Brasil, e Portugal, em ranking das energias mais caras do mundo

Apostas do futuro, energias eólica e solar são as fontes de eletricidade de menor custo.

Da Redação

Uma recente pesquisa divulgada pela plataforma Cupom Válido a partir de dados da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres) mostra que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de contas de luz mais caras do mundo.

Nos últimos cinco anos, o custo da energia elétrica brasileira aumentou 47%, o que contribuiu para que o país subisse de posição na lista, ficando apenas atrás da Colômbia.

Além da Colômbia e Brasil, no topo do ranking entre os mais caros estão: Turquia (3º), Chile (4°), e Portugal (5°). No final do ranking, entre os cinco países com a energia mais barata, estão Noruega, Luxemburgo, Estados Unidos, Canadá e Suíça, respectivamente.

Segundo o levantamento, do total do custo pago pelos consumidores, apenas 53,5% são efetivamente utilizados para a geração, transmissão e distribuição da energia. Os vilões estão nos outros 46,5% restantes, que são compostos por taxas, furtos, impostos e ineficiências.

Outro estudo lançado pela consultoria especializada Volt Robotics, encomendado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), aponta que o crescimento da geração própria de energia solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos vai trazer R$ 86,2 bilhões em benefícios sistêmicos no setor elétrico para a sociedade brasileira na próxima década. Com isso, vai contribuir para baratear a conta de luz de todos os consumidores, inclusive os que não tiverem sistema solar próprio, em 5,6% até 2031.

A partir do cenário oficial de crescimento projetado para a geração distribuída do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 (PDE 2031), de autoria do Ministério de Minas e Energia, a geração distribuída saltará dos atuais 11 gigawatts de potência instalada para aproximadamente 37,2 GW em 2031. Com isso, em cenários médios, a frequência de acionamento da bandeira vermelha nas tarifas de energia elétrica deve ser reduzida em cerca de 60% para os consumidores brasileiros até 2031.

Em relação ao custo da energia elétrica no País, rateado e pago por todos os consumidores, o crescimento da geração distribuída solar representará o barateamento de R$ 34 bilhões nos custos repassados aos consumidores. Isso proporcionará uma redução de 2,2% nas tarifas de energia elétrica na próxima década.

Energia limpa é alternativa econômica e sustentável

Conforme o levantamento Revisão Global de Eletricidade, divulgado pela Agência Brasil, o ano de 2021 registrou o maior índice na utilização das energias alternativas. O total de fontes limpas que geram eletricidade subiu para 38%, globalmente.

A seca enfrentada no Brasil no último ano mostra que o caminho para uma matriz de geração menos dependente da hidráulica é fundamental segundo especialistas da área.

“Existe um potencial gigantesco a ser desbravado quando falamos de energia limpa. Compreender as vantagens da energia solar tanto em relação à economia quanto à sustentabilidade e respeito ao meio ambiente é crucial para a sociedade. Essa é a fonte de energia que mais gera empregos no mundo, além de ser uma das fontes energéticas mais estratégicas para acelerar o desenvolvimento sustentável do nosso país”, ressalta  o CEO da companhia Elétron Energy, André Cavalcanti.

A empresa, com sede em Pernambuco e filiais em diversas capitais brasileiras, planeja investir R$ 1,6 bilhão em novos parques de geração solar nos próximos anos.

As usinas solares de grande porte são a sexta maior fonte de geração de energia do Brasil e sua geração é até dez vezes mais barata do que as fontes elétricas, considerando sobretudo os constantes aumentos tarifários. Juntas, as energias eólica e solar são as fontes de eletricidade de menor custo, comparando com a produção de eletricidade a partir de outros recursos.

Alternativas como o mercado de energia por assinatura devem trazer profundas e importantes transformações no Brasil nos próximos anos. “Tanto o consumidor residencial quanto o empresarial podem se beneficiar com a energia limpa por assinatura. Além de reduzir os impactos no meio ambiente e nas mudanças climáticas, essa tecnologia promove uma redução de até 20% na conta de luz todos os meses, sem necessidade de instalações de placas fotovoltaicas ou taxas de adesão”, explica o CEO da Juntos Energia, José Otávio Bustamante.

