COP25: Mercados de carbono e perdas e danos dividem negociações

Da Redação
Com Lusa

Mercado de emissões de carbono e mecanismo de compensação por perdas e danos são os principais temas sem consenso na cimeira do clima da ONU, com várias nações a alertarem que meter nas resoluções a palavra “ambição” não chega.

Num plenário de ponto de situação feito esta manhã em Madrid, onde decorre a 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a presidente da conferência, Carolina Schmidt, exortou as delegações a chegarem a um consenso que ultrapasse “as respostas burocráticas”.

“Precisamos de conseguir resultados concretos para os povos do mundo. As pessoas estão a sofrer nos nossos países, precisamos de soluções concretas, depois de tudo o que passamos, depois do esforço que todos fizeram para estar aqui. Acreditamos neste processo e vamos consegui-lo”, disse a ministra do Ambiente chilena, cujo país preside à COP25.

O ministro do Ambiente da Nova Zelândia, David Parker, afirmou que relativamente aos mercados de carbono, cuja regulamentação é um dos temas-chave da cimeira, há “uma vontade forte de chegar a um resultado que agrade a todas as partes”, referindo que durante a tarde vai haver mais reuniões bilaterais e que na manhã da sexta-feira deverá haver novo rascunho de texto final.

O mesmo se passa relativamente ao chamado Mecanismo de Varsóvia de compensação por perdas e danos causadas pelas alterações climáticas, afirmou a delegação de Granada, que ressalvou que nas negociações tem havido “falta de vontade de procurar verdadeiros compromissos, com países a perderem de vista o objetivo maior e a ignorarem as preocupações dos mais vulneráveis”, entre os quais as nações insulares como Granada.

A Austrália considerou “desapontante” o que chamou de “falta de transparência” nos assuntos sobre os quais falta chegar a consenso, enquanto da delegação da União Europeia surgiram queixas e preocupação sobre a falta de progresso no caminho para resoluções finais.

A delegação indiana manifestou preocupação com o rumo das negociações sobre os dois temas sem acordo, indicando que foram os que suscitaram “os maiores apelos para compromissos negativos” e “falta de progresso numa quantidade de assuntos”.

“Ouvimos palavras de ambição, mas ainda temos um problema: a separação entre o que se diz e o que é realmente preciso. Há tentativas de bloquear a discussão sobre temas financeiros”, referiu o responsável pela delegação indiana, chefiada pelo ministro do Ambiente, Prakash Javadekar.

A COP25, que termina na sexta-feira, deveria ter-se realizado no Chile, mas devido à situação de agitação social no país acabou por ser transferida para Madrid.

Economia verde

O secretário-geral das Nações Unidas considerou que a mudança de uma “economia cinzenta para verde” representaria uma “oportunidade de biliões de dólares”, permitindo criar 65 milhões de novos empregos até 2030 e lidar com a emergência climática.

António Guterres, na Cimeira do Clima, apelou aos governos para que sejam “imaginativos e inovadores” por forma a alcançar um “futuro mais próspero, limpo e verde”.

Guterres explicou assim a iniciativa da Ação Climática das Nações Unidas para o Emprego, apresentada este ano em Nova Iorque e para a qual 46 países, liderados por Espanha e Peru, se comprometeram com o objetivo de avançar rumo a uma “transição ecológica justa” por meio de um roteiro que coloca o trabalho no centro da ação.

Segundo o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), todos procuram “empregos iguais e decentes em um mundo mais limpo” e, nessa linha, é importante que os governos sejam “firmes para não repetir os erros do passado, que deixaram muitas pessoas para trás”.

Guterres salientou que “hoje o emprego é criado especialmente na área da energia” e que a economia verde necessita de encontrar um lugar no mundo, tendo a este propósito aplaudido o trabalho do governo espanhol, que, disse, é um “excelente exemplo de diálogo com os trabalhadores”.

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