Confiança na zona do euro cai para o menor nível da história

Do Jornal Mundo Lusíada Com agencias

Mario Cruz/Lusa Portugal

>> Primeiro-Ministro, José Sócrates, durante a assinatura do contrato para as Redes de Nova Geração com as quatro operadoras de telecomunicações, em 7 Janeiro 2009, em Lisboa.

O indicador da confiança dos empresários e dos consumidores na zona do euro baixou em dezembro para o menor nível desde a sua criação, em 1985, de acordo com os dados da Comissão Européia (braço executivo do bloco europeu) divulgados na quinta-feira, 08 de janeiro.

O indicador de confiança econômica, uma medida do sentimento dos empresários e consumidores dos países do euro, caiu 8 pontos para 67,1 pontos, em dezembro, atingindo o valor mais baixo desde a criação da série, há 23 anos. A queda foi maior do que esperado pelos analistas, divulgou a agencia Lusa.

Em Portugal, o indicador de clima econômico voltou a deteriorar-se no último mês dezembro, caindo para níveis históricos de 19 anos em Portugal a confiança de empresários e consumidores. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), trazendo informação relativa à confiança na indústria, construção, comércio e serviços. Depois de uma queda de 1,7% em novembro, o indicador de clima econômico recuou no mês seguinte 7%, num "novo mínimo histórico" da série iniciada em 1989, divulgou a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa).

Segundo as previsões divulgadas pelo Banco de Portugal (banco central luso), a economia portuguesa vai sofrer uma contração de 0,8% em 2009, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo 0,3% no ano seguinte, o valor de crescimento mais baixo desde 2003, ano em que o PIB português registrou a mesma quebra. O Boletim Econômico de Inverno atualizou as projeções anteriores que apontavam para um crescimento do PIB igual a 1,3% neste ano.

Segundo os dados do banco central, a economia portuguesa teria crescido no ano passado 0,3%, uma projeção que já revela uma revisão em baixa em relação às previsões anteriores, que apontavam para uma alta do PIB de 0,5%. Em 2009, a economia deve recuar para 0,8%, regressando no próximo ano para uma projeção de crescimento igual à de 2008.

O desempenho da economia portuguesa este ano é explicado pelo comportamento das exportações líquidas (que reflete a diferença entre as exportações e as importações).

Estimativas Para 2009, o Banco de Portugal prevê um recuo das exportações a 3,6%, bem como uma redução das importações de 1%. O investimento deverá cair 1,7% e o consumo público recuará 0,1%.

A instituição projeta ainda uma subida do consumo privado de 0,4%, um ponto percentual abaixo da taxa de crescimento do ano passado. Todas as componentes do PIB apresentam uma desaceleração diante dos valores de 2008.

Em matéria de preços, o banco conta com uma significativa desaceleração da inflação. O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor deverá ficar em 1%, depois de fechar o ano passado com uma taxa de 2,7%.

A recuperação para 2010 será feita por meio das exportações (que voltam a crescer à taxa de 1,8%), com o consumo privado acelerando para uma alta de 0,6% e o investimento evoluindo de forma menos negativa, de um recuo de 1,7%, para 0,3%.

No horizonte temporal das previsões do Banco de Portugal, o déficit externo passa de 9%, em 2008, para 7,9% este ano, voltando a fechar em 9,4% em 2010. Em 2010, a previsão de inflação está em 2%.

Desemprego Segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal, está previsto um decréscimo de 0,7% a 1% no emprego para este ano, o equivalente a pelo menos 50 mil pessoas – entre 5,1 milhões de empregos – no desemprego. De acordo com as contas do Diário de Notícias, este número deverá juntar mais 40 mil pessoas que, em média, todos os anos terminam a escolaridade e tentam encontrar trabalho. Assim, 525 mil pessoas poderão estar sem trabalho em 2009.

“A nossa preocupação é minimizar os efeitos que a crise possa ter sobre o emprego”, reagiu o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, após a divulgação dos dados do banco central. Em 2010 deverá ter mais desemprego.

Para o ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Paulo Pedroso, o Governo deve seguir as recomendações do Banco de Portugal (BdP) e adaptar as políticas de emprego aos tempos de crise.

Nas suas previsões, o BdP defendeu ainda “melhorias temporárias das condições e duração dos subsídios de desemprego” para combater a recessão. “Precisamos melhorar a capacidade de adaptar as políticas de emprego às conjunturas, para responder às situações mais difíceis, de abrandamento da economia e depois aliviar nas alturas de recuperação", defendeu o deputado socialista em entrevista à agência Lusa. Segundo Paulo Pedroso, face à dimensão atual da crise é necessário juntar às medidas de confiança dirigidas às empresas, outras direcionadas aos trabalhadores.

Durante a discussão do Orçamento do Estado para 2009, o Governo mostrou-se contra as propostas dos partidos de oposição de alterar as regras de atribuição do subsídio de desemprego, nomeadamente a duração e os valores. "Desde o Orçamento do Estado até hoje houve evolução, quer na dimensão da crise, quer nas medidas a adotar e, neste momento, penso que estão criadas as condições para rever as políticas de emprego", considerou Paulo Pedroso.

Além do prolongamento do subsídio de desemprego, o ex-ministro defendeu ainda que deveria ser também estudada uma diminuição temporária do prazo de garantia dos trabalhadores, ou seja, do tempo mínimo de descontos para a segurança social necessário para beneficiar do subsídio de desemprego.

Atualmente, o período de descontos mínimo para ter direito àquela prestação é de 450 dias (15 meses) nos 24 meses anteriores ao desemprego. No âmbito do plano de combate à crise, o Governo aprovou o prolongamento do subsídio social de desemprego por mais seis meses, em 2009.

Esta prestação social – que abrange atualmente cerca de 513 mil beneficiários – destina-se a ex-trabalhadores em situação de carência socioeconômica que não têm direito ao subsídio de desemprego ou quando este termina. O montante diário do subsídio social de desemprego é indexado ao valor da retribuição mínima mensal garantida e calculado na base de 30 dias por mês, variando entre 80 e 100%. Turismo As exportações portuguesas de serviços de turismo também deverão sofrer com a crise. A atividade turística continuar a “ser significativamente afetadas pela deterioração da atividade econômica nas economias avançadas e, em particular, nos principais países de origem de turistas com destino a Portugal (Reino Unido e Espanha)”, segundo o boletim do BdP.

Segundo divulgou Portugal Digital, já em 2008 as exportações de serviços registraram um forte abrandamento do crescimento, indicando a previsão de um aumento em 2,2% no ano passado, contrastando com anos precedentes, em que a taxa de crescimento foi superior a 10%.

A previsão do BdP é de que as exportações tenham um decréscimo de cerca de 3,5% em 2009, e refere que essa quebra “representa a manutenção da tendência já observada no final de 2008 e afeta tanto as exportações de mercadorias como as exportações de turismo e outros serviços”. Para 2010, o BdP antecipa um crescimento das exportações em 1,8%, “associado à gradual recuperação da atividade nas economias dos principais parceiros comerciais”, explicitando que para os serviços antecipa “um crescimento moderado”, “num contexto em que as exportações de turismo ainda deverão refletir um baixo crescimento da procura nos mercados de origem dos turistas com destino a Portugal”.

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