Palácio de Queluz exibe lista de compras da rainha Carlota Joaquina e filhas feita no Brasil

Da Redação
Com Lusa

Uma lista de compras de roupa, calçado, joias e acessórios de moda para a família real portuguesa, em Paris, datada de 1816, foi adquirida para o espólio do Palácio de Queluz, anunciou a Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML).

“Integrado na política de aquisições da Parques de Sintra para os monumentos sob a sua gestão, foi adquirido, para o Palácio Nacional de Queluz, um inventário do início do século XIX, com uma lista de aquisições de roupa, calçado, joias e acessórios de moda para a família real portuguesa”, segundo o comunicado divulgado.

A consulta do documento revela “os gostos e estilo requintado da rainha Carlota Joaquina” (1775-1830), que foi mulher de D. João VI, adianta a informação da PSML.

O manuscrito, com 71 páginas, é datado 20 de maio de 1816, e “tem encadernação em couro marroquino vermelho com gravação a ouro, e está marcado com as armas reais de Espanha, na capa e contracapa”.

Da lista constam joias, roupas, artigos de ‘lingerie’, sapatos, luvas, meias, cosméticos e acessórios, como por exemplo 560 lenços de mão, sapatos de seda bordados, meias “da melhor seda transparente”, leques de vários tipos em marfim, entre muitos outros artigos, adquiridos “aos principais estilistas, joalheiros e retalhistas de moda parisiense”.

As compras foram orientadas pela baronesa Ardisson, quando a família real Portuguesa se encontrava no Brasil, onde se refugiou das Invasões Napoleônicas.

“O documento permite obter uma boa noção da elegância e esplendor do guarda-roupa real no século XIX, e entender como a voluntariosa e controversa D. Carlota Joaquina queria estar alinhada com as tendências europeias”, assinala a PSML.

Esta lista fazia parte de numa coleção privada inglesa, e foi publicada pela primeira vez no catálogo da exposição “The S.J. Phillips Collection of Jewels of Portugal”, organizado pela Sotheby’s, em Lisboa, em maio último.

A diretora do Palácio Nacional de Queluz, Inês Ferro, afirma em comunicado que se trata de “um raro documento”, que se encontra “em excelente estado de conservação”, e que permite conhecer as “escolhas pessoais da rainha e das infantas”.

“Para a grandeza desta encomenda, processada em maio de 1816, terá também contribuído a circunstância de duas das infantas, suas filhas, estarem a poucos meses de partir para Espanha, onde em setembro contrairiam matrimônio com dois tios maternos: D. Maria Isabel, com o rei de Espanha, Fernando VII, e D. Maria Francisca de Assis, com D. Carlos Isidro”, infante de Espanha, conde de Molina e duque de Elizondo, filho do rei Carlos IV, e de Maria Luísa de Parma, irmão de Fernando VII.

Segundo Inês Ferro, este documento “é também fundamental para ajudar a compreender a iconografia e os retratos régios que o palácio de Queluz possui desta época, em que o ‘estilo império’ marcava a moda de então”.

Em 1816 morreu a rainha D. Maria I, no Rio de Janeiro, e Carlota Joaquina, filha do rei Carlos IV de Espanha e de sua mulher Maria Luísa de Parma, era já rainha, apesar da aclamação de D. João VI só ter acontecido dois anos mais tarde.

O manuscrito foi adquirido através da leiloeira Sotheby’s e do antiquário S.J. Phillips, e a PSML “não divulga o valor da aquisição para não influenciar futuros negócios”.

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