Música gratuita na internet é realidade no mercado luso

Da Agencia Lusa

Bandas como Os Pontos Negros, New Max ou Stealing Orchestra são alguns exemplos recentes de projetos portugueses que disponibilizaram na internet discos para download gratuito e legal, fenômeno visto "como uma resposta" e "uma realidade de mercado".

Bandas internacionais como Radiohead ou Nine Inch Nails marcaram tempos recentes da indústria musical internacional com lançamentos gratuitos e legais, via internet, de álbuns de originais.

Thom Yorke, vocalista dos Radiohead, descreveu a iniciativa à revista Wired como resposta ao fato de "todos os nossos últimos álbuns estarem disponíveis na internet de forma ilegal antes do seu lançamento oficial".

Em Portugal, foi lançado em janeiro "Phasasolo", primeiro álbum solo do cantor português New Max que disponibilizou na rede de forma gratuita o registro.

Na visão do cantor, "este não foi um projeto intencional desde o começo", tendo surgido "a diversos modos como resposta à experiência com os Expensive Soul, onde as nossas vendas de discos não correspondiam ao público que conquistamos ao longo do tempo", afirmou.

"Phasasolo" tem até ao momento contabilizados mais de 40 mil downloads de suas faixas, enquanto "o segundo disco dos Expensive Soul, que lançamos pela (gravadora) EMI, vendeu aproximadamente cinco mil discos", destacou New Max.

Liberdade Carla Simões, diretora da Universal Music Portugal, afirmou à Agência Lusa ver lançamentos deste estilo como "opções próprias dos artistas". "Cada vez mais os músicos têm maior liberdade para fazer o que querem, como se viu com os Deolinda que cresceram muito graças à internet", disse.

Simões confirmou o "crescimento imenso" do mercado de vendas online em Portugal. "Para o primeiro trimestre deste ano está prevista a abertura em Portugal de duas novas lojas virtuais que já funcionam a nível internacional", assegurou.

Já quanto ao crescimento de iniciativas como a de New Max, Simões considera que "são projetos impulsionados por iniciativas internacionais, como a dos Radiohead, mas que acabam por ir parar aos modelos tradicionais de mercado".

Lembrando que o Radiohead lançou numa primeira fase "In Rainbows", seu último álbum, de forma gratuita na web, acabando posteriormente por lançar em CD e vinil.

Música de graça Já João Mascarenhas, músico da Stealing Orchestra e responsável pela editora virtual You Are Not Stealing Records, disse que "o caminho da música gratuita e legal era inevitável".

"A Stealing Orchestra" – prossegue – "lançou até o momento dois álbuns em formato físico e uma série de EP virtuais, o primeiro em 2001".

O espírito destas edições, continuou, é o de "recuperar a atmosfera da troca de K7 que todos fazíamos nos anos 80, ao mesmo tempo que queremos afastar a idéia de que os discos gratuitos que editamos surgem não por não serem lançados noutro lado, mas sim porque têm qualidade e mérito por si mesmos".

Tiago Sousa, diretor da editora Merzbau, que complementa edições físicas de discos com lançamentos exclusivos e gratuitos na rede, considerou este fenômeno "uma realidade de mercado", mesmo "situando-se algo aparte no circuito devido às suas especificidades muito próprias".

Os Pontos Negros, Santos & Pecadores ou dR. estranho amor, que lançarão em 14 de fevereiro o seu single de estreia na internet, são outros nomes com repertório editados gratuitamente e de forma legal.

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