Obra de Ricardo Araújo Pereira vence prêmio de tradução em checo

Da Redação
Com Lusa

A obra “Estar vivo aleija”, do escritor e humorista português Ricardo Araújo Pereira, foi distinguida em abril com um prêmio de tradução literária na República Checa, segundo o Instituto Camões.

O Prêmio Hieronymitae Pragenses de tradução literária foi atribuído a Stepanka Hulaková, tradutora para checo de um excerto da obra “Estar vivo aleija”, naquela que é uma iniciativa promovida pelo Camões em Praga, e pela Universidade Carolina.

Para a vencedora, o prêmio foi um importante reconhecimento do seu trabalho, já que “traduzir humor é um dos maiores desafios” que um tradutor pode enfrentar.

“Durante o trabalho senti um enorme prazer ao tentar encontrar os equivalentes entre a língua checa e o português”. Os temas que Ricardo Araújo Pereira aborda são “bastante universais e também atuais[…], por isso acho que vale a pena trazê-los ao público checo, tendo em conta que o humor do autor, carregado de ironia e de sarcasmo, pode ser muito bem aceite pelos leitores da República Checa, onde há uma grande tradição de literatura de humor”, conta a tradutora, citada na página oficial do Instituto Camões.

O livro “Estar vivo aleija” é uma compilação das crônicas que Ricardo Araújo Pereira escreveu para o jornal brasileiro Folha de São Paulo, com o qual começou a colaborar em 2017.

Editado pela Tinta-da-China, este livro de Ricardo Araújo Pereira aborda temas tão diversos como o silêncio, o império dos telemóveis e das redes sociais, a liberdade de expressão ou a metafísica do pecado, em crônicas humorísticas, que muitas vezes se debruçam apenas sobre “trivialidades que não iluminam nada”, como o próprio refere numa das crônicas.

Pelo caminho, desmonta o mito da autoajuda e discute problemas de linguagem que “só a RAP [Ricardo Araújo Pereira] apoquentam” – descreve a editora -, como é o caso de certos anglicismos usados para designar quase todas as atividades físicas e desportivas.

Ao longo destas 69 crônicas, o autor questiona ainda intolerâncias alimentares contemporâneas e o intemporal complexo de Édipo, levanta questões prementes para os casais de hoje, como a escolha entre ter filhos ou ser feliz para sempre, e questiona-se sobre que papel desempenha no mundo a pessoa, a gente, o povo e a humanidade.

O objetivo deste prêmio de tradução é “estimular o interesse para a prática da tradução literária e ainda apoiar o desenvolvimento de redes de contacto entre os novos tradutores e casas editoriais da República Checa e Eslováquia”, refere o Instituto Camões.

Em edições anteriores, foram a concurso obras de autores como Bernardo Honwana, Daniel Galera, Herberto Helder, José Eduardo Agualusa, José Luís Peixoto, José Saramago, Ruben Fonseca e Sophia de Mello Breyner Andresen, avaliados por tradutores e acadêmicos lusitanistas.

A entrega do Prêmio decorreu no dia 26 de abril de 2019, no âmbito do VIII Colóquio Internacional da Língua Portuguesa de Praga.

Em futuras edições a competição passará a ser chamada “Prémio Pavla Lidmilová”, em homenagem à tradutora checa, falecida em janeiro de 2019, que traduziu Camões, José Cardoso Pires, Mário de Sá-Carneiro, Nuno Júdice, Eduardo Lourenço, Eugénio de Andrade, José Luandino Vieira, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Rubem Fonseca d Lygia Fagundes Telles, entre outros autores de língua portuguesa.

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