Reforma Ortográfica: Brasil espera por Portugal

05/OUT/2007

 

Por Vanessa SeneDo Mundo Lusíada

Cerca de 230 milhões de pessoas escrevendo uma língua portuguesa uniforme. Este seria o propósito da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) entre os países membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste. Mas existem países hesitantes na mudança, o principal deles é Portugal.

O Brasil já aprovou e o Ministério da Educação esteve discutindo o prazo de implantação do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Ainda sem definição de quando realmente estará sendo difundido entre a sociedade, que por sua vez se divide entre os apoiadores e os críticos do projeto, seu intuito é a unificação da língua nos oito países, apesar de apenas três terem ratificado o acordo.

A Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa definiu sua introdução no Brasil, numa reunião a portas fechadas no Rio de Janeiro em 14 de setembro. Segundo o órgão do MEC, a nova ortografia não entra em vigor em 2008. O Brasil vai aguardar o acordo ser ratificado por Portugal.

A discussão entre intelectuais de universidades do país todo, representantes do MEC e do Ministério das Relações Exteriores, levou a decisão da mesma proposta inicial do projeto, a união. “Nós queremos marchar com Portugal. E não avançar sem ele”, afirmou o presidente da comissão e escritor Godofredo de Oliveira Neto. “Diplomaticamente, nós reavaliamos e vimos que o acordo, que era algo para unificar a ortografia, já nasceria desunido”.

Ao mesmo tempo, o Itamaraty deve iniciar uma campanha para convencer os países lusófonos, e principalmente o governo português, sobre a importância da unificação da língua. Assim, será possível entender por exemplo os motivos da resistência. “Como o espírito do acordo é o consenso, a CPLP discute uma data conveniente a todos os países para que a reforma ortográfica entre em vigor”, acredita o assessor especial do Ministério da Educação, Carlos Xavier.

Com intuito de beneficiar o intercâmbio cultural, o Brasil tenta um diálogo sobre o assunto para que os países lusófonos tenham uma força maior no mundo. Com a uniformização ortográfica, a emissão de documentos internacionais será mais facilitada, e a política de cooperação entre os países também deverá ser maior. A exemplo, Oliveira Neto citou o mercado editorial que poderia exportar livros didáticos.

Em 25 de setembro, a CPLP defendeu o projeto e criticou as dificuldades de implementação do acordo ortográfico. “Só assim se facilita a promoção, de uma forma sistemática, da língua portuguesa no exterior, que é um dos nossos três pilares. Desejamos que, o mais rapidamente possível, os sete Estados da CPLP, mais Timor Leste, que não estava presente quando se chegou a um consenso, ratifiquem o acordo”, afirmou à Lusa José Tadeu Soares, secretário-executivo adjunto da CPLP.

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