OS ARTISTAS PORTUGUESES NA BIENAL DAS ARTES DE SÃO PAULO:

Antonio ManuelOBRA: Curta-metragem “Semi-Ótica” e “Loucura & Cultura”Natural de Avelãs de Caminho, vive e trabalha no Rio de Janeiro, e espelha a realidade urbana do Brasil, assumindo um forte compromisso sociopolítico. Ao interferir no espaço do jornal, o artista explora o fato social como objeto artístico e inverte as hierarquias entre discurso oficial e fala pessoal. Em Semi-ótica, uma sequência de supostos criminosos mortos e suas fichas de identificação, desvela a ambiguidade inerente à urbanidade brasileira com contrastante afeto.

Artur BarrioArtista multimídia e desenhista, natural do Porto, trabalha no Rio de Janeiro. A obra de Barrio é feita, em larga medida, das Situações que cria em ambientes diversos: corpos e coisas postos em movimento que modificam um lugar e um instante. Na Situação T/T,1, realizada durante a ditadura militar, Barrio depositou trouxas ensanguentadas próximas a um córrego em Belo Horizonte, confundindo por algum tempo passantes e polícia e evocando o estado de exceção vivido no país. Também faz trabalhos que interrogam a sacralidade das instituições de arte usando materiais perecíveis, como sal, carne, madeira, peixes ou pó de café.

Carlos BungaOBRA: Lamp Natural do Porto, o artista que mora em Barcelona, Espanha, relaciona-se com o lado frágil e transitório da arquitetura. O artista produz instalações em grande escala a partir de uma pesquisa sobre as características históricas, identitárias e culturais dos espaços urbanos. Não raras vezes, seus ambientes trazem tinta, fita adesiva e papelão. Em Lamp, vídeo em que o artista destrói e reconstrói uma pequena lâmpada, aglomerando os seus estilhaços com fita adesiva, traz fatores de incerteza e de instabilidade da sociedade contemporânea.

Filipa CésarOBRA: “Memograma” e “Insert”Natural do Porto, trabalha em Berlim, Alemanha. Os temas que aborda, muitas vezes originários da sociologia ou antropologia, refletem sobre sua identidade social, política e cultural. É sobre os capítulos omissos da história do Estado Novo português que as obras mais recentes da artista se debruçam. Memograma é uma instalação constituída por dois filmes, um homônimo e Insert, além de uma série de fotografias. Toma como pretexto a história de Castro Marim, cidade na fronteira de Portugal com a Espanha, como suposto local de desterro e trabalhos forçados para homossexuais.

Maria Lusitano OBRA: The War CorrespondentDe Lisboa, onde vive, Maria Lusitano remonta fatos históricos, a artista faz filmes-ensaio, em que cria suas próprias versões para os eventos passados mesclando formas discursivas, fontes e referências diversas. Sua obra conta parte da vida do suposto primeiro correspondente de guerra, William Russell, que cobriu a Guerra da Criméia, nos Balcãs, entre 1854-1856. Traz efeitos sonoros de estúdio e um misto de animação de fotos e jornais de época, trechos de desenhos animados e filmes.

Pedro BarateiroOBRA: Platéia  De Almada, trabalha em Lisboa, seu trabalho professa um inequívoco conteúdo crítico e se estabelece entre a produção de desenho, fotografia, escultura, instalação, performance e texto. O seu trabalho varia entre os enfoques documental e ficcional, e gira em torno da reflexão sobre o modernismo e o pós-colonialismo.

Pedro CostaOBRA: “Minino macho, Minino Fêmea”De Lisboa, onde trabalha, o cineasta desenvolveu um método de criação em que desfaz os limites entre ator e personagem, cinema e vida. Filma sistematicamente lugares como Fontaínhas, bairro da periferia de Lisboa caracterizado pela construção informal e habitado por uma população muito pobre, em grande parte imigrante, com quem o artista cria relações de proximidade. No filme revela-se o que há de riqueza compartilhável nesse mundo despedaçado, entrelaçando ética e estética.

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