2009 chega com recessão para zona do euro

Mundo LusíadaCom agencias

Para 2009, o Banco Central Europeu (BCE) já previu uma contração na economia da zona euro pela primeira vez desde 1993, após ter anunciado a maior queda das taxas de juro de sua história. Segundo as projeções divulgadas em 04 de dezembro pelo presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, a economia do grupo de 15 países da zona do euro vai encolher 0,5% em 2009.

As pressões inflacionárias também devem registrar uma diminuição nítida, segundo Trichet. Para 2009, a instituição estima, em média, uma subida de 1,4% dos preços ao consumidor, após 3,3% neste ano. “A procura global e na zona euro deverá ser fraca por um período prolongado de tempo”, declarou Trichet.

Em 8 de outubro, o BCE baixou a sua principal taxa de referência, que determina as condições de crédito na zona euro, numa ação coordenada com bancos centrais de todo o mundo. A crise financeira faz pesar sobre a economia incertezas "excepcionalmente elevadas", disse ainda Trichet, acrescentando que a turbulência ainda não terminou.Ele ainda voltou a insistir na necessidade do respeito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que obriga os membros da zona do euro a ter disciplina orçamental. “É muito importante que exista um enquadramento ao nível da União Européia”, afirmou Trichet, defendendo a “aplicação da flexibilidade que este enquadramento permite”.

Tempos DifíceisO primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou que 2009 será ano de “tempos difíceis”, que exigem "o melhor de todos, empresários e administração pública". Para enfrentar esse período, o Governo tem, segundo Sócrates, "uma orientação bem clara: estabilização do sistema financeiro, criação de condições de acesso ao crédito e mais investimento público para dinamizar a economia e o emprego".

José Sócrates sublinhou que para o Estado as empresas e os empreendedores são "aliados e amigos". O Estado e a administração pública devem ter "a atitude de quem quer ser aliado e amigo das empresas e não de alguém que desconfia sempre de que querem fazer algo para lá do que está na lei" afirmou. “Porque é disso que se trata, de uma nova cultura, face à economia global, visando atrair investimentos e transmitir a idéia de que em Portugal se valoriza o empreendedorismo e se é amigo do empresário, de quem quer ir um pouco mais além do que lhe é exigido”, afirmou.

Segundo ele, cada passo dado na desburocratização da administração pública tem conduzido à constatação de que novas etapas têm de ser cumpridas. “Depois de termos feito o que fizemos, descobrimos que há ainda muito mais a fazer. Mas o importante é termos a administração pública convencida de que esta é a melhor linha a seguir, não apenas porque reduz custos mas também porque permite uma administração mais amiga do empreendedor, de quem quer correr riscos, e que não gosta dos que querem manter tudo na mesma”.

Segundo o primeiro-ministro, há alguns anos demorava-se 54 dias para criar uma empresa e hoje gasta-se apenas 30 minutos. A criação do Balcão Único lançado pelo governo visou retirar da responsabilidade dos empresários tarefas que competiam à administração pública.

Portugal em recessão já em 2008A economia portuguesa recuou 0,1% no terceiro trimestre em comparação aos três meses anteriores, arriscando entrar em recessão técnica ainda em 2008. No acumulado do ano, o país cresceu 0,6 %, de acordo com o INE (Instituto Nacional de Estatística). Se a economia voltar a registrar um crescimento negativo no quarto trimestre, Portugal entra em recessão técnica em 2008 (ou seja, quando o PIB se fixa em terreno negativo em dois trimestres consecutivos).

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, também afirmou que Portugal deverá chegar ao final do ano em recessão técnica, com os últimos dois trimestres do ano a registrarem quedas no PIB. “No terceiro trimestre tivemos um crescimento negativo. É possível que no quarto trimestre também tenhamos um crescimento negativo”, disse Constâncio. "Do ponto de vista técnico significa uma recessão", adiantou o governador do Banco de Portugal.

No segundo trimestre, o PIB tinha crescido 0,3%. Para a quebra agora verificada contribuiu decisivamente a aceleração das importações (que passaram de uma variação negativa de 2,6% para um aumento de 1,1%), impulsionadas pelo aumento do consumo privado (que de uma diminuição de 0,2% passou para uma variação positiva de 1,1%). As exportações caíram 1% no terceiro trimestre, resultado ainda assim menos acentuado do que o verificado no segundo trimestre, período em que tinham diminuído 1,5%. O investimento registrou uma ligeira subida de 0,1% no terceiro trimestre, contra uma quebra de 0,9% no segundo trimestre.

As despesas de consumo das famílias portuguesas registraram uma variação positiva de 2,3% no terceiro trimestre, acelerando em relação ao 1% verificado no anterior. Este comportamento foi determinado pela componente de bens duradouros (automóveis e outros), que apontou um aumento de 2,3%, depois de ter diminuído 6,2% no segundo trimestre.

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