Nova rede de pesquisa estuda papel social das bibliotecas

Da Redação
Com Lusa

Uma nova rede vai reunir acadêmicos de várias universidades para estudar o papel social das bibliotecas e, em particular, as desigualdades sociais.

A criação da rede surgiu no âmbito da conferência internacional sobre “Bibliotecas Públicas, políticas culturais e leitura pública”, que decorreu na Casa dos Bicos, em Lisboa, na semana passada, e contou com mais de 60 participantes, nacionais e estrangeiros, com o apoio da Fundação José Saramago, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.

“Esta ideia surgiu há uns três anos, [para tentar] encontrar parcerias para fazer investigação sobre o papel social das bibliotecas na sociedade contemporânea, mas também alguns aspectos que têm a ver com a própria história das bibliotecas, no mundo ocidental, para entendermos o que é que hoje o leitorado – que é a expressão que mais gosto de usar – de uma biblioteca pública pode esperar de uma biblioteca”, afirmou a investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Paula Sequeiros, membro da comissão organizadora da conferência.

Assim, há várias questões que se propõem a estudar, como “o que é que [o leitorado] gostaria de ter, o que é que os bibliotecários podem oferecer? Ou então até aquela questão: para que é que servem as bibliotecas hoje?”.

“Não queremos enfocar nas questões tecnológicas, gestionárias, queríamos enfocar isto nas questões sociais e, em particular, nas desigualdades sociais”, disse a investigadora, que realçou que um dos primeiros compromissos da nova rede vai ser um novo encontro “para criar alguma dinâmica de trabalho interno”.

Paula Sequeiros lembrou que em Portugal é feita investigação na área das bibliotecas (por exemplo ao nível da história do livro, da sociologia da edição e da sociologia das bibliotecas) que não tem paralelo a nível internacional, algo que deve ser aproveitado.

A doutorada em Sociologia pela Universidade do Porto salientou a importância de aprofundar o estudo sobre “a promessa democrática da biblioteca moderna”, uma instituição “criada para todos, que nunca foi para todos e ainda hoje não é”.

“Há tanta, tanta gente que vai à biblioteca que, às vezes, nem é para ler, é para estar com outras pessoas. (…) Essa leitura em companhia e em interação moderada é muito importante. Tive uma vez uma leitora muito assídua que me disse, mais ou menos assim: ‘não sei o que seria de mim se não tivesse a possibilidade de ter um espaço para ler, um espaço para me recompor'”, afirmou Paula Sequeiros.

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