Brasil é foco de Angola em internacionalização econômica

Da Agencia Lusa

A petrolífera Sonangol está concretizando a estratégia governamental de internacionalização da economia angolana, processo que tem como "eixo fundamental" o Brasil, diz estudo da Universidade Católica de Angola (UCA).

"Através de uma parceria com o Banco Espírito Santo [BES], a petrolífera angolana pretende participar em grandes investimentos na exploração de petróleo no Brasil", afirma o Relatório Econômico de Angola-2007, do Centro de Estudos e Investigação Científica da UCA.

Inicialmente, a petrolífera estatal angolana previa entrar no capital do Banco Espírito Santo, a semelhança do que fez com outras instituições financeiras portuguesas, mas as duas partes acabaram optando por olhar em conjunto para oportunidades na exploração de petróleo no litoral brasileiro.

"As empresas públicas, como a Sonangol, são um instrumento da política econômica e social do governo e, neste contexto, podem ser utilizadas para a obtenção de determinados objetivos, entre os quais o da internacionalização da economia angolana. Haverá, no entanto, que verificar se os investimentos realizados pelas empresas públicas fora do país não carecem de autorização do parlamento", alerta a universidade.

A Sonangol também vem sendo usada pelo Executivo angolano para transferir de Lisboa para Luanda centros de decisão empresariais, citando o "ataque ao mercado financeiro português" pela petrolífera.

O documento destaca que a Sonangol já adquiriu ou está em vias de adquirir 49,9% do Millennium BCP Angola, 49% do BPI e 25% do Totta-Angola.

"A estratégia governamental de transferir de Lisboa para Luanda os centros de decisão das instituições financeiras portuguesas com atividade em Angola tem tido como principal agente a Sonangol", diz o estudo recentemente publicado, coordenado pelo economista angolano Alves da Rocha.

Apesar do crescimento do investimento em 31% no ano passado, o relatório sublinha também a necessidade de diversificar a economia angolana, fomentando os setores não-extrativistas, além de descentralizar a atividade, hoje concentrada em Luanda.

"Compreende-se que a nossa economia ainda não ofereça um leque suficientemente diversificado e atraente de ocasiões válidas para as aplicações de capital, temendo-se que a extraordinária concentração da atividade econômica em Luanda venha a prejudicar, ainda mais, o desenvolvimento do interior e se converta em uma importante externalidade negativa, aumentando os custos econômicos do crescimento", adianta.

Em 2002, segundo o relatório, Luanda concentrava cerca de 70% do rendimento do país. Três anos depois, esta porcentagem tinha atingido 78%. Dado que a capital concentra apenas 30% da população, Angola vive em uma "assimetria na distribuição do rendimento", concluem os pesquisadores da UCA.

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