Conflito entre Rússia e Geórgia não afeta fluxo de petróleo

Da Redação Com Lusa

A petrolífera BP afirmou na sexta-feira, 08 de agosto, que o conflito armado entre a Rússia e a Geórgia na república separatista pró-russa Ossétia do Sul não interrompeu o transporte de petróleo através do oleoduto que liga Baku, no Azerbaijão, a Supsa, na Geórgia.

A Geórgia lançou uma ofensiva militar nesta madrugada na Ossétia do Sul e, em resposta ao ataque georgiano, o Ministério russo da Defesa enviou tropas suplementares para a região.

A porta-voz da BP em Tbilissi afirmou à Bloomberg que a segurança do oleoduto será garantida pelo governo da Geórgia. A petrolífera opera o oleoduto Baku-Supsa, que transporta o petróleo do Azerbaijão até Supsa, na costa georgiana do Mar Negro.

O único oleoduto afetado neste momento na região é o BTC (Baku-Tbilissi-Ceyan), que transporta petróleo do Azerbaijão para o Mediterrâneo, por ter sofrido um ataque a bombas reivindicado por um grupo separatista do Curdistão.

O oleoduto BTC transporta petróleo do Mar Cáspio para os mercados ocidentais sem ter de passar por território russo.

Os mercados de petróleo ainda não reagiram ao conflito, seguindo influenciados pelos Estados Unidos e pelos receios de uma desaceleração econômica mundial.

Cessar Fogo O governo português acompanha "com preocupação" o conflito entre a Geórgia e a Ossétia do Sul, com intervenção direta da Rússia, e apelou ao cessar-fogo num comunicado distribuído em Lisboa, em 11 de agosto.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, os recentes desenvolvimentos no país do sul do Cáucaso "afetam a estabilidade regional e internacional". Lisboa apoia o esforço de mediação das presidências de turno da União Europeia (UE) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

A França e a Finlândia tentam encontrar uma saída para o conflito, pelo que Portugal, além da trégua, preconiza o "restabelecimento da legalidade internacional".

"Urge impedir o agravamento da crise humanitária e permitir a criação de condições necessárias a uma resposta adequada da comunidade internacional, designadamente no quadro das Nações Unidas (ONU)", conclui o documento.

Histórico A Ossétia do Sul, com 3.900 quilômetros quadrados e 125 mil habitantes, conquistada pela Rússia em relação à Turquia no século 18, exige a reunificação à Ossétia do Norte mas, com o fim da União Soviética, ficou integrada na Geórgia em 1989.

Tskhinvali auto-proclamou a independência em 1990, levando a Geórgia a declarar o estado de emergência no ano seguinte. O processo culminou em um cessar-fogo entre as partes com o objetivo de uma ampla autonomia.

A promessa georgiana foi de pouca duração, porque este estatuto para os ossetas do sul seria abolido e o conflito armado seria retomado, o que poderia provocar um elevado número de mortos.

Em 1991, o parlamento de Tskhinvali confirmou a proclamação unilateral da independência, corroborada no ano seguinte, que acabou por ser trágico devido ao reacender das hostilidades que, além de centenas de mortes, provocaram a fuga de mais de 100 mil refugiados para a Ossétia do Norte.

Na época, os presidentes da Rússia, Boris Ieltsin, e da Geórgia, Eduard Chevardnadze, chegaram a acordo para a mobilização de uma força de interposição.

Moscou reconheceu a integridade territorial georgiana e, no final de 1992, entrou em cena um contingente de paz da Comunidade de Estados Independentes (CEI), ainda em cena.

Os ossetas são os antigos alanos, povo caucasiano de origem indo-européia e religião cristã-ortodoxa com patriarcado em Moscou.

O presidente desde 2001 é Eduard Kokoiev, que tem tentado dinamizar a precária economia assente nas indústrias metalúrgica, química e de cimento, cujas fontes energéticas são, em partes iguais, o carvão e o petróleo.

No setor primário é dominante a produção de frutas e cereais, havendo ainda alguma mineração de manganês.

O fluxo turístico anual triplica o número da população local, mas nem assim a economia deixa de ser largamente deficitária, dependente da ajuda do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e da União Européia.

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