Vanessa Sene | Mundo LusíadaA cantora luso-caboverdiana não é sucesso somente em Cabo Verde. Lura, nascida em Portugal, já marcou presença em diferentes países e está sendo comparada a voz mais famosa de Cabo Verde, Cesária Évora. Neste mês de fevereiro, Lura incluiu o Brasil na sua turnê mundial e apresentou três shows em São Paulo. Depois, Lura e banda seguiu para apresentações na França, Austrália, Madrid, além da turnê em Cabo Verde que começa em abril.
Em entrevista ao Mundo Lusíada, a cantora falou sobre seu repertório caboverdiano, sobre seu público e a carreira que vem conquistando, sendo promovida como a nova voz de Cabo Verde no mundo. Confira a reportagem feita durante o primeiro show de Lura no Brasil, na Casa de Portugal de São Paulo.ML – Qual a sua primeira impressão do público brasileiro nesse seu primeiro show em São Paulo?Lura: Eu gostei muito, as pessoas estavam atenciosas, vi muitos sorrisos nas caras e gostei, para primeira impressão foi boa. Amanhã vai ser melhor ainda, e depois vai ser melhor.ML – Essa é a primeira vez que vocês vêm pra cá. Como foi incluir o Brasil na sua turnê mundial? Lura: Foi através do nosso amigo Aguinaldo Rocha, o nosso Cônsul de Cabo Verde aqui no Brasil. E ainda bem porque já era um país que eu gostava de conhecer há muito tempo. Em Portugal e em muitos sítios por onde eu passei diziam-me: ‘Você não conhece o Brasil? Você tem que cantar no Brasil! Claro, eu sei, estou cheia de vontade mas ainda não surgiu uma oportunidade’. Mas agora já surgiu e eu vou aproveitá-la ao máximo.ML – Você está sendo promovida como a sucessora da Cesária Évora e como a nova voz de Cabo Verde no mundo. Como você está vendo a repercussão do seu trabalho hoje?
Lura: Pela repercussão do trabalho, isso eu fico contente, pelas coisas estarem a correr bem. Não gosto quando dizem que sou sucessora da Cesária Évora, não gosto mesmo porque não sou, ninguém vai ser, porque ela é única, ela não vai desaparecer para haver outra a substituí-la. Ela está a traçar um caminho brilhante na música internacional, a valorizar a música e cultura de Cabo Verde. Eu sou mais uma menina que canta, que gosta realmente de divulgar as músicas, os diferentes ritmos de Cabo Verde, e espero traçar meu caminho da melhor maneira possível. É claro que essa repercussão e tudo o que está acontecendo me faz muito feliz, até porque eu nunca pensei em ser cantora, nunca esteve no meu imaginário ser cantora, e pra mim é uma diversão.ML – Você fez o lançamento do seu CD em Cabo Verde. Como você sentiu esse feedback dos caboverdianos?Lura: Em Cabo Verde, graças a Deus, eu sou muito bem tratada, ainda bem, se não fosse acho que eu morria! (risos). É o meu público especial, é música de Cabo Verde que eu faço, eu falo sobre o dia-a-dia de CV, a história de CV, as pessoas têm uma vida que eu gostava de ter. Então é muito importante que CV goste da minha música e gosta, ainda bem, e eu fico muito feliz por isso.ML – E hoje você está viajando o mundo, com a agenda cheia.Lura: Eu quando andava na escola, não sabia qual era o curso que eu ia escolher. Eu só sabia que queria escolher um curso que me desse liberdade, então escolhi desporto, me especializei em natação, e depois veio a música. Realmente a música é mesmo o que me dá liberdade, foi o inesperado da minha vida porque viajo por tudo quanto é lado, maior liberdade que esta não existe. Acho que consegui, sem querer, aquilo que eu procurava.ML – Existem muitos jovens caboverdianos que vem pra cá, principalmente para uma formação superior, porque em CV não existe este campo amplo. Como você vê essa realidade de CV e a importância do futuro desses jovens?Lura: Infelizmente, CV nem sempre dá aos estudantes oportunidades que eles precisam, em termos de infra-estrutura. E ainda bem que muitos têm a oportunidade de ir para fora, vêm para o Brasil, vão para Portugal, Rússia, Alemanha, e conseguem estudar. Isso é extremamente louvável, sobretudo aqueles que voltam a CV e vão enriquecer também CV, os que ficam fora também é uma opção certa. Eu acho isso uma força enorme porque é difícil sair da vila, os jovens realmente têm que ter boas notas, tem que ter possibilidade de sair e essa força de vontade é admirável, é adaptar então a um ambiente totalmente diferente de CV, estarem sozinhos, lutarem com as finanças, com uma série de dificuldades. Isto é extremamente louvável e realmente desejo tudo de bom para essas pessoas que estudam e querem se valorizar, e valorizar CV. Fico muito orgulhosa.ML – Pra você, é uma realização viajar o mundo levando Cabo Verde?Lura: É bom viajar pelo mundo fazendo a música que eu gosto, as pessoas recebem muito bem porque querem conhecer sons novos, músicas diferentes do mundo. Esta é a minha forma de viver Cabo Verde, já que eu nunca vivi em Cabo Verde”.
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