Gestão do patrimônio em Portugal é exemplo para cidades brasileiras em Seminário

Da Redação

Goiás vai receber o Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial no Brasil, organizado, de 13 a 15 de agosto, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) do Brasil.

O seminário contará com a participação do Centro do Patrimônio Mundial e de especialistas estrangeiros de cidades reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Europa e na América Latina. O propósito é promover a troca de experiências que auxiliem a gestão de 14 sítios culturais brasileiros de excepcional valor para a humanidade.

O seminário terá apresentações de cases de sucesso, como o da gestão do patrimônio cultural em Portugal, que contribuiu para colocar o país como o quarto maior destino turístico da Europa.

António Ponte, diretor regional de Cultura do Norte do país, apresentará o caso da Igreja e Torre dos Clérigos, um dos pontos turísticos mais famosos e visitados do município de Porto. Em 2017, mais de 660 mil visitantes estiveram na torre de 250 degraus, que é o ponto mais alto da cidade.

Catarina Rosária Ferreira Machado Pereira, diretora da Casa da Memória de Guimarães, vai detalhar a experiência dos centros de Interpretação, conhecimento e cultura. Na cidade do norte de Portugal, cada um destes centros está integrado à arquitetura e aos valores do patrimônio cultural da região em que estão inseridos.

Um modelo semelhante já é adotado no Brasil – o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas (MG), já conta com o Museu de Congonhas, um Centro de Interpretação construído em parceria entre Iphan e Unesco, que, desde sua inauguração, em dezembro de 2015, já recebeu 152 mil visitantes.

A Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial se baseia na cooperação internacional para que os países possam preservar determinados bens que extrapolam as fronteiras do país e que são de importância para a compreensão do processo civilizatório da humanidade. No Brasil, 21 bens levam o título da Unesco, 14 inscritos como Patrimônio Mundial Cultural e sete bens como Patrimônio Mundial Natural.

Além de dar visibilidade aos destinos reconhecidos pela Unesco, o título de Patrimônio Mundial cria um compromisso internacional na proteção dos sítios culturais e naturais. O Conjunto Moderno da Pampulha, por exemplo, recebe cerca de 50 mil visitantes a mais, por ano, desde que foi reconhecido em 2016. Em 2017, mais de 191,3 mil pessoas foram visitar a Pampulha.

Exemplos

Goiás (GO), no Centro-Oeste brasileiro, é modelo de gestão e referência do maior programa de investimentos em Patrimônio Cultural no Brasil, o PAC Cidades Históricas. Com seis grandes obras de requalificação urbana concluídas nos três últimos anos, a cidade recebeu investimentos de R$ 30,3 milhões do programa. Por essa experiência de sucesso, o município foi escolhido como sede do Seminário.

Para Kátia Bogéa, presidente do Iphan, esta é uma oportunidade única de reflexão, com os gestores, sobre o verdadeiro papel do Patrimônio Cultural Brasileiro. “Os brasileiros estão aprendendo que o cuidado com o Patrimônio Cultural não engessa as cidades. Ao contrário, os bens culturais são vetores de desenvolvimento, pois são grandes atrativos e promovem os municípios, gerando emprego e renda e garantindo sua sustentabilidade, como já acontece em diversos centros urbanos da Europa, da Ásia e também das Américas”, conclui.

Ao fim do encontro, os ministros Sérgio Sá Leitão (Cultura), Vinicius Lummertz (Turismo), Edson Duarte (Meio Ambiente) e Alexandre Baldy (Cidades) assinarão, com a presidente do Iphan e os prefeitos de 14 cidades com sítios culturais brasileiros reconhecidos como Patrimônio Mundial, a Carta de Goiás, pacto pela continuidade de investimentos federais, estaduais e municipais na requalificação urbana de cidades históricas.

Criado em 2013, o PAC Cidades Históricas veio atuar diretamente em 44 cidades brasileiras, totalizando R$ 1,6 bilhão em orçamento previsto para 424 obras em edifícios e espaços públicos. Essas ações objetivam melhorar a qualidade de vida nessas cidades, por meio da revitalização de seus centros históricos.

Até o momento, 53 obras já foram concluídas e 71 estão em execução, além de outras 51 que estão com seus projetos aprovados e prontos para serem iniciados. O Programa também possibilitou a criação de um banco de projetos destinados ao Patrimônio Cultural, além de qualificação de mão de obra, geração de emprego e renda para as cidades e estímulo ao turismo e outras políticas transversais, como a educação e a produção artística e cultural.

Os 14 sítios culturais reconhecidos como Patrimônio Mundial, no Brasil, são:
• Brasília (DF)
• Cais do Valongo – Rio de Janeiro (RJ)
• Centro Histórico de Goiás (GO)
• Centro Histórico de Diamantina (MG)
• Centro Histórico de Ouro Preto (MG)
• Centro Histórico de Olinda (PE)
• Centro Histórico de São Luís (MA)
• Centro Histórico de Salvador (BA)
• Conjunto Moderno da Pampulha – Belo Horizonte (MG)
• Missões Jesuíticas Guaranis – no Brasil, ruínas de São Miguel das Missões (RS)
• Parque Nacional Serra da Capivara (PI)
• Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE)
• Rio de Janeiro, paisagens cariocas entre a montanha e o mar (RJ)
• Santuário do Bom Jesus de Matozinhos – Congonhas (MG)

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