Rio e Salvador brigam por posse de documento

Da Redação

 

A carta original que determinou a abertura dos portos brasileiros, de 1808 e assinada por D. João VI, está numa disputa entre Rio de Janeiro e Salvador (Bahia).

Para o presidente do Arquivo Público da Bahia, Ubiratan Castro, o documento chegou ao Rio para uma exposição temporária, e nunca mais foi devolvido. Diante das comemorações dos 200 anos da vinda da família real, Castro volta a solicitar a devolução do “empréstimo”.

No Rio, o diretor do Arquivo Público Nacional Jaime Antunes diz que a reivindicação não procede e que não o devolverá. “O documento tem relevância nacional e está incorporado ao acervo histórico da União”.

Já o baiano diz que pedirá intermediação do presidente Lula. “Eu quero a carta de volta à Bahia. Além da alegação histórica, tenho argumentações técnicas. O documento foi elaborado e assinado aqui”, diz Castro.

E a desconfiança se alastrou. Temendo perder uma valiosa tela de Portinari, o presidente da Associação Comercial da Bahia, Eduardo Moraes de Castro, disse que só irá emprestá-la à Fundação Mariani, no Rio, se conseguir garantias de retorno por parte do governador Jaques Wagner.

Eles requisitaram a obra “A Chegada da Família Real a Bahia”, de 1952.

TransferênciaSegundo informações do Correio da Bahia, começou na segunda-feira, 18 de fevereiro, a transferência da importante tela para o Rio, para integrar uma exposição sobre a família real.

Para tal, foi feito um seguro de US$ 5 milhões à obra, durante o período em que estiver fora de Salvador, de acordo com o jornal. O retorno está previsto para 27 de junho. Para o empréstimo, um termo de comodato foi firmado com todo cronograma e pré-requisitos técnicos necessários. A preparação para o deslocamento pode levar até três dias.

O registro mais importante de 1808, o quadro de Cândido Portinari se encontra em exposição permanente há 36 anos no Palácio da Associação Comercial da Bahia. Propriedade da família do ex-ministro baiano Clemente Mariani, a tela foi encomendada em 1952 para integrar o acervo do Banco da Bahia.

“Para nós, independentemente do termo assinado, é a palavra do Pedro Henrique Mariani, que cuida dos negócios da família, que nos dá a segurança de que a tela retornará. Ele garante que o quadro só sairá daqui definitivamente se eles criarem a pinacoteca da família, que ficará na Bahia, como era a vontade de Clemente Mariani”, assegura presidente da associação Castro, ao Correio da Bahia.

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