Portugal deve adotar nova ortografia até janeiro de 2010

Da Redação Com Lusa

Tiago Petinga/Lusa Portugal

>> O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, fala durante a apresentação do FLiP 7, que inclui, em opção, todas as alterações propostas pelo Novo Acordo Ortográfico, numa cerimônia na Biblioteca Nacional em Lisboa, 17 de Fevereiro de 2009.

O ministro português da Cultura, Pinto Ribeiro, quer que o acordo ortográfico, "o mais tardar em 1º de janeiro de 2010", seja aplicado "a nível oficial e em todos os meios de comunicação social".

Em entrevista à Agência Lusa, Pinto Ribeiro reafirmou a importância do acordo ortográfico para a estratégia que o seu ministério pretende implementar. Para o ministro, "quanto mais cedo melhor", mas elege a data como limite para a aplicação do acordo.

Contudo, entende que "há que evitar que a língua seja um processo de fragmentação e, pelo contrário, seja um processo de uniformização e expansão. Isto se faz por meio de um trabalho conjunto, solidários com todos os usuários".

Reconhecendo a importância da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Pinto Ribeiro quer "assegurar que, coordenadamente com os outros países, se avance no processo de ratificação do último adicional do acordo ortográfico, para conseguirmos ter uma escrita unitária do português".

Ainda segundo o ministro, "há muitos lugares onde as autoridades se recusam a ensinar o português porque não sabem se o hão-de fazer na versão escrita brasileira ou européia. Ora, "tudo isso fica resolvido através do acordo ortográfico", acredita.

Tecnologia Assim, uma arma fundamental é a produção de um corretor de texto, aplicável a várias plataformas de informática, que integra as novas regras da escrita em português. O ministro pretende ver o português como "língua de trabalho em todas as organizações internacionais". Neste sentido, "estamos, com o ministério das Relações Exteriores, a reformular o Instituto Camões para que seja desenvolvido este trabalho de expansão da língua" e que passará pela digitalização de conteúdos.

O ministro luso considera como "valor essencial, é fundamental para a defesa da língua que tudo esteja na internet: a ciência que existe em português, as técnicas, a literatura, os acervos, etc.", também porque "se não estiver na internet não terá possibilidade de se afirmar".

Com isso, ele afirma que "existe a necessidade de traduzirmos tudo o que existe noutras línguas para português. Com o apoio da Comissão Européia, estamos a trabalhar nesse sentido, como também estamos a traduzir autores portugueses para outras línguas".

Colaboração A palavra de ordem é "colaboração. Não faz sentido estarmos a digitalizar obras que já estão digitalizadas em sites brasileiros, porque temos de evitar redundâncias", afirma Pinto Ribeiro.

Ainda no mesmo âmbito, o ministro acredita que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que esteve preparando seu projeto de reformulação, tem de ser "dotado de meios". O ministro reconhece que o IILP tem "funcionado deficientemente, muito mal e muito pouco".

Porém, a culpa é "também dos países que não nomeiam as comissões linguísticas. São precisas comissões científicas, de escritores e pessoas associadas à língua, que possam trabalhar em conjunto com o IILP". Não estando estas comissões sequer nomeadas, "há um grande esforço para que isso aconteça", diz.

Para o ministro, só a colaboração com os outros países da CPLP, sobretudo o Brasil, poderá dar frutos significativos. "Somos dez milhões neste retângulo; seremos mais cinco milhões dispersos pelo mundo. Em 1960, havia 70 milhões de brasileiros e em 2008 há 190 milhões, isto é, o Brasil gerou mais falantes de português nos últimos 48 anos, do que nós geramos em 900".

Quanto aos críticos do acordo ortográfico, o ministro entende que "todas as pessoas são livres de escrever como quiserem". Mas pretende que "integrem a nova forma" e, por ele, "quanto mais cedo melhor".

Não deixa, no entanto, de deixar uma palavra aos que "trabalham com a língua cotidianamente – os grandes escritores, os poetas". Estes poderão escrever português como entenderem. O ministro garante que não levará a mal.

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