Restaurado Convento do Carmo, que foi residência de D. Maria I no Rio de Janeiro

Da Redação

Após quatro anos de obras que restauraram as antigas características arquitetônicas, o Convento do Carmo, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), foi reinaugurado no último dia 24. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) investiu R$ 30 milhões na recuperação do prédio, que foi residência de D. Maria I, rainha de Portugal, depois que a corte portuguesa mudou-se para o Brasil em 1808.

O local vai abrigar o Centro Cultural da Procuradoria, com biblioteca, salão de exposições e bistrô abertos ao público.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, acompanhou de perto as intervenções. O imóvel foi tombado em 1964, com a inscrição no Livro do Tombo Histórico do Instituto.

Durante a cerimônia que marcou a conclusão das obras de restauro, PGE-RJ e Secretaria de Educação do estado assinaram um termo de cooperação para que alunos da rede estadual de ensino façam visitas guiadas ao bem cultural.

“Parabenizo a Procuradoria Geral do Estado pelo magnífico trabalho de recuperar e devolver à sociedade um dos mais emblemáticos ícones da nossa história. O Iphan participou de perto e é uma imensa satisfação ver realizada mais uma importante entrega”, celebra o superintendente do Iphan-RJ, Olav Schrader. “Aqui fica preservado para as futuras geraçōes o testemunho físico da época em que o Rio de Janeiro era capital de um Reino que se estendia pelos quatro cantos do mundo e na qual se criou os alicerces do Brasil independente. E, ao mesmo tempo, sua nova destinação enriquece a nossa cidade através de sua proposta cultural e educacional”, complementa.

“A PGE tem muito orgulho de ter recuperado esse patrimônio histórico e cultural da cidade. A conclusão da obra de reforma deste prédio, que viu o Rio de Janeiro nascer e foi residência da única mulher que assumiu o trono português, simboliza o renascimento do Centro da Cidade”, destacou o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux, referindo-se às atrações do Centro Cultural da PGE como mais uma opção de lazer cultural na cidade.

O restauro

Construído pelos frades carmelitas em 1620, o Convento do Carmo é um dos prédios mais antigos do Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos a edificação em estilo colonial passou por transformações, como a construção de um terceiro andar e a retirada de uma ponte que conectava ao Paço Imperial, situado à frente.

O escopo da obra recém-inaugurada contemplou o restauro de esquadrias, pisos, forros e pinturas. Também foram incorporadas novas soluções de acessibilidade, bem como melhorias nas instalações prediais e intervenções visando o conforto ambiental e acústico. O resultado é um projeto contemporâneo que não perde de vista as características históricas do prédio.

No andar térreo, a obra resgatou a originalidade dos arcos que emolduram os dois grandes ambientes, onde serão instalados o bistrô e o salão de exposições. No primeiro andar, os aposentos que serviram à D. Maria I tiveram o piso completamente restaurado, com tábuas de pinho de riga trazidas em navios da Europa. Também foram recuperadas a cor das paredes e as pinturas que adornam o ambiente.

O restauro também revelou a estrutura das paredes internas do primeiro piso, com vigas de madeira entrelaçadas. O recurso evidencia a preocupação dos europeus com os abalos sísmicos que devastaram Lisboa em 1755. A obra também descortinou uma delicada pintura na parede que imita uma divisória em madeira. Trata-se da técnica artística conhecida como trompe l’oeil (em francês), que cria uma ilusão de ótica e transforma a figura em três dimensões. Há, ainda, paredes erguidas com pedras coladas com óleo de baleia.

As escavações feitas no prédio para a instalação de novos sistemas de água e esgoto desenterraram dezenas de achados arqueológicos utilizados no dia a dia pela família real portuguesa: louças francesas e inglesas, garrafas de vinho, talheres de prata, moedas, pentes, cachimbos e fragmentos de cerâmica. Esses utensílios da família real serão reunidos e organizados para uma exposição permanente no próprio convento, a ser inaugurada ainda este ano.

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