Contas externas têm saldo negativo de US$ 6,5 bilhões em novembro

Da Redação com EBC

As contas externas tiveram saldo negativo de US$ 6,522 bilhões em novembro, informou dia 22, em Brasília, o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2020, o déficit foi de US$ 2,463 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.

A diferença na comparação interanual se deve ao resultado do superávit comercial que reduziu US$ 4,2 bilhões, enquanto o déficit em renda primária (lucros e dividendos) aumentou US$ 193 milhões e o déficit em serviços recuou US$ 183 milhões.

Em 12 meses, encerrados em novembro, o déficit em transações correntes é de US$ 30,842 bilhões, 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 26,783 bilhões (1,68% do PIB) em outubro de 2021 e déficit de US$ 21,524 bilhões (1,46% do PIB) no período equivalente terminado em novembro de 2020.

A relação déficit-PIB em 12 meses se reduziu muito em razão dos efeitos da pandemia nas atividades. Em 12 meses encerrados em fevereiro de 2020, por exemplo, período pré-pandemia, o déficit em transações foi de US$ 68,802 bilhões ou 3,72% do PIB.

Já no acumulado do ano, o déficit é de US$ 22,384 bilhões, contra saldo negativo de US$ 16,034 bilhões de janeiro a novembro de 2020.

Para dezembro de 2021, a estimativa do BC para o resultado em transações correntes é de déficit de US$ 6,8 bilhões.

Balança comercial e serviços
As exportações de bens totalizaram US$ 20,523 bilhões em novembro, aumento de 17,1% em relação a igual mês de 2020. As importações somaram US$ 23,058 bilhões, incremento de 45,6% na comparação com novembro do ano passado.

Com esses resultados, a balança comercial fechou com déficit de US$ 2,535 bilhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 1,685 bilhão em novembro de 2020. Isso se deve à retomada do dinamismo da atividade econômica interna, aumentando o déficit em transações correntes.

O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) manteve a trajetória de retração com saldo negativo de US$ 1,590 bilhão em novembro, redução de 10,3% ante os US$ 1,773 bilhão em igual mês de 2020.

A rubrica de aluguel de equipamentos foi responsável por parte da redução do déficit da conta de serviços, devido à nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro (regime aduaneiro especial). Com a propriedade na mão de residentes não há mais necessidade de pagar aluguel para estrangeiros. Na comparação interanual, houve redução de 35,9% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 753 milhões em novembro de 2020 para US$ 483 milhões em novembro de 2021.

O Repetro é o regime aduaneiro especial que suspende a cobrança de tributos federais, de exportação e de importação de bens que se destinam às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural, principalmente as plataformas de exploração.

Em linha com a expansão do volume de comércio exterior, as despesas líquidas de transporte tiveram aumento expressivo na comparação interanual, de US$ 301 milhões em novembro de 2020 para US$ 615 milhões no mês passado.

No caso das viagens internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 320 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 618 milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 298 milhões, ante déficit de US$ 144 milhões em novembro de 2020, contribuindo para elevar o déficit em serviços

De acordo com o BC, esta é uma conta muito afetada pelas restrições impostas pela pandemia e pelas taxas de câmbio, mas vem se recuperando com o avanço da vacinação e reabertura dos países, com média acima de US$ 200 milhões de déficit nos últimos meses. Ainda assim, os valores estão muito abaixo do período pré-pandemia.

Rendas
Em novembro de 2021, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 2,679 bilhões, ampliação de 7,8% antes os US$ 2,486 bilhões no mesmo mês de 2020. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem os lucros para fora do país, do que de brasileiros no exterior.

No caso dos lucros e dividendos associadas aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 1,895 bilhão no mês passado, frente ao observado em novembro de 2020: US$ 1,638 bilhão. As despesas líquidas com juros passaram de US$ 853 milhões para US$ 793 milhões.

Segundo o Banco Central, o volume de receitas e as despesas dessas contas estão crescendo em relação aos patamares muito baixos do ano passado, causados pela pandemia. Isso também aponta para a normalização da atividade econômica e recuperação da lucratividade tanto das empresas estrangeiras no país quanto das subsidiárias brasileiras no exterior.

A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 282 milhões, contra US$ 111 milhões em novembro de 2020.

Investimentos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 4,588 bilhões no mês passado, ante US$ 2,332 bilhões em novembro de 2020. A totalidade dos ingressos ocorreu em participação no capital, US$ 4,760 bilhões, como compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros. Enquanto isso, as operações intercompanhia (como os empréstimos da matriz no exterior para a filial no Brasil) tiveram déficit de US$ 172 milhões.

Nos 12 meses encerrados em novembro de 2021, o IDP totalizou US$ 51,478 bilhões, correspondendo a 3,20% do PIB, em comparação a US$ 49,223 bilhões (3,09% do PIB) no mês anterior e US$ 39,509 bilhões (2,69% do PIB) em novembro de 2020.

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.

Para dezembro de 2021, a estimativa do Banco Central para o IDP é de ingressos líquidos de US$ 3 bilhões.

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 367,772 bilhões em novembro de 2021, redução de US$ 155 milhões em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu de contribuição negativa das variações por paridades, US$ 1,240 bilhão, compensada parcialmente pelas contribuições positivas de variações por preços, US$ 487 milhões, e receita de juros, US$ 431 milhões.

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