A empresa é a primeira do país a conseguir conectar usinas às redes das concessionárias lançando o modelo de portabilidade na geração de energia residencial e para pequenas e médias empresas.

O Brasil tornou-se o quinto maior produtor de energia solar em 2021, terminando o ano com cerca de 13 GW, segundo dados do relatório Renewables 2022 Global Status Report – REN21 – GSR 2022. As novas adições (5,5 GW) foram puxadas principalmente pela geração distribuída (4GW), quando os painéis fotovoltaicos são instalados no local em que a energia será consumida. O setor residencial foi responsável pela maior parte das contratações (77,4%).

A Juntos Energia nasceu a partir de um trabalho acadêmico de um curso criado pelas universidades de Harvard e MIT. Ao final do curso, 400 protótipos foram submetidos, e o modelo de painel solar híbrido criado por José Otávio acabou entre os 20 selecionados para aprofundar a prototipação ao Prototype Camp do MIT. E foi através da troca com outros especialistas em geração de energia que o empreendedor decidiu criar um projeto baseado no modelo de negócio atual da empresa, focando no serviço de compartilhamento de energia. O projeto venceu uma série de premiações e recebeu aceleração, mentoria e investimentos. Em 2021, foi incorporado pelo fundo de private equity americano Alothon Group e Elétron Energy, uma das maiores comercializadoras e geradoras de energia elétrica e de gás natural do Brasil.

Futuro

São Paulo está entre os estados brasileiros com maior potência instalada de energia solar na geração própria em telhados e pequenos terrenos. Segundo recente mapeamento da ABSOLAR, a região possui mais de 1,5 gigawatts (MW) em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.

A potência instalada em São Paulo coloca o estado na segunda posição do ranking nacional da ABSOLAR. Segundo a entidade, o território paulista responde sozinho por 13,2% de todo o parque brasileiro de energia solar na modalidade.

O estado possui 174,9 mil conexões operacionais, espalhadas por 640 municípios, ou 99,2% dos 645 municípios da região. Atualmente são mais de 204,3 mil consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz, maior autonomia e confiabilidade elétrica.

Desde 2012, a geração própria de energia solar já proporcionou à São Paulo a atração de mais de R$ 7,82 bilhões em investimentos, geração de mais de 45 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 2,1 bilhões aos cofres públicos.

Em julho, ABSOLAR protocolou as contribuições do setor na Consulta Pública, nº 129/2022, do Ministério de Minas e Energia (MME), sobre as diretrizes dos cálculos de custos e benefícios da geração própria de energia renovável no Brasil.

No documento de 90 páginas, assinado em conjunto com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA), Associação Brasileira de Produtores de Milho (ABRAMILHO), Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e Associação Brasileira dos Produtores de Soja (APROSOJA), a entidade destaca sete dimensões fundamentais para a valoração dos custos e benefícios da modalidade: energia, encargos, risco financeiro, perdas, segurança eletroenergética, meio ambiente e dimensão socioeconômica.

A partir desta análise, são apresentados aprimoramentos ao texto das 12 diretrizes propostas pelo MME e a inclusão de mais oito diretrizes, a fim de garantir um tratamento equilibrado e tecnicamente consistente para a geração própria de energia renovável no Brasil, conforme determina a Lei 14300/2022 (marco legal do setor).

Entre as novas diretrizes propostas pela ABSOLAR, estão a necessidade de considerar os efeitos da geração própria de energia na redução da exposição dos consumidores às variações de preço dos combustíveis fósseis; a elevação da segurança eletroenergética, ao reduzir o consumo global de energia e permitir a operação dos reservatórios em níveis mais elevados; a redução dos encargos de serviços do sistema, do risco hidrológico repassado aos consumidores e do acionamento das bandeiras tarifárias; além de incluir na conta o desempenho da rede de distribuição, incluindo os níveis de tensão de sub e de sobretensão, confiabilidade, e na prestação de serviços ancilares.

Também propõe que os benefícios ambientais da geração própria de energia sejam considerados, incluindo os ganhos diretos e indiretos, medidos ou, quando necessário, estimados por meio das melhores práticas internacionais e nacionais.

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