Joana Amendoeira e Carla Pires encantam público na Casa de Portugal de SP

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

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Em 27 de junho, a Casa de Portugal de São Paulo trouxe a fadista portuguesa Joana Amendoeira para uma apresentação, e esteve com bom público para essa noite de festas. A fadista recebeu no palco a cantora Carla Pires, ex-integrante do Grupo Quinteto Amália.

O Mundo Lusíada conversou com essa jovem fadista portuguesa, que esteve especialmente em São Paulo, para um show aos portugueses aqui residentes. “É um grande privilégio estar junto de pessoas que estão longe há tantos anos, mas que mantém essa ligação a Portugal e o gosto pelas nossas tradições. Sempre que cantamos para pessoas que tem essa saudade e esse orgulho de ser português, sentimos uma alegria imensa. As vezes em Portugal, as pessoas não dão tanto valor porque tem tudo mais próximo, o fado em qualquer esquina como em Lisboa. Essa empatia se sente para quem está no palco” diz Joana que gosta muito de cantar fora de Portugal.

Ela esteve primeiramente se apresentando em Barueri, para um público que gostou, alguns não conheciam fado, mas segundo ela, gostaram da experiência. Trouxe para acompanhá-la no Brasil um trio de fado tradicional, na guitarra portuguesa toca seu irmão Pedro Amendoeira, na viola de fado, Rogério Ferreira, no contrabaixo Miguel Menezes, além do pianista Felipe Raposo, também no acordeon, Bruno Fonseca na guitarra clássica, e Guto Sena, que é paulista, toca flauta e saxofone soprano. “Esse é um espetáculo com sonoridades diferentes, procuramos trazer os fados tradicionais, além de fados mais jovens, e espero que seja um momento mágico”.

Em outubro, Joana Amendoeira editou seu último disco, uma homenagem a José Fontes Rocha, um dos grandes compositores do fado, mestre da guitarra portuguesa. “Foi um avô para nós, a Carla também conviveu com ele, cantou no Clube de Fado muitos anos e com ele aprendemos muito. Ele faleceu há quase dois anos, naquele momento em que gravei o disco, tinha feito um ano e foi uma homenagem que quis prestar” diz a fadista sobre seu oitavo álbum lançado.

Começou muito jovem, não tinha completado seus 16 anos quando gravou o primeiro disco em 1998. “Tenho vindo a crescer como fadista, como pessoa e artisticamente se reflete. É um crescimento gradual, a escolher o repertório, e formar a minha personalidade musical que tem ficado mais madura com a idade também” declarou.

Além dos músicos, Joana trouxe mais uma voz amiga convidada, Carla Pires, que já esteve se apresentando na Casa de Portugal de São Paulo há 10 anos com o extinto Quinteto Amália.

A fadista Carla Pires, Selene Ramos, fadista Joana Amendoeira, e o presidente da casa, Antônio dos Ramos. Fotos: Luis Almeida
A fadista Carla Pires, Selene Ramos, fadista Joana Amendoeira, e o presidente da casa, Antônio dos Ramos. Fotos: Luis Almeida

Carla Pires, em entrevista ao Mundo Lusíada, falou sobre a vida no fado e o fado do seu início. “Cada fadista tem seus ídolos e referências, mas sem dúvida, Amália Rodrigues era a artista completa, por isso seja a referência da maior parte dos artistas”, comenta ela que integrava o Quinteto Amália, que terminou após a morte do maestro que era mentor do projeto. Desde então, Carla saiu em carreira solo, lançou seu último disco há um ano e meio, e já somam 20 anos de estrada.

“Este último disco dei um salto nesse aspecto de externar poemas e músicas que tinha feito, e decidi a apostar nas coisas que eu escrevo, acho que faz todo o sentido cantar e gravar coisas feitas por mim” diz a fadista, comentando “referências fantásticas” na poesia brasileira e “poetas maravilhosos”.

Segundo ela, a música brasileira está muito presente em Portugal mas o fado não é tão difundido no Brasil, uma indagação que os próprios fadistas se fazem. “Não há uma resposta, a os próprios produtores musicais e companhias de disco não apostam na divulgação da música. O que sinto é que os brasileiros, e contando com a comunidade portuguesa que cá está que é enorme e já em várias gerações, com certeza comprariam os discos, mas não há aposta na divulgação dos artistas. Os portugueses que não conseguem fazer esse investimento aqui e também não há produtores brasileiros que apostam na vinda dos portugueses, acho que tem muito a ver com isso” diz Carla, citando a recente vinda de Carminho ou Antonio Zambujo por exemplo, mas mesmo assim, uma vinda muito reduzida não só de fadistas mas artistas portugueses no geral.

“Muitos brasileiros vão a Portugal, e vão à casa de fado, e adoram, saem eufóricos. Falta apostar em produtores que queiram trazer e divulgar” defende.

Ao final, Carla comentou sobre essa participação, podendo acompanhar Joana Amendoeira numa apresentação em São Paulo. “É fantástico, conheço a Joana há muitos anos, e esse convite que ela me fez me deixou muito feliz, aceitei de coração. As nossas vozes, por serem diferentes, se completam muito no palco”.

 

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