Universidade do Porto recebeu mais estudantes brasileiros dos últimos cinco anos

Da Redação
Com Lusa

O número de estudantes brasileiros inscritos na Universidade do Porto em 2019/2020 cresceu quase 30% face a 2018/2019, uma subida explicada pelo vontade de estudar numa universidade europeia que reconhece o exame nacional brasileiro.

Dados do número de estudantes que a U.Porto recebeu do Brasil para completar um grau completo (licenciatura, mestrado integrado, mestrado ou doutoramento), indicam que o ano letivo de 2019-2020 foi o que acolheu mais estudantes brasileiros (2.866) dos últimos cinco anos.

A evolução de crescimento do número de estudantes brasileiros, entre outros fatores, deve-se também às “alterações processuais nas candidaturas de estudantes brasileiros”, explicou à Lusa fonte oficial da U.Porto.

Desde o ano letivo 2016/2017 que a U.Porto permitiu a utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), assim como mais 40 instituições portuguesas que aceitam o Enem do Brasil, equivalente ao ensino secundário português, na candidatura feita através do Concurso Especial para Estudantes Internacionais, e que se destina apenas aos cursos de licenciatura e mestrado integrado.

Uma análise à evolução anual de estudantes que a U.Porto recebeu do Brasil indica que houve uma “evidente evolução” entre 2015-2016, ano letivo em que chegaram ao Porto 736 brasileiros, e este ano, em que se matricularam 2.866 estudantes.

No ano letivo de 2016-2017 havia 985 estudantes inscritos, em 2017-2018 a instituição recebeu 1.584 estudantes e no ano letivo passado duplicou para os 2.259 estudantes.

Isabel Menezes, especialista em Educação e a trabalhar no Departamento de Ciências de Educação da Universidade do Porto, recordou que o recente estudo europeu “Integrar a Diversidade Cultural no Ensino Superior”, desenvolvido entre 2015 e 2018, que concluía que os principais motivos para os estudantes estrangeiros virem estudar para Portugal eram a “segurança”, o “prestígio de estudar numa universidade europeia” e a “oportunidade de se desafiarem pessoalmente”.

No caso específico dos cidadãos brasileiros que vêm estudar para a U.Porto destacam-se professores do ensino superior, funcionários da Administração Pública brasileira, funcionários ligados aos governos estaduais que pedem licenças para vir fazer a sua formação acadêmica no Porto, trazendo muitos deles as famílias.

Atualmente, a percepção é de que há uma “elevada diversidade” de idades dos estudantes emigrantes brasileiros, porque há alunos muito jovens, com cerca de 20 anos, que estão a fazer a sua primeira formação, e outros mais velhos, que interrompem a sua carreira para virem fazer um doutoramento, trazendo a família, relata a especialista.

O fenômeno de trazer as famílias encontra-se principalmente junto dos estudantes mais velhos, como professores do ensino superior que vêm fazer doutoramento, observou Isabel Menezes.

Há, no entanto, jovens estudantes que trazem também os pais como sucedeu com Luanna Mendes, 21 anos, que está no 3.º ano de Ciências da Comunicação da U.Porto.

“Eu vim com o meu irmão estudar para o Porto e ficamos a morar em casa de uma prima em Aveiro nos três primeiros meses. Depois, os meus pais vieram e compramos casa no Porto”, conta a estudante universitária, acrescentando que o irmão de 17 anos também pretende seguir estudos na U.Porto.

Segundo Isabel Menezes, as “grandes razões” que os imigrantes brasileiros evocam são a “segurança”, mas também a “questão política”.

A situação econômica do Brasil, o prestígio de estudar numa universidade europeia como a do Porto, a questão da facilidade da língua portuguesa e os laços familiares com Portugal são outros critérios importantes de atração por Portugal como país receptor.

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