculdade ficaram com 98 postos. Analfabetos são os de menor representatividade. O saldo para esta faixa no período foi de apenas 60 vagas.

Em contrapartida, a maior parte das contratações de imigrantes foi para vagas que não exigem alta escolaridade ou conhecimento técnico. As empresas que mais contratam são as de abate de aves, frigoríficos de suínos, limpeza em prédios e domicílios, restaurantes e comércio varejista, sobretudo supermercados. As ocupações destinadas a esses trabalhadores são principalmente de alimentador de linha de produção, faxineiro, abatedor, magarefe e repositor de mercadorias, nesta ordem.

O estatístico Tadeu Oliveira, do Obmigra, lembra que essa relação entre escolaridade e a função ocupada pelos imigrantes é comum no mundo todo, não apenas no Brasil. “Na Europa também se vê muitos africanos com escolaridade e qualificação superiores às de europeus ocupando cargos mais simples com salários menores. Esta é uma das características do trabalho de imigrantes. E esta relação é mais marcante ainda em países onde o número de trabalhadores irregulares é maior”, compara.

No Brasil, o número de trabalhadores irregulares tende a ser menor porque a política brasileira para imigrantes incentiva a formalização, como lembra o coordenador-geral de Imigração do Ministério do Trabalho, Hugo Gallo. “Quando um imigrante entra regularmente no Brasil, um dos primeiros documentos que ele faz é a carteira de trabalho. Isso permite que, ao ingressarem no mercado, eles já o façam formalmente. Daí esse crescimento da presença dos trabalhadores da Venezuela nessa estatística”, explica.

O número de emissão de carteiras de trabalho para imigrantes deu um salto neste segundo trimestre em comparação aos três primeiros meses do ano. Passou de 11.160 para 16.255. Os principais responsáveis por isso foram os venezuelanos. Entre janeiro e março tinham sido emitidos 3.853 documentos a trabalhadores da Venezuela. Entre maio e julho, foram 8.910, um aumento de 131,2%.

Entre os principais países dessa lista, aparecem ainda, além de Venezuela e Haiti, as nacionalidades Cuba, Argentina, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru e Angola, em ordem decrescente.

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