Reforma Ortográfica: Prós e Contras

05/OUT/2007

 

Prós e Contras

 

Portugal quer entrada em vigor do Acordo Ortográfico em 10 anos.

 

Mundo Lusíada

O “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa” foi assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990, por representantes dos sete países lusófonos (hoje são oito, com a inserção de Timor Leste). Este acordo deveria entrar em vigor no ano de 1994, logo após a assinatura de todos os países de língua oficial portuguesa. Mas os anos foram passando “e nada dos sete países ratificarem” diz Lauro Moreira, representante brasileiro da CPLP.

E por nunca ter saído do papel que, durante a Cúpula dos Chefes de Estado em 2004, a CPLP lançou o Protocolo Modificativo do texto. Depois dele, o acordo já poderia ser colocado em prática com assinaturas de apenas três países, sem a necessidade de aguardar o mesmo procedimento de todos os outros membros. Brasil já havia ratificado em 2004, agora Cabo Verde e São Tomé e Príncipe acabaram por ratificar o acordo em 2006.

Para o gramático Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras, defensora da nova ortografia) nesta situação a reforma ortográfica dificilmente entraria em vigor nos outros Estados já que “os países africanos, de modo geral, seguem o que Portugal definir”. As autoridades brasileiras pretendiam já providenciar as alterações das reimpressões dos livros didáticos, dicionários e cartilhas, para que as novas regras chegassem o quanto antes às escolas. Neste processo, haveria um período de 2 anos de adaptação entre a antiga e a nova forma de escrever do português.

É ainda discutido no Brasil o custo destas tantas reimpressões. A Academia Brasileira de Letras defende. “Os livros de Portugal não precisarão passar por adaptação à grafia para chegar ao Brasil. Os brasileiros não precisarão passar por adaptação para ir a Portugal. É muito bom economicamente”, afirma Evanildo Bechara. A mesma opinião, de facilitação inclusive na metodologia de ensino, tem o assessor Carlos Xavier. “Nossos autores serão muito mais conhecidos porque os livros circularão com mais facilidade pelo mundo, já que não haverá necessidade de se publicar em duas versões do mesmo idioma”.

A principal intenção do projeto, além de simplificar a língua portuguesa, é aproximar a cultura destes 230 milhões de falantes no mundo. Com a unificação, espera-se ter uma maior divulgação, intensificando a projeção da língua no mundo, além de promover sua inserção em eventos internacionais e a definição de critérios para exames e certificados estrangeiros. “Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido”, afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

A participação do Brasil no projeto, por ser o país com o maior número de falantes da língua portuguesa, é fundamental para seu sucesso. Mas com a resistência dos portugueses, o seu objetivo inicial fica um pouco vago, admitiu o embaixador Lauro Moreira. “O Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua”. Discórdia em Portugal Enquanto o idioma português do Brasil teria 0,45% de mudanças, em compensação o português de Portugal seria 1,6% modificado. “Se mesmo no Brasil há gente, e não é pouca, que discorda da uniformização ortográfica, por ver nela uma agressão à diversidade cultural dos povos de língua portuguesa, imagine-se quanto o novo acordo ortográfico contraria os portugueses” diz o doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na ECA-SP, Manuel Carlos Chaparro.

E a mídia brasileira já divulga um possível atraso de 10 anos do já chamado “desacordo ortográfico”. Apesar de não ser uma declaração oficial, num artigo da ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, ela afirma que tendo este período de uma década para a entrada em vigor, o projeto “permite ao tecido editorial preparar-se com uma margem de conforto para este novo cenário (…)”.

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