Teatro português aborda educação sexual em São Bernardo

Mundo Lusíada

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>> Amélia Videira faz monologo da peça “Zen ou Sexo em Paz”, que aborda a falta de informação e educação sexual, partindo de pequenos fatos como menstruação e virgindade, orgasmo e impotência, e inseguranças.

Foi com o espetáculo “Zen ou Sexo em Paz” que a 100 ilusões Produções Culturais, de Aveiro, participou das comemorações dos 200 anos da vinda da corte portuguesa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Integrando a programação da Prefeitura Municipal, os portugueses trouxeram a peça monologa, com a atriz Amélia Videira, na noite de 23 de agosto, no Teatro Cacilda Becker. A portuguesa interpreta o texto do Prêmio Nobel de Literatura (1997), o italiano Dário Fo, um material escrito em conjunto com sua mulher e filho, e que ganhou repercussão principalmente entre os jovens italianos. Eles faziam cópias das suas histórias e assim nasceu a idéia de montar uma peça de teatro com o conteúdo, o qual ganhou vários nomes até os portugueses chegarem ao atual título. “Eles chegaram a conclusão de que o livro era importante para os jovens” diz Amélia Videira.

O texto defende a principal idéia de uma educação sexual aos jovens e que o sexo não seja tabu nas sociedades atuais. A peça relata, de forma cômica, o que pode provocar a falta de informação e educação sexual, partindo de pequenos fatos do dia a dia como a primeira experiência sexual, menstruação e virgindade, orgasmo e impotência, e as inseguranças.

Para Amélia, existe uma mistificação em relação ao sexo, com “idéias pré-concebidas, muita pornografia, muita promiscuidade sexual” e confusão entre afeto e o ato. “Fazer amor não é a mesma coisa que fazer sexo” defende. “O texto coloca questões mais profundas de forma simpática e risonha. Para pensarmos nas coisas sérias nós não precisamos pensar nelas com um ar de catástrofe. Temos que pensar nas coisas mais sérias com ar sorridente, porque o sorriso é a alma da inteligência” diz a atriz defendendo o assunto com seriedade e respeito.

O espetáculo já foi levado para muitos jovens em diversas escolas portuguesas. Fora do país, é a primeira vez que foi apresentado ao público. Depois de todas as apresentações, Amélia diz ser comum os jovens aparecerem com idéias falsas e pré-concebidas. “Há palavras que são pronunciadas no texto, e que alguns jovens por vezes me perguntam, ao final do espetáculo, o que aquelas palavras queria dizer” relata a atriz, exemplificando com seu neto de 13 anos de idade que já não faz tais perguntas, porque desde pequeno foi “devidamente” informado. “Nunca existiram tabus e todos os assuntos são conversados” conta.

Defendendo o conteúdo da peça, Amélia diz ainda que “é um texto internacional que toca a todo mundo, as pessoas tem dúvidas e coisas que não sabem” diz. “Educação é uma coisa que se vai fazendo ao longo do tempo e que começa de pequenino”. Para ela, em Portugal deveriam ter disciplina e especialistas da área respondendo aos jovens. “Não sou sexóloga, sou apenas uma atriz que compartilha com as pessoas um texto que considero importante. Porque acho que o teatro tem que ter essa função, cada vez mais”.

Representando Portugal nas festividades da Prefeitura de São Bernardo, o grupo esteve no Brasil para única apresentação em São Paulo, antes do retorno para Lisboa. A Cia. 100 Ilusões nasceu com um grupo de 4 pessoas, em Aveiro, com objetivo de “combater um situacionismo”, num local onde não se tinha um grupo de teatro para representar a sociedade nos palcos.

A empresa constitui hoje uma produtora e agenciadora de espetáculos, e esteve presente em São Bernardo, lisonjeada pelo convite da Prefeitura Municipal, nas comemorações dos 200 anos. “Escolhemos esta peça porque é um assunto de interesse de todos, e pelo espetáculo ser realmente bom e com um ótimo texto” defende o diretor Carlos Quintas. O grupo foi trazido para o Brasil pela produtora Creuza Borges e o Movimento Cultural Teatral e Artes (MCTA São Caetano), quem promove intercâmbios na área entre portugueses e brasileiros.

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