Tradições Doceiras de Pelotas reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil

Da Redação

As Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas (municípios de Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu) foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão foi tomada, por unanimidade, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural que se reuniu na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília.

O registro das Tradições Doceiras tem por finalidade reconhecer e valorizar bens de natureza imaterial em seu processo dinâmico de evolução, possibilitando uma apreensão do contexto pretérito e presente dessas manifestações em suas diferentes versões.

O pedido de Registro da Produção de Doces Tradicionais Pelotenses resultou do interesse da Câmara de Dirigentes Lojistas de Pelotas – CDL e da Secretaria de Cultura de Pelotas em promover e valorizar a produção de doces como referência cultural da região.

Em uma articulação com o Iphan, Programa Monumenta e a Universidade Federal de Pelotas-UFPel, foi possível realizar um inventário que buscou documentar a trajetória do bem cultural.

O Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC Produção de Doces Tradicionais Pelotenses, realizado no período de 2006 a 2008, ficou a cargo do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas – UFPel, e o produto dessa extensa pesquisa foi a ampliação do conhecimento sobre a dinâmica sociocultural em que as tradições doceiras se construíram, se transmitiram e se ressignificaram na região de Pelotas e Antiga Pelotas.

O pedido de Registro, embasado pelo INRC, foi considerado pertinente pela Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial em sua 17ª Reunião.

Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, antropologia, arquitetura e urbanismo, sociologia, história e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Ministério da Educação, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Ministério do Meio Ambiente, Ministérios das Cidades, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

À portuguesa

A terra do doce, Pelotas tem uma tradição doce bem portuguesa, origem das receitas mais tradicionais dos doces feitos basicamente com ovos, açúcar e amêndoas.

Quindins, camafeus, bem-casados, fios de ovos, fatias de braga, ninhos, pastéis de Santa Clara, os doces que tornaram Pelotas famosa graças a dedicação de doceiras que se mantém fieis às receitas dos antepassados portugueses.

Até uma feira típica surgiu para a iguaria, a Fenadoce acontece desde 1986 e visa promover a cultura doceira de Pelotas. Atualmente, realiza-se no Centro de Eventos Fenadoce, que este ano acontece de 30 de maio a 17 de junho.

Com o projeto de Identificação de Procedência, os Doces de Pelotas passam a portar um Selo de Autenticidade, diferenciando-se no mercado e garantindo proteção contra imitações. A certificação também é uma forma de proteger a tradição e a cultura pelotense.

Centro histórico

Além do Patrimônio Imaterial, o Iphan aprovou na mesma semana um Patrimônio Material para a mesma região, uma duplicidade que junta acontece pela primeira vez.

Os membros do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiram, por unanimidade, pelo tombamento do Conjunto Histórico de Pelotas. O conjunto é formado por quatro praças, um parque, a Chácara da Baronesa e a Charqueada São João – esta construída em 1810 por Antônio José Gonçalves Chaves, natural de Vila Verde do Ouro, Portugal. Gonçalves Chaves se instalou no Rio Grande do Sul em 1805 para trabalhar como caixeiro, fazendo rápida fortuna, a ponto de dez anos mais tarde, ser considerado um dos homens mais ricos da província. .

Juntos, apresentam valor histórico diretamente relacionado a, pelo menos, dois momentos de desenvolvimento econômico regional: o do charque (1800 a 1900) e o do início da industrialização (1900 a 1930). O valor artístico está presente nos remanescentes da arquitetura colonial luso-brasileira e da arquitetura eclética, especialmente no que diz respeito às composições de fachada e emprego de elementos decorativos, assim como pela qualidade dos elementos complementares e de acabamento.

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